Governo vê oportunidade para carnes brasileiras com surto de febre aftosa na Alemanha

O surto de febre aftosa em bovinos e suínos na Alemanha pode aumentar a procura pela carne brasileira, avalia o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua.

“A gente nunca torce pela desgraça dos outros, mas pode ter um impacto positivo para o Brasil. A Alemanha é um dos grandes exportadores de carne suína e bovina no mundo. […] É um espaço para que o Brasil possa trabalhar na carne bovina e ampliação da carne suína”, afirmou à CNN.

A Alemanha é responsável por grande parte das exportações globais desses produtos e é a principal fornecedora para mercados como Reino Unido, Vietnã e Coreia do Sul, onde a carne bovina e suína brasileira ainda tem pouco ou nenhum acesso.

Rua destacou que, em 2020, o surto de peste suína africana, uma doença viral que afeta porcos e javalis e não tem cura, mas não é transmissível a humanos, fez com que a Alemanha perdesse um terço de suas exportações de suínos para a China, principal parceira comercial.

Desde então, o país não se recuperou totalmente, reduzindo os envios de um milhão de toneladas anuais para cerca de 333 mil toneladas.

Para ele, esse histórico indica a possibilidade de o Brasil ocupar o vácuo deixado no mercado. No próximo mês, uma comitiva do Ministério da Agricultura visitará o Vietnã para promover os produtos brasileiros, incluindo carnes.

“Vou viajar para o Vietnã no próximo mês e tentar colocar o Brasil à disposição. Mostrar que, mais uma vez, o Brasil está disponível e com status livre de febre aftosa e, havendo necessidade, o Brasil pode fornecer carne suína e bovina com a melhor qualidade possível”, frisou.

Surto na Alemanha

A Alemanha registrou um foco de febre aftosa em búfalos na última sexta-feira (10), o primeiro desde a década de 1980, conforme confirmado pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). O surto envolveu um rebanho de 14 búfalos, dos quais três estavam infectados.

Ao identificar o caso, o governo alemão adotou medidas imediatas de contenção, como o abate de todos os animais infectados, a proibição temporária do transporte de espécies suscetíveis à doença e o rastreamento de rebanhos em um raio de três quilômetros do foco.

Como precaução, cerca de 200 suínos de uma propriedade próxima também serão abatidos.

A febre aftosa é uma doença viral altamente contagiosa que afeta animais de casco fendido, como bovinos, suínos, ovinos, caprinos e búfalos. Os sintomas incluem febre, salivação excessiva, perda de apetite e formação de bolhas dolorosas na boca e nos cascos, impactando a saúde e produtividade dos rebanhos.

Embora não represente riscos diretos à saúde humana ou à segurança alimentar, a febre aftosa pode ser disseminada por humanos que entrem em contato com animais infectados, produtos contaminados ou equipamentos agrícolas.

No Brasil, a febre aftosa não é registrada desde 2006, consolidando o país como referência global no comércio de proteína animal. Em maio de 2024, o Ministério da Agricultura declarou o Brasil livre da doença sem vacinação.

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