Tráfico de animais: mais de 22,2 mil espécies foram apreendidas em 2024

O combate ao tráficos de drogas, de armas e de pessoas estão sempre na mira das autoridades policiais. No entanto, outro crime voltado para o tráfico também está com atenção redobrada: o de animais silvestres.

O tráfico de espécies selvagens é, de acordo com a Comissão Europeia, o quarto negócio ilegal mais lucrativo do mundo, atrás apenas dos outros três citados. Estima-se que o lucro anual da atividade gire entre 8 bilhões a 20 bilhões de euros

E segundo a Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), uma Organização Social Civil de Interesse Público (Oscip), em torno de 38 milhões de animais silvestres são retirados ilegalmente da natureza brasileira todos os anos.

Em combate a essa atividade criminosa, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Polícia Federal têm realizado operações contra traficantes e para resgate dos animais, inclusive com repatriação.

Em 2024, os dados do Ibama mostram que 22.287 animais silvestres foram apreendidos e encaminhados aos Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), local responsável para receber os bichos e recuperá-los.

Os dados, extraídos do Sistema de Informações dos Cetas (SisCetas), que é gerido pela Diretoria de Biodiversidade e Florestas (DBFlo) do Ibama, não incluem animais provenientes de entregas voluntárias. O número é referente a animais apreendidos em diversas situações, desde venda em feiras à repatriação por tráfico. Não há, porém, dados de 2023 para ter comparativo de aumento.

Operações de resgate e repatriação

A repatriação é um processo de devolução dos animais ao país onde são nativos. Após esse processo, os animais passam por cuidados veterinários e reabilitação. Só após esse último, é que equipe veterinária e outros profissionais responsáveis pela reabilitação podem afirmar se os animais têm condições de voltarem a viver livres na natureza.

Assim, sempre que um espécime nacional, mesmo que não seja ameaçado de extinção no Brasil, sair de um certo país para outro, o Ibama é notificado para saber se foi retirado do Brasil legalmente, se tem origem legal. Isso porque o Instituto incorporou em seus procedimentos as orientações da Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies para avaliar e emitir Licenças de exportação/importação. Quando há a notificação – todo o animal que é transportado passa pela autoridade Cites nas aduanas –, o Instituto vai atrás do histórico do animal.

Quando não há origem legal, o Ibama resgata e repatria, como ocorreu em fevereiro do ano passado com 17 micos-leões-dourados e 12 araras-azuis-de-lear, que estavam no Togo, na África. Pelo fato de os animais estarem muito debilitados, o Instituto enviou, em caráter emergencial, duas médicas veterinárias e outros analistas ambientais para ajudar no trabalho de resgate. Os animais chegaram ao Brasil e foram para unidades de cuidados em estados do Rio de Janeiro e São Paulo.

Já em setembro passado, o Ibama apreendeu o total de 12 troféus de caça irregulares – sendo 11 cabeças de animais e uma ave taxidermizados – em uma residência pertencente a um caçador. A ação integrou a Operação Aqua Fortis, em parceria com a Polícia Federal, com foco no combate à lavagem de dinheiro proveniente da extração e do comércio ilegal de ouro em garimpos nos estados do Mato Grosso e do Pará.

Entre os itens encontrados estavam exemplares de espécies como hipopótamo, girafa, búfalo, gnu e leão. Apenas sete peças possuíam documentação regular de importação. O responsável pela residência ainda foi notificado a explicar a ausência de uma pele de zebra mencionada na documentação, mas que não se encontrava no local.

O Brasil é signatário da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies Silvestres Ameaçadas de Extinção (Cites), que regula o comércio de espécies cujo tráfico representa risco à sua sobrevivência. Animais como leões e girafas são protegidos pela Convenção, o que exige que sua importação seja devidamente documentada e aprovada pelos países envolvidos.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Tráfico de animais: mais de 22,2 mil espécies foram apreendidas em 2024 no site CNN Brasil.

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