Irmã de mulher morta a tiros pelo ex havia feito visita surpresa uma semana antes do crime: ‘Deus permitiu me despedir’


Nayara trabalhava em uma loja de roupas e como confeiteira. Mulher havia registrado boletim de ocorrência por violência doméstica e havia pedido medida protetiva contra o ex-namorado. Da esquerda para a direita estão os irmãos, Débora, Nayara, João e Nathalia Fonseca, de Boituva (SP)
Reprodução/Facebook
“Sorriso largo, que parecia que não cabia no rosto dela, algo que faz lembrar a Nayara é o sorriso, era inconfundível”, é desta forma que Nayara Dos Santos Fonseca, de 27 anos, é descrita pela família. A jovem foi morta ao ser baleada pelo ex-namorado que não aceitava o fim do relacionamento, em Boituva, interior de São Paulo, na madrugada deste sábado (17).
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Nayara era a terceira de quatro irmãos e a única dos filhos que ainda morava com os pais em Boituva. Uma de suas irmãs se mudou para a Alemanha, a outra irmã e o caçula foram morar em São Bernardo do Campo (SP).
A vítima era formada em administração e havia sido aprovada em um concurso público para atuar nesta área em uma UBS de Boituva, além disso, Nayara era confeiteira, trabalhava com a venda de roupas e ainda tinha o próprio negócio vendendo temperos nordestinos, no Centro da cidade. Ela também tinha um filho com o suspeito, um bebê de apenas 11 meses, prestes a fazer 1 ano.
Nayara Fonseca tinha um filho com o suspeito, um bebê de 11 meses
Reprodução/Facebook
Segundo a irmã da vítima, Débora Fonseca, que mora em São Bernardo, ela havia feito uma visita surpresa para Nayara uma semana antes do assassinato. A visita foi planejada para que juntas, as irmãs pudessem organizar a festa de aniversário do filho de Lala, como era chamada entre os parentes. A festa seria temática de circo, e Nayara estava juntando dinheiro há meses para a comemoração.
“Eu fui, cheguei lá brincando ‘tem pão velho aí?’, ela olhou e falou ‘a melhor coisa da minha vida chegou’. A gente dormiu abraçadas, uma amontoada na outra, com os nossos filhos, no outro dia fomos na feira comer pastel”, lembra Débora.
Nayara foi morta a tiros pelo ex-namorado em Boituva (SP)
Reprodução/Facebook
As irmãs eram bem próximas, principalmente por terem a personalidade parecida. Elas saíam juntas, compartilhavam roupas, maquiagens e iam desde pequenas para a feira, para vender os tradicionais temperos nordestinos na barraquinha da família, especificamente de Pernambuco (PE), que é o estado de origem dos Fonseca.
“Nossa família é muito conhecida em Boituva, meu avô, meu pai, formaram uma das primeiras barraquinhas na feira aqui da cidade e a gente ia lá quando precisava, não tinha tempo ruim com a Nayara, ela carregava caixas de feira, distribuía marmitas para quem precisava, qualquer pessoa vai falar bem dela e vai conhecer ela, ela era comunicativa, cresceu cidade”, lembra Débora.
Por ser uma pessoa conhecida na região, o assassinato dela causou comoção e familiares, amigos entre outras pessoas que se solidarizaram com o caso, publicaram mensagens lamentando a morte de Nayara e exigindo justiça.
Internautas se comoveram com morte de Nayara Fonseca, que foi baleada pelo ex-namorado em Boituva (SP)
Reprodução/Facebook
Dia do assassinato
Nayara saiu de casa na noite de sexta-feira (16), para ir comer espetinhos com uma amiga. Neste dia, segundo a irmã dela, ela foi importunada pelo ex-namorado com diversas ligações, até que acabou atendendo e sendo convencida a ir conversar com ele.
A mulher usou o carro do pai para ir conversar com o pai do filho dela, com o intuito de deixar claro o fim da relação entre eles, mas não teve esta oportunidade, pois foi alvejada por tiros enquanto ainda estava dentro do carro.
Nayara foi encontrada sem vida dentro do próprio carro em Boituva (SP)
Jornal Cidade de Boituva/Reprodução
Depois de cometer o crime, o suspeito, de 39 anos, fugiu e foi localizado pela Guarda Civil Municipal (GCM) na altura do quilômetro 99 da Rodovia Castello Branco (SP-280).
“Ele morou dentro da casa dos meus pais com ela, comeu da nossa comida por mais de 1 ano. Ele sabia respeitar, ele soube ‘se fazer’. Não sabíamos se amaçava ela ou não, mas ela era muito brava não ficava por baixo não. Ele vinha perto dela de moço bonzinho, desse jeito se aproximou e conseguiu fazer a maldade”, lamenta Débora.
O indiciado tinha permissão para ter a arma por ser Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC). À polícia, ele confessou o crime, foi preso em flagrante e levado para a delegacia de Tatuí (SP). A arma utilizada também foi apreendida.
Segundo boletim de ocorrência, a polícia identificou que Nayara havia registrado um boletim de ocorrência por violência doméstica contra o homem e solicitou medida protetiva. O suspeito deve responder pelo crime de homicídio qualificado e feminicídio.
Ele passou por audiência de custódia ainda no sábado e permanece preso em uma unidade prisional de Iperó (SP).
“Deus foi tão misericordioso, que ele me permitiu me despedir da minha irmã, pois fui visitar ela. Quando foi umas 1h53 do sábado ela mandou menagem para o meu pai assim ‘pai mais legal do mundo, estou indo embora’ e aí 2h ele [ex-namorado] matou ela”, lembra.
Arma utilizada no crime foi apreendida pela Guarda Civil Municipal (GCM) de Boituva (SP)
Reprodução/Jornal Cidade de Boituva
Velório e sepultamento
O corpo de Nayara foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) de Sorocaba e, segundo a funerária, foi liberado na noite de sábado. Segundo Débora, o corpo precisou ser reconhecido por ela e pelo irmão.
“Ela era muito honesta, muito trabalhadora e morreu de uma forma trágica. Era o eixo que unia a família e a gente tem que criar forças por causa do filho dela. Ela cresceu e morreu em Boituva, tinha um sorriso largo, que parecia que não cabia no rosto dela, algo que faz lembrar a Nayara é o sorriso, era inconfundível”, concluiu
Nayara foi enterrada na manhã de domingo (18), no Cemitério Municipal de Boituva.
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*Colaborou sob a supervisão de Carla Monteiro
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