População dos EUA vai cobrar caro por visão negacionista, diz Marina Silva

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou na segunda-feira (10) que a população dos Estados Unidos “vai cobrar muito caro” da visão negacionista promovida pelo presidente Donald Trump. A declaração foi feita em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.

De acordo com a ministra, as mudanças climáticas só podem ser combatidas pela comunidade internacional com ações multilaterais.

“Sem isso, a gente não vai conseguir dar conta do recado. E obviamente que a própria população americana vai cobrar muito caro dessa visão negacionista de não fazer o enfrentamento da mudança do clima, porque ela está sofrendo na pele os efeitos dos extremos climáticos, assim como todos nós”, disse Marina.

Na avaliação da ministra, há um “prejuízo muito grande” na decisão de Trump de retirar (novamente) os Estados Unidos do Acordo de Paris.

“É um prejuízo, sem sombra de dúvidas. E ainda tem algo que preocupa no sentido de que há uma força gravitacional no sentido de desestimular os investimentos climáticos e isso é preocupante, sim”, reiterou Marina.

No entanto, a ministra acredita que os estados governados pelo Partido Democrata devem dar continuidade aos investimentos empenhados para o combate das mudanças do clima.

Marina chamou a atenção ainda para o movimento de empresas que têm abandonado práticas de ESG (termo em inglês para Ambiental, Social e Governança) — uma maneira de avaliar as práticas das empresas com base nas suas políticas ambientais, sociais e de governança.

“Mas a gente já vê um prejuízo, por exemplo, várias empresas abandonando o discurso ESG. A gente já vê várias instituições financeiras também já saindo de seus compromissos, de suas alianças em relação à questão do financiamento climático, de ter critérios para financiar projetos”, continuou.

Por fim, a ministra voltou a reafirmar a importância do multilateralismo no enfrentamento às mudanças climáticas.

“Chegamos até aqui e agora temos até um esforço ainda maior que precisa ser feito pelo Brasil, pela África do Sul, pela Índia, pela China, pela União Europeia, por todos os países para que o multilateralismo prevaleça”, concluiu.

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