Poliomielite ameaça bebês que nascem na Faixa de Gaza

A falta de saneamento e de condições básicas de higiene colocam a população da Faixa de Gaza sob risco de surtos de poliomielite, indicam as autoridades de saúde palestinas.

Na sexta-feira (16), o Ministério da Saúde confirmou o primeiro caso no enclave palestino depois de 25 anos sem nenhum diagnóstico positivo.

Na cidade de Gaza, uma mãe teme que o seu filho de um mês, Mohammed, possa estar infectado com poliomielite. Apenas três dias após o seu nascimento, Mohammed, filho de Ghada al-Ghandour, começou a desenvolver erupções cutâneas.

“Ele tinha erupções cutâneas como se estivesse queimado”, disse ela.

Um médico disse a ela que não havia cremes para tratar seu filho.

Mais tarde, ela o levou ao Hospital dos Mártires de Al-Aqsa, em Deir al-Balah, no centro de Gaza, para buscar diagnóstico e tratamento.

A erupção alimentou os receios da sua mãe de que outros sintomas e doenças pudessem surgir devido à falta de higiene e de suprimentos médicos em Gaza, após mais de 10 meses de conflito.

Num comunicado, o Ministério da Saúde palestino confirmou que o primeiro caso de poliomielite na cidade de Deir al-Balah foi detectado num bebê de 10 meses que não tinha sido vacinado.

Da mesma forma, Mohammed não recebeu a vacina contra a poliomielite.

“Meu filho foi privado da primeira vacina no primeiro mês”, disse sua mãe.

A poliomielite foi detectada em esgotos nas províncias de Deir al-Balah e Khan Younis, em Gaza, disse o Dr. Hamid Jafari, especialista em poliomielite da Organização Mundial da Saúde, em 7 de agosto, acrescentando que era possível que o vírus estivesse circulando desde setembro.

Mais uma ameaça à saúde infantil

A poliomielite, que se espalha principalmente pela via fecal-oral, é um vírus altamente infeccioso que pode invadir o sistema nervoso e causar paralisia.

As crianças com menos de 5 anos correm maior risco de contrair a doença viral, especialmente as crianças com menos de 2 anos, uma vez que os regimes normais de vacinação foram interrompidos pela guerra.

“Se a ocupação (forças israelenses) continuar a fechar a passagem (da fronteira) e negar o acesso às vacinas, isso levará a um desastre de saúde”, disse Khalil al-Daqran, porta-voz do Hospital dos Mártires de Al-Aqsa.

Israel anunciou no domingo que facilitaria a transferência para Gaza de vacinas contra a poliomielite para cerca de um milhão de crianças.

Esperava-se que mais de 43 mil frascos da vacina chegassem a Israel nas próximas semanas e fossem enviados para Gaza, de acordo com um comunicado da COGAT, a agência de defesa israelense que coordenou questões civis com os palestinos. Isso seria suficiente para duas rodadas de doses para mais de um milhão de crianças, afirmou.

Mas Al-Daqran, do Hospital dos Mártires de Al-Aqsa, disse que uma campanha de vacinação não poderia acontecer sem uma pausa nos combates.

O ressurgimento da poliomielite “representa mais uma ameaça para as crianças na Faixa de Gaza e nos países vizinhos”, afirmou a OMS em 16 de agosto.

Quase metade dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza tem menos de 18 anos e cerca de 15% são crianças com menos de 5 anos, de acordo com o Gabinete Central de Estatísticas Palestino.

A guerra em Gaza começou depois que o Hamas atacou o sul de Israel, matando 1.200 pessoas e fazendo mais de 250 reféns, segundo registros israelenses. O número de mortos de palestinos mortos pela campanha militar israelense ultrapassou 40 mil, segundo as autoridades de Gaza.

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