O Ministério Público de São Paulo denunciou, nesta terça-feira (6), cinco pessoas ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC) por exploração de jogos de azar e lavagem de dinheiro.
Segundo o MP, os denunciados possuem “extensa ficha policial ou ligações com criminosos” e integram a organização criminosa “destinada à prática de delitos contra a ordem tributária, exploração de jogos de azar e lavagem de dinheiro“.
A denúncia é resultado da Operação Latus Actio, que investiga policiais civis por cobrança de propina a funkeiros e influenciadores que promoviam rifas ilegais nas redes sociais.
O órgão informa que, de acordo com a investigação, o grupo econômico Love Funk, que agencia artistas e produz shows de funk, realizou “diversas transações financeiras suspeitas” com a movimentação de “recursos superiores a sua capacidade financeira declarada/comprovada”.
A CNN teve acesso ao inquérito do caso. Entre os funkeiros investigados estão Silas Rodrigues Santos, o MC Brisola, e Davi José Xavier Paiva, o MC Paiva.
Paiva e Brisola: MCs são citados em investigação de extorsão de policiais
O Ministério Público destacou a quebra do sigilo fiscal, bancário e telemático de dois denunciados: um homem que cumpre pena pelo homicídio de “Gegê do Mangue” e “Paca”, ambos líderes do PCC, e outro que foi condenado a 15 anos de prisão por participar do roubo à sede do Banco Central em Fortaleza, da qual foram subtraídos R$ 150 milhões. As medidas evidenciaram que parte dos recursos movimentados pelo grupo vem do tráfico de drogas e outras atividades ilícitas.
Além da condenação dos investigados, a Promotoria de Justiça solicitou o reparo do dano moral coletivo, em valor mínimo de R$ 10 milhões, e a perda dos valores e bens, móveis e imóvei dos denunciados e das pessoas jurídicas.
A Latus Actio é coordenada pela Força Tarefa de Combate ao Crime Organizado (Ficco-SP) em parceria com o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo.
Operação Latus Actio
A primeira fase da Operação Latus Actio foi deflagrada em 12 de março de 2024, quando os agentes cumpriram 15 mandados de busca e apreensão nas cidades do Guarujá, Itu e Indaiatuba e na capital paulista.
Foram apreendidos mais de R$ 60 milhões em imóveis e veículos de luxo. O objetivo era recolher mais provas de crimes contra a ordem tributária, lavagem de dinheiro e outros delitos.
A “Latus Actio II” foi realizada no dia 12 de dezembro do ano passado, quando um policial civil foi preso. O funkeiro MC Paiva era um dos alvos das cinco ordens de busca e apreensão na segunda fase.
Segundo a polícia, os artistas que promoveram as rifas ilegais temiam que as investigações conduzidas pelos policiais suspeitos resultassem em ordens judiciais, que determinariam no bloqueio de seus perfis nas redes, principalmente no Instagram.
Por isso, os influenciadores teriam concordado a pagar propina aos agentes para evitar prejuízos econômicos e de imagem
A terceira fase da investigação resultou na operação da Polícia Federal que prendeu quatro policiais civis de Santo André, no ABC Paulista, no último dia 25 de abril. Os agentes eram lotados no 6° DP de Santo André.
Segundo a PF, os agentes investigados haviam instaurado procedimentos de Verificação de Procedência de Informações (VPI) para apurar a prática dos funkeiros – conduta que pode configurar contravenção penal por exploração de jogos de azar e crimes de estelionato e lavagem de dinheiro.
Porém, a investigação revelou que o verdadeiro objetivo dos policiais era a cobrança de propina aos investigados (funkeiros) e seus respectivos advogados, para não dar prosseguimento às apurações.
Este conteúdo foi originalmente publicado em MP denuncia cinco pessoas ligadas ao PCC por esquema de rifas ilegais no site CNN Brasil.