Ano novo do caos no RJ: “Paguei R$ 2 mil para comer seis salgadinhos”, relata cliente de festa que virou caso de polícia

Uma festa de réveillon em um restaurante na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, virou caso de polícia. Um grupo com mais de 70 clientes que estiveram no evento pretende processar a organização pelas condições e serviços oferecidos.

A informação sobre as ações judiciais contra a produtora responsável pelo evento “Réveillon Ilha” foi confirmada à CNN pela advogada Amayris Azevedo, que também estava no evento.

No relato, a advogada contou que o local em que foi realizado a festa, o restaurante La Ilha Gigóia, apresentava lotação no deck e não contava com profissionais como bombeiros. “Não tinha guarda-vidas, pessoas caíram na piscina. Prometeram espaço kids e não tinha espaço kids. As crianças estavam deitadas em mesas”.

O restaurante La Ilha Gigóia disse, em nota, que o espaço foi alugado por um produtor externo, que seria o responsável por toda a organização. “Toda a negociação, divulgação e logística do evento foram conduzidas por este produtor, sem qualquer envolvimento direto da administração do La Ilha”, destacou o estabelecimento.

“Esclarecemos que o restaurante também foi vítima de um golpe, uma vez que confiamos nas garantias oferecidas pelo responsável pelo evento”, diz a nota. “Já estamos tomando as medidas legais cabíveis contra o responsável pelos prejuízos causados”, afirmou a administração do restaurante.

De acordo com os clientes entrevistados pela CNN, o produtor responsável pela festa é o empresário Bruno Pacheco, que se apresentava nas redes sociais como “Brunomundi”. A CNN tenta contato com o produtor.

“O pior ano novo em toda minha vida”

Nas divulgações pelas redes sociais, o evento prometia ser “Open bar” e “Open food”, ou seja, comida e bebida à vontade.

Em uma das imagens, a organização divulgou que haveria entradas como salgadinhos, comida japonesa, massas e café da manhã. Entre as bebidas, o evento prometeu opções alcoólicas e não alcoólicas, com direito a espumantes. Para ter direito, clientes pagaram valores entre R$ 450 e R$ 2 mil.

No entanto, os consumidores afirmaram à CNN que faltou comida e bebida na festa. “Não arcaram com a alimentação informada no ingresso, eu e meu esposo comemos quatro salgadinhos frios, apenas, na noite inteira”, contou a assistente administrativa, Angélica Batista. “Um descaso além do imaginável pelo valor pago”, completou.

A analista administrativa Leticia Rodrigues contou que pagou R$ 1.200 à vista, no final de novembro, para uma mesa e duas cadeiras, para ela e o namorado. “Chegando no evento, perguntei a moça que estava conferindo os ingressos como eu localizava minha mesa e ela me informou que eu devia perguntar ao garçom. Só que não tinha garçom na festa”, relatou.


“Tive que ficar procurando um papel colado à mesa com meu nome. E quando eu encontrei a minha mesa, não tinha cadeira”. No relato, Leticia também falou sobre a dificuldade de acesso à bebida e comida no evento. “Meu namorado teve que abordar o segurança para pedir água para mim. A água que era dele, de consumo dele”.

A autônoma Hillary Ferreira, que pagou cerca de R$ 2 mil, afirmou ter passado mais de uma hora em uma fila por comida e quando chegou a vez dela, o funcionário do evento disse que a comida tinha acabado. “Só consegui comer uns salgadinhos porque o meu namorado foi na cozinha e conseguiu um potinho com uns seis salgadinhos”, disse.

Hillary ainda contou que precisou ir embora mais cedo após o namorado passar mal. Segundo ela, não houve nenhum tipo de ajuda para prestar socorro ao homem, que teria ficado desacordado. “Eles se recusaram muitas vezes de ajudar a socorrer meu namorado. Falaram que não poderiam fazer nada”.

Além do problema com comida e bebida, e a superlotação, os clientes reclamaram da limpeza do local em que a festa foi realizada. Fotos enviadas à CNN mostram os banheiros com papéis higiênicos amontoados no lixo. “Banheiros sujos e sem limpezas após horas de uso do público. Não tinha limpeza durante o evento”, contou Angélica.

Outro ponto levantado pelos consumidores foi com relação a brigas no evento. Um vídeo registrou uma briga dentro de uma piscina. “Só que a pior (briga) foi na piscina, que foi generalizada. E só dois seguranças para conter”, relatou Leticia. Em um evento com cerca de 1.500 pessoas, ela disse ter visto quatro seguranças.

“O pior ano novo que tive em toda minha vida. Pagamos para termos uma virada boa animada, sem se preocupar com a alimentação e a bebida, e foi só decepção”, desabafou Angélica. “Nós pagamos para ter um réveillon divertido, mas só tivemos dor de cabeça e frustração”, afirmou Hillary.

“Foi frustrante, foi irritante. A gente com fome, eu lutando por uma água, a ponto de pedir a de outra pessoa para beber”, disse Leticia.

Segundo os relatos, o produtor do evento estava na festa e depois foi embora, sem prestar qualquer tipo de esclarecimento aos clientes. Depois do evento, os consumidores disseram que não conseguiram nenhum tipo de contato.

Próximos passos

A Polícia Civil do Rio de Janeiro informou que a 16ª Delegacia de Polícia da Barra da Tijuca investiga o caso. “Os envolvidos serão ouvidos e outras diligências estão sendo realizadas para esclarecer os fatos”, disse a polícia em nota.

Segundo a advogada Amayris Azevedo, na terça-feira (07), as vítimas vão protocolar ações contra os responsáveis pelo evento. Ela informou que entre as alegações que embasam as petições estão falha na prestação de serviço, danos morais e materiais e violação à segurança e saúde.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Ano novo do caos no RJ: “Paguei R$ 2 mil para comer seis salgadinhos”, relata cliente de festa que virou caso de polícia no site CNN Brasil.

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