Nelson Freitas e Eduardo Mossri: atores avaliam o ofício e as mudanças provocadas pela internet


Alto Tietê têm ainda outros profissionais que ficaram famosos, como a atriz Débora Nascimento, Ricardo Blat e Turíbio Ruiz. Nesta segunda-feira é celebrado o Dia do Ator. Eduardo Mossri em cena na peça Foxfinder – A Caça
Divulgação
No Dia do Ator é impossível deixar de lembrar dos profissionais do Alto Tietê que têm se destacado em um ofício tão sedutor quanto árduo.
Na lista estão Nelson Freitas e Eduardo Mossri que são de Mogi das Cruzes, a atriz Débora Nascimento que é de Suzano e o ator Ricardo Blat de Ferraz de Vasconcelos.
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Nascido em Poá, Turíbio Ruiz fez carreira na televisão e dá nome ao teatro da cidade. E Wilma Bentivegna embora tenha nascido em São Paulo viveu por muitos anos em Suzano.
Em uma data tão especial para a categoria, o g1 ouviu os atores Nelson Freitas e Eduardo Mossri sobre quais as mudanças que a internet provocou na arte que surgiu na Grécia Antiga e já passou por tantas etapas.
Internet ajuda ou atrapalha?
“Eu sou da teoria que todo mundo pode ser ator. Acho mesmo. Eu quero dizer isso de coração aberto: todo mundo pode ser ator. Mas viver do ofício de ator? Aí eu realmente acho que é para poucos”, é o que comenta o ator Eduardo Mossri ao falar sobre o momento atual da profissão.
Quando se fala em internet, as opiniões de diferentes profissionais podem ser divergentes. O ator Nelson Freitas concorda com Mossri quando o assunto é o momento em que tudo mudou: a pandemia foi crucial nesse processo.
“Depois da pandemia a gente se habituou a consumir o streaming e as plataformas estão cada vez mais necessitando de conteúdo. O que por um lado é uma coisa muito boa não só para o ator, mas pra toda a cadeia produtiva dentro do audiovisual. Então, para o ator especificamente eu vejo um momento muito bom por conta das oportunidades”, diz Freitas.
Nelson Freitas interpreta Herodes na Paixão de Cristo de Nova Jerusalém
Fábio Jordão
Mossri, porém, enxerga o outro lado, já que com essa mudança na maneira de produção com as grandes empresas não fazendo mais contratos longos e sim contratos por obras.
“Buscando ver o lado bom, eu acho que a internet ajuda na visibilidade, porque já a democratização do acesso. Então, a gente fica sabendo muito mais rápido e por diversas fontes sobre o que está acontecendo, os projetos e trabalhos e isso é um lado bom. Porém, junto disso vem também a qualidade das informações, de como elas chegam, com a questão das fake news”, pondera Mossri
E as mudanças no cenário já foram criticadas por atores que disseram ter perdido trabalhos por conta da falta de seguidores, como foi o caso relatado por Elle Fanning.
“Eu jamais mensuraria um ator pela quantidade de seguidores. Inclusive um ator não necessariamente precisa ter seguidores, né? Não precisa ter um perfil na rede social. Um ator precisa estar focado e centrado no seu trabalho de ator, que pode ser desenvolvido na televisão, cinema, no teatro. Mas eu jamais calcularia a capacidade de influência a visibilidade por atores terem seguidores”, ressalta Mossri.
O ator vê a internet como uma oportunidade de divulgação do trabalho, mas acredita diz ser mais da compreensão do trabalho de leitura de mesa, de proposição de projeto, da vivência do ao vivo e do teatro.
“Quero não ser romântico, mas dizer que pra mim o teatro é a arte do presente. De você estar presente. E a internet não estabelece dessa forma. Eu acredito que o teatro seja a base pra tudo: para televisão, para séries e, inclusive, para a internet”, completa.
Freitas reitera que é preciso ter cuidado com o que é extraído da internet.
“Às vezes, as pessoas confundem uma pessoa que é um influencer e a capacidade que ela tem de se comunicar com a profissão de ator. E isso não tem absolutamente nada a ver com o trabalho do ator, com o trabalho de interpretação”, afirma.
Ele lamenta ainda que muitas vezes a avaliação seja feita pela quantidade de seguidores – muitas vezes atrelada ao algoritmo que é “absolutamente inorgânico”.
“Ou seja, é um programa de computador. E programa nenhum jamais terá a capacidade de avaliar ou promover o encantamento que a arte dramática tem pra oferecer na capacidade e na potência de cada ator ou atriz”, finaliza Freitas.
Nelson Freitas fala da experiência de interpretar Herodes na Paixão de Cristo
Origens
Nelson Freitas tem quase 40 anos de carreira e Eduardo Mossri atua há mais de 20 anos. Mas, os atores têm uma semelhança: os dois nasceram em Mogi das Cruzes, no Alto Tietê.
A região, inclusive, é reduto de grandes nomes da dramaturgia, como Débora Nascimento que é de Suzano. Ela já fez novelas, como Eta Mundo Bão e Flor do Caribe, e cinema. Um dos últimos trabalhos da atriz suzanense é a série Olhar Indiscreto para uma plataforma de streming.
Ricardo Blat é de Ferraz de Vasconcelos e já atuou em diversas novelas, como Estúpido Cupido, Mulheres de Areia e Meu Pedacinho de Chão.
Outro ator conhecido é Turíbio Ruiz que nasceu em Poá em 1929. Ele foi ator, radioator, apresentador, locutor e dublador brasileiro. Turíbio morreu em 2020, aos 90 anos de idade, após sofrer um AVC.
Wilma Bentivegna nasceu em São Paulo, também em 1929, mas morou por anos em Suzano e morreu em 2015, em Mogi das Cruzes. Além de atriz, ela também foi cantora e apresentadora de televisão. Wilma participou da inauguração da TV no Brasil.
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