A Força Aérea da Ucrânia afirmou que um novo ataque com míssil e bombas guiadas russas atingiu a cidade de Sumy, no nordeste da Ucrânia, na noite de segunda-feira (14), um dia após um bombardeio ter matado 35 pessoas na cidade.
Autoridades locais disseram que o ataque com míssil ocorreu nas proximidades da cidade e não houve vítimas reportadas. Verificações estavam sendo realizadas para determinar a extensão de possíveis danos.
O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que dois de seus mísseis atingiram uma reunião de oficiais militares ucranianos no domingo (13) em Sumy. A Ucrânia chamou o ataque de uma ação deliberada contra civis.
Na noite de segunda-feira, uma declaração da Força Aérea Ucraniana disse que um míssil havia sido lançado contra Sumy e, dentro de 20 minutos, uma segunda declaração informou que aeronaves russas estavam lançando bombas guiadas sobre a cidade.
A emissora pública Suspilne reportou uma explosão, sem mais detalhes.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, falando em seu endereço noturno em vídeo, disse que o número de vítimas no ataque de domingo chegou a 35 mortos e 119 feridos. Quarenta pessoas estavam no hospital, com 11 em estado grave.
Zelensky afirmou que quase 50 países e organizações internacionais haviam enviado mensagens de apoio.
Em uma declaração, o Ministério da Defesa da Rússia acusou a Ucrânia de usar civis como escudos humanos, ao colocar instalações militares e realizar eventos envolvendo soldados no centro de uma cidade densamente povoada.
Não houve resposta imediata de Kiev à acusação de uso de escudos humanos.
O Ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha, afirmou que os ataques russos contra Sumy e a cidade de Kryvyi Rih demonstram que o presidente russo, Vladimir Putin, está buscando a continuidade da guerra, e não o fim dela.
O Kremlin, por sua vez, afirma que a Rússia está disposta a buscar uma paz duradoura que aborde o que chama de causas raízes do conflito.
A declaração russa disse que suas forças dispararam “dois mísseis táticos Iskander-M contra o local da reunião” de um grupo tático-operacional das Forças Armadas da Ucrânia.
Segundo o comunicado, mais de 60 soldados ucranianos teriam sido mortos no ataque.
O Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse ao jornal *Kommersant* que líderes militares ucranianos estavam reunidos em Sumy com “colegas ocidentais”, mas não identificou nenhum participante ocidental nem apresentou evidências para sustentar a alegação.
A agência Reuters entrou em contato com o Ministério das Relações Exteriores para comentar o assunto, mas não obteve resposta imediata.
Resposta forte
No domingo, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky exigiu uma resposta internacional firme contra Moscou pelo ataque, que ocorreu enquanto o presidente dos EUA, Donald Trump, enfrenta dificuldades para avançar em sua promessa de encerrar rapidamente a guerra.
“Apenas canalhas podem agir assim, tirando a vida de pessoas comuns,” disse Zelensky, observando que o ataque aconteceu no domingo de Ramos, o domingo anterior à Páscoa, quando muitos cristãos vão à igreja.
O chefe de gabinete de Zelensky, Andriy Yermak, afirmou que a Rússia está tentando “matar o maior número possível de civis.”
Já o ministro das Relações Exteriores, Andrii Sybiha, disse que Kiev está “compartilhando informações detalhadas sobre esse crime de guerra com todos os nossos parceiros e instituições internacionais.”
Os líderes do Reino Unido, Alemanha e Itália condenaram o ataque. Trump, ao ser questionado sobre o bombardeio russo, disse que foi terrível.
“E me disseram que foi um erro,” afirmou, sem dar mais detalhes. “Mas eu acho que é algo horrível.”
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, foi questionado em sua coletiva diária sobre como o Kremlin vê o comentário de Trump e se o ataque havia sido realizado por engano.
Ele respondeu que o Kremlin não comenta o curso da guerra, e que isso é uma questão do Ministério da Defesa.
“Só posso repetir e lembrar as declarações reiteradas tanto do nosso presidente quanto dos nossos representantes militares de que nossos ataques atingem exclusivamente alvos militares e relacionados ao setor militar,” afirmou.
Uma missão de monitoramento das Nações Unidas informou, em fevereiro, que pelo menos 12.654 civis ucranianos foram mortos nos três primeiros anos da guerra e 29.392 ficaram feridos.
O presidente francês Emmanuel Macron disse que o ataque a Sumy destaca a urgência de impor um cessar-fogo à Rússia, e o ministro das Relações Exteriores da Polônia, Radoslaw Sikorski, afirmou que Putin está zombando da boa vontade de Trump e de sua administração.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Ucrânia acusa Rússia de atacar cidade do sudeste pelo segundo dia seguido no site CNN Brasil.