Desmatamento cai 14% na Mata Atlântica

Dados divulgados pela Fundação SOS Mata Atlântica nesta segunda-feira, 12, mostram que foram desmatados mais de 71 mil hectares de Mata Atlântica em 2024. O número representa uma queda de 14% em relação ao ano anterior, quando foram destruídos 82,5 mil hectares deste bioma que é o mais devastado do país.

Embora tenha havido uma redução, nas áreas de mata madura, a queda do desmatamento foi de apenas 2%. Mata madura é como são chamadas as áreas de floresta com pouca ou nenhuma interferência humana e que, por isso, são mais ricas em biodiversidade e estoque de carbono.

Segundo o Atlas da Mata Atlântica, a perda de vegetação nestas áreas caiu de 14.697 hectares em 2023 para 14.366 no ano passado. Isso representa a emissão de quase 7 milhões de toneladas de CO2 equivalente, um valor comparável ao total de emissões anuais do Distrito Federal, por exemplo.

Queda no desmatamento é insuficiente

A SOS Mata Atlântica divulgou, simultaneamente com o Atlas, dados do Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD), desenvolvido em parceria com o MapBiomas, que apontam uma tendência de queda no desmatamento, ainda que insuficiente. Essa é a avaliação de Luís Fernando Guedes Pinto, que é diretor-executivo da SOS Mata Atlântica. Segundo ele, as perdas continuam muito altas e avançam sobre matas maduras, que são insubstituíveis em biodiversidade e regulação climática.

“Em outras palavras, o desmatamento ainda representa uma grande ameaça para o futuro da Mata Atlântica. E esse é também o futuro de todos nós, já que o bioma abriga cerca de 70% da população brasileira e sustenta mais de 80% do PIB nacional. No contexto das crises globais do clima e da biodiversidade, das tragédias ambientais e das recorrentes crises hídricas no Brasil, a degradação da Mata Atlântica amplia o risco de colapso dos serviços ecossistêmicos essenciais à nossa qualidade de vida, à segurança alimentar e à economia do país”, afirmou.

Os dados do SAD também revelam que o total de alertas de desmatamento caiu, mas a área média devastada subiu de 11,2 para 12,5 hectares. “O tamanho das áreas desmatadas foi maior, o que sugere uma concentração de grandes empreendimentos. Além das ações de comando e controle, é necessário garantir a aplicação da Lei da Mata Atlântica ao autorizar atividades econômicas no bioma e nos encraves florestais da Mata Atlântica, especialmente do Nordeste”, afirma Marcos Rosa, que é coordenador técnico do MapBiomas.

Nordeste lidera

A situação mas crítica está nos estados do Piauí e Bahia, onde a perda chegou a 26.030 e 23.218 hectares respectivamente. No primeiro, a área total desmatada cresceu 44% em relação a 2023, mas houve queda na supressão de matas maduras. Na Bahia, ocorreu o contrário: enquanto o desmatamento total caiu 37%, a destruição das matas maduras praticamente dobrou, registrando um aumento de 92% – de 2.456 para 4.717 hectares.

O Rio Grande do Sul também registrou um salto, mas que está relacionado principalmente aos deslizamentos decorrentes das chuvas de maio de 2024. Os desastres naturais foram responsáveis pela maior parte dos 3.307 hectares perdidos.

São Paulo e Rio de Janeiro também foram impactados por eventos climáticos extremo, que causaram perdas em áreas protegidas. “O desmatamento provocado por efeitos climáticos já é mensurável e ameaça até mesmo Unidades de Conservação. Se não houver ação coordenada entre proteção, uso da terra e adaptação climática, continuaremos repetindo a equação do desastre”, diz Guedes Pinto.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Desmatamento cai 14% na Mata Atlântica no site CNN Brasil.

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