Papa Francisco – o pontífice que marcou a história

 ‘Caríssimos irmãos e irmãs, é com profunda tristeza que devo anunciar a morte do nosso Santo Padre Francisco’. Essa foi a frase que o cardeal Kevin Farrell disse ao anunciar a morte do Papa Francisco, em um comunicado publicado pelo Vaticano no canal do Telegram nesta segunda-feira (21). Pegando todos de surpresa, um dia após a aparição inesperada no Vaticano no domingo de Páscoa, a notícia do falecimento do pontífice, de 88 anos, marcou o fim de um pontificado em prol da união e tolerância. 

O corpo do Papa Francisco, foi colocado em um caixão no fim da tarde local no Vaticano, 15h em Brasília, na capela da residência Santa Marta, onde morava desde a eleição. O anúncio foi feito pela Santa Sé. O cardeal Kevin Farrell vai ‘presidir o rito de certificação da morte e a colocação do corpo no caixão’, além da lacração do escritório e da residência papais.

Confira a seguir um compilado sobre a vida de Francisco, uma das figuras mais importantes do século XXI, começando pelas complicadas questões de saúde; infância; início do pontificado e últimos desejos.

Francisco e a saúde

Nos últimos anos, fieis de todo o mundo acompanharam a frágil saúde do Papa. Já nos anos 1950, ele teve uma grave infecção respiratória, tendo parte de um dos pulmões perdida. Neste ano, o Santo Padre ficou internado por 38 dias no hospital Gemelli, em Roma. O quadro principal era de bronquite, ficando hospitalizado até 23 de março.  

Em 2025, a primeira hospitalização foi no início de fevereiro, marcando o começo das dificuldades do Papa em discursar durante as audiências religiosas. Francisco chegou até admitir publicamente que estava com problemas respiratórias, deixando um auxiliar realizar a leitura do sermão.

Já em março, o pontífice sofreu uma insuficiência respiratória aguda, apresentando dois episódios da síndrome, precisando inclusive de ventilação mecânica não invasiva. Veja abaixo a matéria do Pix News que foi ao ar em 04 de março sobre a saúde do Papa.

Quando o Papa Francisco completou três semanas internado entre fevereiro e março, o Vaticano informou que ele “permanecia estável dentro de um quadro complexo”. Em em 12 de março, exames de radiografias mostraram uma evolução positiva no quadro do Pontífice argentino. Ele continuava recebendo oxigênio de alto fluxo de dia e máscara mecânica não invasiva durante o sono noturno. Na semana seguinte, após cinco semanas de pneumonia dupla, o Vaticano informou que o Santo Padre precisava ‘reaprender a falar’ após terapia prolongada com oxigênio de alto fluxo. Em 14 março, ainda hospitalizado, Francisco completou os 12 anos de seu pontificado.

Em 23 de março, Francisco deixou o hospital após 38 dias internado. A equipe médica afirmou que ele estava completamente curado da pneumonia dupla, mas ainda tinha a voz afetada e alguns vírus permaneciam em seu pulmão. O que foi acompanhado pelo mundo a cada aparição que Francisco fez após sua saída do hospital. Confira no site do G1 a linha do tempo completa da saúde do Papa Francisco.

O Papa Francisco chegou a fazer uma aparição na praça São Pedro, no domingo de Páscoa. Ainda com uma voz frágil, o jesuíta argentino desejou uma boa páscoa aos milhares de fiéis reunidos no Vaticano para celebrar a ressureição de Cristo. O Pontífice também se encontrou com o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, pouco antes das celebrações da Páscoa.

O dia 21 de abril

O Papa Francisco morreu aos 88 anos, às 2h35 pelo horário de Brasília, 7h35 pelo horário local. Segundo o comunicado, publicado no site de notícias do Vaticano, Francisco sofreu um derrame cerebral, ficando em coma e depois vindo a ter uma parada cardiorrespiratória irreversível.

Imagem: Remo Casilli/Reuters

Quem atestou o falecimento do pontífice foi o professor Andrea Arcangeli, diretor do departamento de saúde e higiene do estado da cidade do Vaticano, na declaração de óbito publicada à noite pela sala de imprensa da Santa Sé.

O documento médico afirma que o Papa apresentava histórico de insuficiência respiratória aguda (como citado acima) por pneumonia bilateral multimicrobiana, bronquiectasias múltiplas, hipertensão arterial e diabetes tipo II.

A constatação da morte foi realizada por meio de registro eletrocardiotanatográfico. 

“declaro – escreve arcangeli – que as causas da morte, segundo minha ciência e consciência, são as acima indicadas”.

Relembre ‘Jorge Bergoglio’

Em 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires, nascia Jorge Mario Bergoglio, que anos mais tarde se tornaria o Primeiro Papa Latino-americano da história. 

Jorge era o mais velho de cinco filhos e foi criado no bairro portenho de Flores, na Argentina. Aprendeu a falar piemontês, dialeto italiano, com seus avós – mais tarde ele afirmou que esta era sua língua materna. Desde de muito novo, Jorge esteve atento aos acontecimentos do mundo, tendo acompanhado as notícias da Segunda Guerra Mundial, que durou de 1939 até 1945, juntamente com seus avós que se horrorizam com as atrocidades de Adolf Hitler.  

Apesar das raízes italianas, o pequeno Jorge teve uma infância totalmente argentina. Aos domingos, ele ia com a família aos jogos do San Lorenzo de Almagro, clube no qual o pai jogava basquete e que ele se tornou um torcedor fiel. Jorge frequentava a missa com a avó na Basílica de San José de Flores e estudou em algumas escolas católicas. No internato salesiano, aos 12 anos, sentiu pela primeira vez a vocação sacerdotal.

Na autobiografia “Vida – Minha História Através da História”, lançada em abril de 2024, Francisco conta que chegou a conversar com um padre do internato sobre isso e fez algumas perguntas, mas que o desejo permaneceu adormecido, até se manifestar definitivamente nos anos 1950. Quando adolescente, Bergoglio se formou em técnico em química pela Escola Técnica Industrial e chegou a fazer estágio em um laboratório de análises químicas.

Jorge se formou em Filosofia na Universidade Católica de Buenos Aires, em 1960, e ensinou Literatura e Psicologia no Colégio Imaculada, na Província de Santa Fé, e no Colégio do Salvador, em Buenos Aires. Também se formou em Teologia em 1969 e foi ordenado padre aos 32 anos. Emitiu os últimos votos na Companhia de Jesus em 1973. Ele liderou a comunidade de jesuítas durante a década de 1970, em meio à ditadura militar argentina. Por seis anos, até 1986, foi reitor da Faculdade de Filosofia e Teologia de San Miguel.  

Em 21 de setembro de 1953, quando estava a caminho de um encontro com amigos, sentiu necessidade de entrar na Basílica de Flores, que costumava frequentar. Durante a confissão, ele conta que “algo estranho aconteceu”, mudando sua vida para sempre: “Eu estava maravilhado por ter encontrado Deus subitamente. Ele estava lá me esperando, antecipou-se a mim”, descreveu em sua autobiografia.

“Mais do que um piquenique com os amigos! Eu estava vivendo o momento mais bonito da minha vida, estava me entregando totalmente nas mãos de Deus!”

Após se recuperar de uma grave infecção que o levou a perder parte de um dos pulmões, ele entrou no noviciado da Companhia de Jesus, em 1958.

Imagem: Reprodução/Vaticano News – Jorge Mario Bergoglio, Papa Francisco, quando jovem 

A ascensão do Papa e seu papel nos conflitos

Francisco, como escolheu ser chamado, sucedeu o alemão Bento XVI, o primeiro Papa a renunciar desde a Idade Média. Durante os 13 anos de papado, Francisco optou pela transparência econômica e “tolerância zero” para abusos sexuais, respeitando as posturas mais tradicionais em relação ao celibato, aborto, casamento homoafetivo e homossexualidade. Crítico severo do neoliberalismo, do imperialismo e dos conflitos militares, o Papa argentino se identificou com uma igreja que pede acima de tudo justiça social. Uma igreja que defende os migrantes que fogem da guerra e da miséria e que é sensível à ecologia e à natureza. 

Francisco se posicionou muitas vezes sobre política internacional, denunciou a situação na Ucrânia desde o início da guerra e se ofereceu como um grande mediador. Também promoveu o diálogo inter-religioso, especialmente com o Islã. A batalha contra a cultura do abuso sexual cometido contra menores por membros da igreja foi um dos desafios mais dolorosos do papado. O líder católico se encontrou com vítimas e exigiu que os religiosos denunciassem os casos à hierarquia. 

Mesmo com a saúde frágil que o obrigou a usar uma cadeira de rodas, Francisco não parou de viajar levando sua mensagem a fieis de várias partes do mundo.

O desejo de Francisco

O Papa Francisco escolheu ser enterrado na Basílica de Santa Maria Maggiore, imponente igreja do século V, localizada no centro de Roma, onde sete pontífices já foram sepultados. Há mais de três séculos, os Papas costumam ser enterrados na cripta da Basílica de São Pedro. 

O último Papa a ser enterrado em Santa Maria Maggiore foi Clemente IX, em 1669. Outras personalidades também fizeram do local a morada eterna, como o arquiteto e escultor Bernini, autor da colunata da praça de São Pedro. Jorge Bergoglio, muito ligado ao culto da Virgem Maria, costumava rezar neste templo na véspera ou no retorno de cada uma das viagens ao exterior. O templo atual, uma das quatro basílicas papais de Roma, foi construído por volta do ano 432, a pedido do Papa Sisto Três, no monte Esquilino. O local abriga algumas das relíquias mais conhecidas do catolicismo como um ícone atribuído a São Lucas que retrata a Virgem Maria com o menino Jesus nos braços. Os fragmentos de madeira do berço do menino jesus também são mantidos nesta Basílica.

Francisco teve uma longa jornada, repleto de momentos que ficarão para história. Ele partiu deixando um legado não só para os milhões de católicos, mas, também para todo o mundo como um exemplo de ser humano. Durante seu pontificado, ficou conhecido por tentar aproximar a Igreja das demandas sociais e políticas contemporâneas, Francisco protagonizou reformas internas e propondo discussões inéditas no Vaticano.

Com informações de: AFP, VaticanNews, CNN e g1

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