Affonso Romano de Sant’Anna morre aos 87 anos no Rio


O escritor e poeta tinha Alzheimer há 8 anos. Mineiro de Belo Horizonte, ele deixou mais de 60 obras em seis décadas de intensa produção. Affonso Romano de Sant’Anna morre aos 87 anos no Rio
reprodução JN
O escritor e poeta Affonso Romano de Sant’Anna morreu nesta terça-feira (4), no Rio de Janeiro. Ele tinha Alzheimer há oito anos.
Apaixonado pelo universo das letras, Affonso Romano de Sant’Anna descobriu desde cedo que a vida só faria algum sentido se tivesse poesia.
“As pessoas não percebem, mas estão se alimentando de poesia diariamente. As pessoas tiram poesia da música popular, tiram poesia da publicidade, tiram poesia de textos de jornal. As pessoas se alimentam de poesia até inconscientemente”, disse Affonso Romano.
Escreveu, estudou e ensinou literatura no Brasil e no exterior. Mas a poesia inspirou a parte mais conhecida de seu trabalho. Formado em Letras Neolatinas, defendeu no doutorado uma tese que virou livro e até hoje é referência sobre a obra do poeta e amigo Carlos Drummond de Andrade.
Mineiro de Belo Horizonte, Affonso Romano de Sant’Anna deixou mais de 60 obras em seis décadas de intensa produção. Dirigiu o Departamento de Letras da PUC-Rio, atuou como crítico literário, foi cronista do “Jornal do Brasil” e de “O Globo”.
“O escritor não é uma pessoa que tem ideias, o escritor é uma pessoa que tem ideias dentro de frases. Aquela frase é o conteúdo, é a matriz de uma coisa que pode ser desenvolvida”, disse Affonso Romano ao Memória Globo.
Na década de 1990, Affonso Romano de Sant’Anna presidiu por seis anos a Biblioteca Nacional. Entre suas realizações, está a implementação do Programa Nacional de Incentivo à Leitura, que existe até hoje em todo o Brasil.
“Era um olhar inquieto, profundo, de um grande intelectual, que buscava respostas para definir o nosso país, mas também não deixava de estudar o amor, não deixava de ter um olhar muito forte, como professor”, afirma Marco Lucchesi, presidente da Fundação Biblioteca Nacional.
Em nota, o presidente Lula disse que recebeu com tristeza e pesar a notícia da morte de Affonso Romano e se solidarizou com familiares, amigos e admiradores do escritor.
A Academia Brasileira de Letras prestou uma homenagem ao autor de ‘Que País é este?” (1980), considerado um dos mais potentes poemas sobre o Brasil.
Affonso Romano tinha 87 anos e morreu em casa, no Rio de Janeiro, pouco mais de um mês depois da morte de sua mulher, a também escritora Marina Colasanti.
“O Affonso Romano de Sant’Anna morre pouquíssimo tempo depois da Marina Colasanti, com quem ele viveu praticamente a vida inteira. Isso é a morte de um poeta, e é uma coisa comovente”, diz a escritora Heloísa Seixas.
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