Advogado de 22 vítimas de médico, pede para que Justiça não seja “frouxa”

O advogado José Beraldo, que representa 22 mulheres que teriam sido mutiladas pelo médico Josias Caetano dos Santos, que é investigado pela morte de Paloma Alves, que realizou uma hidrolipo na última terça-feira (26), afirmou que a morte de Paloma era previsível. “Era uma tragédia preanunciada”, diz o advogado, que já havia denunciado o profissional ao Cremesp.

Segundo o advogado, há casos de mulheres mutiladas e com cicatrizes enormes após a realização de procedimentos com o médico. “Mulheres que foram procurar beleza e encontraram o horror, a verdade é essa”, declarou o advogado.

Beraldo afirma que as primeiras denúncias contra o médico datam de 2018. “Várias representações no Cremesp foram arquivadas. Isso é um absurdo”, afirma o advogado, que questiona a postura do Conselho Regional de Medicina. “Se o poder judiciário, a justiça, o Ministério Público, o próprio Cremesp, se tivesse acatado os meus pedidos, ele já estava proibido de operar. É isso mesmo, ele coloca em risco todas as vidas”, completa.

O advogado defende a necessidade do médico ser julgado, e que deve responder por homicídio qualificado. “A nossa Justiça não pode ser frouxa”, enfatiza.

Em nota, o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) afirmou que, a partir dos fatos noticiados pela imprensa, está apurando o caso. “As investigações tramitam sob sigilo determinado por lei”, diz.

Em nota enviada à CNN na quinta-feira (28), a defesa do médico Josias Caetano dos Santos, afirma que ele vem sendo alvo, desde 2022, de uma campanha difamatória promovida pelo advogado José Beraldo. Na nota, a defesa afirma que as pessoas confundem erro médico com intercorrência.

“No que concerne à cirurgia, independentemente da finalidade, sempre haverá riscos, pois trata-se de um procedimento, ainda que minimamente, invasivo, no qual algo, necessariamente, será alterado no organismo. Com efeito, ainda que a técnica médica seja empregada de forma exímia, é possível que a paciente sofra alguma complicação, porque a resposta do corpo humano à cirurgia não pode ser precisada, razão pela qual nunca se pode determinar quais pacientes vão ou não sofrer uma intercorrência”, diz a nota.

Outras vítimas

Conversamos com Sonia Maria Costa, que denunciou a perda de dois mamilos após cirurgia de redução das mamas, realizada com o médico Josias Caetano dos Santos em 2020.

“Minha experiência foi péssima”, desabafa. Sônia conta que o médico aparentava ser atencioso e profissional, mas que, na avaliação dela, os cuidados do pós-operatório deixaram a desejar. “Ele só olhava, me mandava para casa e receitava pomadas e antibiótico”, relata.

Em outro caso, a fisioterapeuta Deise Faria pagou R$ 20 mil parcelados em um ano para realizar o que para ela era um sonho: uma abdominoplastia e uma mastopexia com prótese para melhorar sua autoestima. No entanto, as cirurgias resultaram em uma barriga necrosada.

Denúncias

O médico já responde a pelo menos 22 processos por negligência na Justiça de São Paulo.

Segundo o advogado José Beraldo, que representa as vítimas, há casos de mulheres mutiladas e com cicatrizes enormes após a realização de procedimentos com o médico. “Mulheres que foram procurar beleza e encontraram o horror, a verdade é essa”, declarou o advogado.

Médico já teve condenação por erro em cirurgia

Josias Caetano já foi condenado pela Justiça de São Paulo por um erro em uma de suas cirurgias. Em 2013, ele teve que indenizar em R$ 20 mil uma paciente por danos morais.

A cirurgia aconteceu em 2007. Segundo informações do processo, após amamentar três filhos, a vítima estava infeliz com o formato de seus seios e decidiu realizar uma cirurgia de implante de silicone para melhorar a autoestima. Conforme o registro, o procedimento foi realizado em um hospital da capital com Josias.

Em nota, o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) afirmou que, a partir dos fatos noticiados pela imprensa, está apurando o caso. “As investigações tramitam sob sigilo determinado por lei”, diz.

Morte de Paloma

Segundo o boletim de ocorrência obtido pela CNN, Paloma se submeteu ao procedimento estético na região das costas e abdômen, conhecido como hidrolipo, mas durante o atendimento, ela entrou em parada cardiorrespiratória irreversível.

Assim que entrou em parada cardiorrespiratória, o Samu foi acionado e ela foi socorrida ao Hospital Municipal do Tatuapé, onde chegou morta. Na unidade hospitalar, foi apontado como causa provável da morte uma embolia pulmonar.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, policiais realizam buscas para conseguir localizar e ouvir o médico Josias Caetano dos Santos, responsável pela clínica Maná Day, onde Paloma morreu. O médico era quem atendia Paloma quando ela começou a passar mal.

Segundo o marido de Paloma Alves, Everton Lopes, a empresária pagou cerca de R$ 10 mil reais pelo procedimento. Ele relata que Paloma passou mal e não recebeu manoras de reanimação de profissionais da clínica.

Em entrevista à CNN, o médico Josias Caetano, afirmou estar com a “consciência tranquila” e que quer que o caso seja “elucidado”.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Advogado de 22 vítimas de médico, pede para que Justiça não seja “frouxa” no site CNN Brasil.

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