Fotógrafo mineiro registra mais de 200 espécies de aves ao longo de 20 anos de carreira


No Dia Mundial da Fotografia, comemorado nesta segunda (19), o g1 mostra o trabalho do fotógrafo Sebastião Salvino, de Patrocínio. Segundo o profissional, ele fotografou cerca de 11% das aves do país ao longo da carreira. Sebastião Salvino fotografando a avifauna de Patrocínio
Sebastião Salvino Divulgação
O Brasil tem cerca 1.800 espécies de pássaros, sendo que a maioria da população vê poucas delas ao longo da vida. Agora imagine registrar mais de 11% delas através das lentes de uma câmera fotográfica.
O professor Sebastião Salvino, morador de Patrocínio, no Alto Paranaíba, foi o responsável por registrar mais de 200 espécies de pássaros ao longo de 20 anos.
No Dia Mundial da Fotografia, comemorado nesta segunda-feira (19), Sebastião contou ao g1 como a paixão em fotografar pássaros começou e o que o motivou a dedicação de duas décadas da vida a documentar a diversidade de aves em todo o Brasil.
Quem é Sebastião Salvino?
Todo grande sonhador começa nutrindo a imaginação desde a infância com livros, e com Sebastião não foi diferente. Ele aprendeu a ler e escrever as primeiras palavras aos 6 anos e, desde então, se apaixonou pela leitura. Como ele mesmo diz, os livros são “tesouros”.
“Os livros me abriram um mundo de encantamento, conhecimento e possibilidades. Tenho boas lembranças dos ‘Três Porquinhos’, ‘As Mais Belas Histórias’, ‘Tesouro da Juventude’, ‘Barsa’, ‘Seleções do Reader’s Digest’, ‘Revista Cruzeiro’, ‘Revista Manchete’, ‘Isto É’, jornais. Passei a colecionar livros e juntar outros tesouros.”
Após concluir a 8ª série, por morar na zona rural e por dificuldades financeiras, ficou anos sem frequentar a escola. Mesmo assim, continuou a estudar durante a noite, ouvindo rádios brasileiras e estrangeiras. “Juntava lazer com conhecimento, ouvindo notícias, música, política internacional, guerra fria, conquista da Lua, cinema, línguas.”
Depois de um tempo, voltou para a escola e, em 3 anos, concluiu o ensino médio e o técnico em Agropecuária. No entanto, sabia que não queria seguir na área agrícola, pois já conhecia profundamente as dificuldades que enfrentaria.
Mas, por não ter muitas opções, começou a lecionar Práticas Agrícolas em uma escola de ensino fundamental. A experiência, mais tarde, lhe garantiu o título de professor de Agricultura, Irrigação e Drenagem, Fitotecnia e Administração-Economia Rural por 43 anos na Escola Agrotécnica onde foi aluno.
🔔 Receba no WhatsApp as notícias do Triângulo e região
Com alunos da Escola Agrícola, numa aula em campo, explicando sobre Horticultura. Ano 1999.
Divulgação
Após o ensino médio, se graduou em História e Geografia, se especializando em História do Brasil, História Moderna e Contemporânea, Geografia e Metodologia do Ensino Superior. Sebastião concluiu o mestrado e encerrou o ciclo de estudos acadêmicos, priorizando o tempo com a família.
Segundo ele, “o gosto pela cultura e a necessidade de adquirir conhecimentos me levaram a transitar em várias áreas e isso foi prazeroso e útil.”
Por que fotografia?
A fotografia sempre foi um dos hobbies preferidos do professor. Sebastião contou que conheceu muitos retratistas, como eram conhecidos os fotógrafos antigamente, e ficou amigo de muitos deles. Graças a essas relações, foi incentivado a comprar a primeira câmera.
“O fato de ter nascido e vivido parte da minha vida em uma zona rural me deu o privilégio de ouvir o canto dos pássaros, vendo o sol nascer quase todos os dias, apreciar belas paisagens naturais com lavouras e diferentes ambientes, sentir o vento na cara, frio, chuva, admirar árvores, flores, frutos e bichos.”
Os elementos da natureza sempre foram o grande foco. “A exuberância da natureza é melhor que a gente.” Sebastião critica a moda dos celulares e smartphones, que, segundo ele, acabaram com a essência de registrar um momento.
“Para fotografar é preciso arte, ter o olhar, achar o foco, a pose. Acho que para fotografar tem que ser com câmera. Tirar retrato pode ser com celular”, disse o fotógrafo.
Além disso, também usa as fotografias como recurso didático para ensinar sobre as diferentes espécies de ave, características, hábitats e comportamentos.
Tyrannus savana, a tesourinha, alimentando o filhote.
Sebastião Salvino
‘Disseram que a minha filha não chegaria aos 3 anos’, diz mãe que idealizou corrida pela causa da atrofia muscular espinhal
‘Família do Campo’: novo programa do Faemg Senar leva serviços gratuitos ao produtor rural
Veja quem são os candidatos a prefeito e a vereador nos municípios do Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste
Por que Pássaros?
De acordo com Sebastião, por que não?
“São lindos, especialmente. São diferentes, variados em espécies, cores, tamanhos, comportamentos, ambientes, alguns difíceis de encontrar, difíceis de fotografar.”
Como ele mesmo diz, os “diamantes vivos” são a exuberância do mundo. Conhecê-los e admirá-los é o primeiro passo para valorizá-los e, em seguida, preservá-los.
Para fotografar a avifauna, Sebastião diz que tem a sorte de ser patrocienense. A região é permeada pelo cerrado, com fragmentos de Mata Atlântica, e tem, além da flora, uma rica fauna, com espécies comuns, incomuns e raras.
Só no município e em áreas vizinhas, ele registrou aproximadamente 200 espécies e mais de 2.000 imagens.
“Afinal, não há lugar melhor para registrar os pássaros do que a extensa diversidade de Patrocínio.”
Athene cunicularia, a coruja-buraqueira.
Sebastião Salvino
Embora seja belo e ansiemos por um dia poder ver algumas espécies raras de pássaros, Sebastião alerta sobre a importância da preservação. Se as coisas continuarem como estão, talvez um dia não possamos mais ver pássaros.
“O ser humano antigamente usava a natureza como fonte de subsistência para sobreviver bem e sustentar suas famílias. Após um longo tempo, o homem passou a querer mais e mais, pelo menos para se destacar no meio em que vive, mostrando que tem o poder nas mãos, e começou a explorar a natureza com ânsia de ambição.”
“Voar é um privilégio que os passarinhos possuem. Um privilégio e um direito. Voar com liberdade, naturalidade, planando, cortando o vento, mergulhando no espaço… e pousando numa árvore. Ah! Isso, somente os passarinhos conseguem!”
Processo da foto
Uns fáceis, outros difíceis, alguns quase impossíveis. Fotografar pássaros é uma arte que requer técnica, precisão, treinamento e paciência. Sebastião contou que para conseguir uma única fotografia de determinada ave, o processo pode levar meses.
As aves mais difíceis que o fotógrafo Sebastião Salvino fotografou foram a águia cinzenta e o pato mergulhão.
“Foi um privilégio fotografar essas aves, pois poucas regiões têm o privilégio de ser o hábitat dessas espécies e ainda poder contar com a presença de indivíduos.”
Outra ponto que é extremamente necessário para fotografar a avifauna é o desapego. Já imaginou ficar meses à espera de uma ave, e quando você a encontra, se posiciona, tira a foto, e, a foto não fica boa?
“Nestes casos, a única coisa que você pode fazer é tentar mais uma vez.”
Urubitinga coronata, nome científico da águia-cinzenta.
Sebastião Salvino
Qual a foto favorita?
Sebastião não tem uma foto favorita nem um pássaro preferido para fotografar.
“As favoritas são as resultantes de momentos inesquecíveis, de prazer, alegria, esforço e emoção.”
Veja abaixo algumas fotos favoritas de Sebastião Salvino. Outros trabalhos do fotógrafo também estão disponíveis em uma rede social ou no livro “Avifauna de Patrocínio.”
Galerias Relacionadas
*Estagiário sob supervisão de Guilherme Gonçalves.
📲 Siga as redes sociais do g1 Triângulo: Instagram, Facebook e Twitter
📲 Receba no WhatsApp as notícias do g1 Triângulo
VÍDEOS: veja tudo sobre o Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste de Minas
Adicionar aos favoritos o Link permanente.