Mais seis investigadores da Polícia Civil de São Paulo foram denunciados pelo Ministério Público por integrarem uma organização criminosa que cobrava proprinas de influenciadores e funkeiros que divulgam jogos de azar e rifas ilegais nas redes sociais.
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) ofereceu à Justiça a denúncia contra oito pessoas, incluindo os seis policiais e uma advogada, na última sexta-feira (9).
Na última terça-feira (6), o grupo especializado do MP já havia denunciado cinco pessoas ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC), pelo esquema. A acusação é fruto da Operação Latus Actio, que buscou reprimir crimes praticados por meio de rifas promovidas e divulgadas na internet por pessoas com grande número de seguidores.
Sobre a denúncia de sexta-feira (9), o GAECO aponta que um dos acusados monitorava as redes sociais para identificar possíveis alvos do grupo. Os policiais envolvidos no esquema instauravam investigações contra os influenciadores e entravam em contato exigindo dinheiro para arquivar os procedimentos.
Os agentes são acusados de organização criminosa e corrupção passiva e ativa, com configuração de dano moral coletivo. Além das condenações, a Promotoria de Justiça pede que o Estado seja indenizado em R$ 700 mil.
Operação Latus Actio
A primeira fase da Operação Latus Actio foi deflagrada em 12 de março de 2024, quando os agentes cumpriram 15 mandados de busca e apreensão nas cidades do Guarujá, Itu e Indaiatuba e na capital paulista.
Foram apreendidos mais de R$ 60 milhões em imóveis e veículos de luxo. O objetivo era recolher mais provas de crimes contra a ordem tributária, lavagem de dinheiro e outros delitos.
A “Latus Actio II” foi realizada no dia 12 de dezembro do ano passado, quando um policial civil foi preso. O funkeiro MC Paiva era um dos alvos das cinco ordens de busca e apreensão na segunda fase.
Segundo a polícia, os artistas que promoveram as rifas ilegais temiam que as investigações conduzidas pelos policiais suspeitos resultassem em ordens judiciais, que determinariam no bloqueio de seus perfis nas redes, principalmente no Instagram.
Por isso, os influenciadores teriam concordado a pagar propina aos agentes para evitar prejuízos econômicos e de imagem.
A terceira fase da investigação resultou na operação da Polícia Federal que prendeu quatro policiais civis de Santo André, no ABC Paulista, no último dia 25 de abril. Os agentes eram lotados no 6° DP de Santo André.
Segundo a PF, os agentes investigados haviam instaurado procedimentos de Verificação de Procedência de Informações (VPI) para apurar a prática dos funkeiros – conduta que pode configurar contravenção penal por exploração de jogos de azar e crimes de estelionato e lavagem de dinheiro.
Porém, a investigação revelou que o verdadeiro objetivo dos policiais era a cobrança de propina aos investigados (funkeiros) e seus respectivos advogados, para não dar prosseguimento às apurações.
A Latus Actio é coordenada pela Força Tarefa de Combate ao Crime Organizado (Ficco-SP) em parceria com o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo.
Este conteúdo foi originalmente publicado em MP denuncia mais 6 policiais por pagamento de propina a funkeiros em SP no site CNN Brasil.