O trabalho de resgate a refugiados na rota mais perigosa do mundo

Nos últimos 10 anos, 26 mil pessoas perderam a vida tentando chegar na Europa. Há três anos de operação, o Médicos Sem Fronteiras já resgatou mais de 9 mil refugiados das águas do Mediterrâneo. Edição de 30/07/2024
Segundo as Nações Unidas, o mundo tem hoje 120 milhões de pessoas que foram obrigadas a sair de seus países, sendo 40% delas adolescentes e crianças.
O Profissão Repórter desta terça-feira (30) embarcou em uma missão de resgate do navio dos Médicos Sem Fronteiras na rota migratória mais perigosa do mundo, onde mais morrem refugiados. O trajeto é feito pela Costa da Líbia e da Tunísia, de onde parte a maioria das embarcações clandestinas com destino à Itália. Saiba mais abaixo.
‘Nunca sabemos o que vamos encontrar’
O trabalho de resgate a refugiados na rota mais perigosa do mundo
Nos últimos 10 anos, 26 mil pessoas perderam a vida tentando chegar na Europa. Os Médicos Sem Fronteiras evitam o pior. Há três anos de operação, o MSF já resgatou mais de 90 mil refugiados das águas do Mediterrâneo.
O Profissão Repórter acompanhou a missão 61, onde havia apenas um único médico presente: Mohammed Fadfalla, que veio do Sudão, um país do norte da África. Ele se mudou com a família para os Estados Unidos ainda criança.
“Quando eu decidi me tornar um médico, eu queria trabalhar em saúde pelo mundo. Estava influenciado por documentários que mostravam pessoas em situações de desastre, pedindo por um médico, então eu pensei: certo, um dia, no futuro, eu serei esse médico”, relata o médico do MSF.
A equipe do MSF também é composta por socorristas de diversos países.
“Durante o resgate, a situação é muito tensa, os refugiados estão muito assustados, já estão há muitos dias no mar. Muitas coisas podem dar errado. Cada resgate é muito diferente e nunca sabemos as condições em que estão as pessoas que vamos encontrar”, diz Pablo Lavandeira, socorrista do MSF.
Resgates flagrados
Operação do navio Médicos Sem Fronteiras faz resgate de refugiados no mar mediterrâneo
O Profissão Repórter acompanhou duas operações no mar. Na primeira, um bote inflável com cerca de 100 refugiados, incluindo mulheres, crianças e adolescentes, foi detectado pela tribulação.
Logo no início da complexa operação de resgate, uma embarcação da guarda costeira da Líbia aparece, com o intuito de coibir a ajuda humanitária e prender os imigrantes. Com medo da prisão e de se tornarem novamente vítimas de violência, os refugiados se jogam na água. Veja no vídeo acima.
“Eu estou aliviado porque todos foram resgatados, todos estão bem”, diz o médico do MSF.
O drama dos refugiados que tentam fazer a travessia do Mediterrâneo
Em outro momento da navegação, a equipe identificou mais um bote à deriva, com 15 sírios. Eles comemoraram após conseguirem ser encontrados. A Síria está em guerra civil há 13 anos.
“Nossos familiares foram presos por soldados dos dois lados do combate e nunca mais eles foram vistos”, relata um dos refugiados.
Chegada na Europa
Refugiados resgatados no Mediterrâneo chegam na Europa após dias no mar
Após longas jornadas, o navio desembarcou no porto da cidade italiana de Salerno. Lá, os refugiados são conduzidos até um centro de de imigração, onde podem dar entrada no pedido de asilo em diferentes países da Europa.
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