Dermatologistas explicam reações de peeling que causou queimaduras e fez médica usar máscara cobrindo todo rosto


Isadora Milhomem, de 30 anos, fez um peeling para tratar acne e sofreu queimaduras de segundo grau no rosto. Profissionais afirmam que o risco está na combinação de produtos. Rosto de médica fica com queimaduras graves após peeling dar errado
O peeling para tratamento de acne, conhecido como AtaCroton, que causou queimaduras de segundo grau no rosto da médica Isadora Milhomem, ainda é considerado novo. Esse procedimento dermatológico é capaz de promover a renovação celular, sendo indicado para tratar rugas profundas, cicatrizes e hiperpigmentação, mas é considerado agressivo. O produto utilizado é resultado da combinação do ácido tricloroacético (ATA) e do óleo de cróton.
📱 Participe do canal do g1 TO no WhatsApp e receba as notícias no celular.
Em entrevista ao g1, a dermatologista Raquel Amastha explicou que o óleo de cróton também era adicionado ao peeling de fenol para aumentar a permeação e a penetração na pele de forma segura. “Agora com o fenol proibido, eles misturaram o ATA com o cróton. Mas é um procedimento novo, então a gente tem pouco domínio sobre ele”, explicou.
O peeling de AtaCroton foi aplicado na médica Isadora Milhomem por uma dentista em Goiânia (GO) no dia 14 de novembro de 2024. O procedimento custou R$ 8 mil e ela conta que os gastos com o tratamento após as queimaduras passam de R$ 10 mil. O nome da profissional responsável pela aplicação não foi informado e o g1 não conseguiu contato com a defesa dela.
“Ela me falou que eu tinha que entender que todo peeling gera uma queimadura de segundo grau. Que essa queimadura é esperada e é por isso que a pele se renova. Mas eu questionei que se o produto foi aplicado em todo o meu rosto, por que só na região onde eu tinha cicatrizes, tem as queimaduras?”, questiona Isadora.
LEIA MAIS
Médica sofre queimaduras graves no rosto após peeling e terá que usar máscara por seis meses: ‘Resultados eram falsos’
Médica pagou R$ 8 mil por peeling no rosto e diz que gastos com tratamento após queimaduras chega a R$ 10 mil
De acordo com a dermatologista Yasmim Pugliesi o problema não está no peeling, mas nas combinações de produtos. “O ácido tricloracetico é um produto utilizado há muitos anos dentro da dermatologia. O problema se encontra quando a gente começa a fazer combinações que não são conhecidas e não são estudadas e testadas cientificamente. Quando a gente começa a ter profissionais que não têm treinamento e habilidade para utilização desses produtos”, comentou.
Ela explica a combinação com o óleo de cróton torna o procedimento quase imprevisível.
“Quando ele é associado ao peeling de ATA, que é o ácido tricloroacético, ele acaba aumentando de uma forma quase difícil da gente ter controle da profundidade que esse peeling pode chegar na pele, aumentando muito o risco de complicações em decorrência dessa penetração exacerbada”, explica a dermatologista Yasmim.
Médica Isadora Milhomem usa máscara de compressão após sofrer queimaduras com peeling
Reprodução/Redes Sociais
Desabafo para ajudar outras pessoas
A médica compartilhou a experiência traumática nas redes sociais e o desabafo viralizou com vídeos que somam mais de seis milhões de visualizações. Ela conta que chegou ao perfil da dentista através de postagens no Instagram onde a profissional ostentava o resultado do peeling na pele das pacientes. Agora, Isadora espera que seus vídeos sirvam de alerta para outras pessoas.
“No perfil dela existiam diversos antes e depois de pessoas com muitas cicatrizes de acne e depois com a pele lisa. Eu olhava aquilo ali e falava ‘nossa, se esse rosto que era tão pior do que o meu em termos de cicatrizes, ficou assim, imagina o meu’. Hoje vejo que esses resultados eram falsos”, afirmou.
Arte mostra rosto de médica antes e depois de apresentar reações a procedimento
Arquivo Pessoal/Arte g1
Antes de desativar o perfil no Instagram, a dentista chegou a postar o “resultado” de Isadora. Mas segundo a médica, as fotos não mostravam a realidade de sua pele. A foto do ‘antes’ postada pela profissional foi tirada após a sessão de microagulhamento que antecede a aplicação do peeling, dando a impressão que o rosto tinha mais cicatrizes por estar machucado, e o ‘depois’ foi feito após a queda total da máscara oclusiva.
“Os dermatologistas me explicaram que é um ‘efeito Cinderela’. Logo que você finaliza o processo de um peeling, o rosto fica muito inchado por causa do processo inflamatório e dá aquele brilho, aquele aspecto de pele lisa. Ela postava um ‘pós’ imediato, quando a pele costuma ter um aspecto melhor. E essas complicações geralmente aparecem depois de 40 dias de procedimento”, comentou.
Além dos efeitos estéticos negativos e do desconforto causado pela máscara de compressão que precisa utilizar 24h por dia, Isadora também começou a sentir coceira e ardência na pele após as complicações. “Dói muito também. Tenho que passar algumas pomadas e na hora de passar é um terror, porque dói bastante, incomoda muito”, relatou.
Veja mais notícias da região no g1 Tocantins.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.