Canadá prepara lista de tarifas aos EUA caso Trump inicie guerra comercial

O Canadá está preparando uma lista rigorosa de tarifas sobre os produtos americanos se o presidente eleito Donald Trump levar adiante os planos de adicionar um imposto de importação de 25% sobre produtos canadenses, disseram à CNN pessoas familiarizadas com o assunto.

Os planos mostram como o aumento das tarifas pode dar início a uma guerra comercial que, em última instância, elevará os preços de vários bens de consumo em todo o mundo.

As autoridades canadenses estão trabalhando em uma lista de produtos que os Estados Unidos exportam para o Canadá, visando itens que enviam uma mensagem política e infligem uma quantidade razoável de danos econômicos, disseram duas fontes.

Produtos de cerâmica, aço, móveis, certas bebidas alcoólicas, como uísque Bourbon e Jack Daniels, suco de laranja e ração para animais de estimação estariam incluídos na lista de itens que podem ser tarifados, disseram à CNN as pessoas a par dos planos.

Como último recurso, o Canadá poderia cobrar um imposto sobre os produtos de energia que o país exporta para os Estados Unidos.

No entanto, as fontes ressalvam que nada foi decidido ainda e que as tarifas podem acabar mudando ou não sendo impostas.

“Acho que temos que estar prontos”, disse Melanie Joly, ministra das Relações Exteriores do Canadá, durante uma coletiva de imprensa em Ottawa na sexta-feira, quando ela estava indo para uma reunião do gabinete para discutir a lista de tarifas retaliatórias.

“Acho que quando o presidente Trump fala, nós ouvimos e precisamos levá-lo muito a sério”, ressalta Joly, acrescentando que era importante que o presidente eleito e as pessoas que o assessoram soubessem que haveria consequências se ele impusesse taxas sobre os produtos canadenses e que o país tem ‘influência’.

As tarifas podem causar impacto nas empresas canadenses, que se preparam para uma guerra comercial com os Estados Unidos, de acordo com Goldy Hyder, CEO do Conselho Empresarial do Canadá.

Hyder disse à CNN que seus membros só foram ouvidos recentemente pelo governo e estão sendo questionados sobre as tarifas retaliatórias.

“Precisamos articular cuidadosamente como reagiríamos”, disse Hyder.

“Alguns dizem que devemos simplesmente espelhar as tarifas deles, outros dizem que devemos ser mais moderados em nossa resposta para chamar a atenção deles, outros dizem que devemos ‘fazer um grande movimento’ e responder com grande força”.

Hyder disse à CNN que os líderes empresariais canadenses estão se preparando para a presidência de Trump há quase um ano, mas ele observou que as implicações de cada estratégia ainda estão sendo analisadas.

Guerra comercial em ascensão

O anúncio parece ter sido feito para mostrar que Ottawa não tem medo de entrar em uma guerra comercial, que causaria impacto econômico real aos trabalhadores, empresas e aliados de Trump nos EUA.

O presidente eleito prometeu impor tarifas de 25% sobre o Canadá em seu primeiro dia no cargo, a menos que Ottawa resolva suas preocupações sobre o fluxo de drogas ilegais através da fronteira.

Ele argumenta que a melhor maneira de os canadenses evitarem a dor das tarifas dos EUA seria se unir aos americanos.

“Se o Canadá se unisse aos EUA, não haveria tarifas, os impostos cairiam muito e eles estariam totalmente seguros da ameaça dos navios russos e chineses que os cercam constantemente”, disse Trump em um post no Truth Social na segunda-feira.

O Canadá é o maior parceiro comercial dos Estados Unidos. Os americanos importaram US$ 419 bilhões em produtos canadenses em 2023, e representam também a maior fonte de petróleo estrangeiro para os EUA.

Durante uma coletiva de imprensa na terça-feira, Trump não descartou o uso de “força econômica” para viabilizar uma fusão e disse que os Estados Unidos não “precisam” de nada fabricado no Canadá.

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