Líderes do espiritismo de MG falam sobre o legado de Divaldo Franco


Um dos maiores nomes do espiritismo no Brasil, médium morreu aos 98 anos em Salvador. Líderes de Uberlândia, Uberaba, Araxá, Divinópolis e Juiz de Fora falaram sobre a experiência vivida com o médium.
Mensageiro da paz, trabalhador incansável e exemplo para todos. É assim que o médium e escritor espírita Divaldo Franco pode ser definido, segundo líderes do espiritismo em Minas Gerais.
Divaldo Franco, que morreu aos 98 anos, lutava contra um câncer de bexiga desde novembro de 2024. Ele era reconhecido como um dos grandes líderes do espiritismo no país e deixou um grande legado para a doutrina.
E para falar sobre o legado deixado pelo médium, a TV Integração ouviu líderes do espiritismo em Uberlândia, Uberaba, Araxá, Divinópolis e Juiz de Fora.
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Relação familiar com Uberlândia
Livros com dedicatórias, álbum com várias fotos e médium hospedado em casa. Essa era a relação de Divaldo Franco com a família de Cleusa Rezende durante as diversas visitas dele a Uberlândia, registradas em mais de 50 anos de amizade.
“É uma relação longa, porque foi uma relação familiar. Ele foi um companheiro de vida e de trabalho da minha mãe e do meu pai. Eles, espíritas, os dois desencarnados. Mamãe colaborava com Divaldo daqui para Salvador. Ela confeccionava roupinhas para as crianças que ele adotava”.
“O Divaldo, cada vez que vinha aqui trazia para nós um conhecimento maior, uma reunião de amigos. Era mais um ensinamento que a doutrina espírita nos dá, que todos nós somos de uma família, uma família única que Deus nos colocou no mundo para o nosso progresso”, finalizou Cleusa.
Trabalhador incansável
Para o presidente da Aliança Municipal Espírita de Juiz de Fora, Geraldo Sebastião Soares, Divaldo Franco foi um trabalhador incansável do movimento espírita, deixando o legado de servir ao próximo.
“Como Jesus mesmo disse, ‘quem quiser ser o maior seja servidor de todos’, e ele executou com muita eficiência, muita eficácia. Não existe essa fronteira geográfica na dimensão espiritual, a dimensão espiritual demonstra que nós estamos todos juntos e que a gente caminha para uma unidade divina, ou seja, uma família só, todos iguais e trabalhando com a mesma finalidade para chegar ao Pai, então é essa a mensagem dele e que eu acho a maior. A morte é algo natural, ora nós estamos em uma dimensão, ora nós estamos em outra e Divaldo agora retorna para a dimensão espiritual. A gente precisa entender que a morte simplesmente é um momento extraordinário de meditação, de reflexão para que a gente possa perceber o que a vida espera de cada um de nós. Um dos princípios da doutrina espírita é de onde vim, o que estou fazendo aqui, para onde vou”.
Afeto e amor
Já a relação da Sociedade Espírita Joanna de Ângelis com o médium é de muito afeto e de muito amor devido à relação de amizade da fundadora Suely Caldas Schubert com Divaldo, que visitou Juiz de Fora pela primeira vez em 1959.
“A nossa casa foi fundada em 24 de janeiro de 1986 e a nossa relação com Divaldo, com a Mansão do Caminho e a nossa mentora Joana de Ângelis é de muito afeto e de muito amor, porque a fundadora dessa casa, Suely Caldas Schubert, é muito amiga do Divaldo, de muitos anos, e traz o Divaldo em Juiz de Fora desde 1959 e ele fazia muitos seminários aqui. Quando a casa foi fundada em 1986 nós aprofundamos mais essa relação e ele veio fazer seminários em vários lugares. A nossa ligação é de um afeto profundo e de uma gratidão profunda, tanto a Divaldo, quanto a nossa mentora, Joana de Ângelis. Divaldo sempre dizia que essa relação de amor atravessa os tempos.”
“Com a morte dele, tudo continua como está porque para nós espíritas a vida continua tranquilamente, então por exemplo, a nossa fundadora a gente sente a presença dela aqui, as orientações, assim como sentiremos essa presença de Divaldo. É uma trajetória de amor à humanidade. Ele é um missionário da paz e do amor. Ele conseguiu trazer para nós, ele conseguiu viver a fraternidade, o amor que Jesus traz para nós, esse amor ao próximo, então Divaldo viveu isso. Quando a gente entra na mansão a gente sente a energia do amor de Joana e de Divaldo, que se doou à humanidade. É renúncia e doação. Isso que foi a vida de Divaldo. Um exemplo a ser seguido. A gente procura viver, espelhar no caminho dele, porém a gente não consegue, claro, porque ele é um missionário. Pra chegar no patamar evolutivo deles temos uma longa estrada”, finalizou.
Divaldo Franco durante visita a Juiz de Fora
Sociedade Espírita Joanna de Ângelis
Mensageiro da paz
Presidente do Conselho Regional Espírita de Minas Gerais e da Aliança Municipal Espírita de Divinópolis, Eurípes Farley afirmou que Divaldo esteve na cidade do Centro-Oeste em 1991 e 2005.
“Divaldo é uma pessoa maravilhosa, o mensageiro da paz, trouxe para nós muitas responsabilidades, muitos compromissos, muito entendimento da mensagem de Jesus, um companheiro que realmente abraçou a causa do bem. A tarefa dele na mansão do Caminho de Salvador demonstra toda sua trajetória, 78 anos dedicados ao movimento espírita, a doutrina espiritual e funcional, de Jesus fazendo o bem e levando o bem a todas as pessoas”, disse Eurípes.
Exemplo para todos
Divaldo visitou a cidade do Alto Paranaíba várias vezes nos anos 1960, 1970 e 1980, segundo o presidente da Casa Espírita Francisco Caixeta, Carlos Humberto Martins. A última visita à cidade ocorreu em 2009.
E a ligação dele com Araxá ocorreu através de lideranças como Francisca Martins Oliveira, Sylvia Barsante e Delaci Ramos e gerou frutos para a cidade.
“Essa ligação delas com ele rendeu grandes feitos, como a criação do antigo Colégio Jesus Cristo, que foi incentivado por ele, e ele esteve na inauguração do colégio aqui. Também, a criação da Casa Transitória e incentivou a criação do Programa Entre a Terra e o Céu, que é vinculado numa rádio da cidade até os dias atuais”
“Ele era, também como o Chico [Xavier], um exemplo para nós. Ele falava e executava. A Mansão do Caminho, construída em Salvador (BA), que nos anos 50 ele iniciou, abriga milhares de crianças, que hoje são filhos de Divaldo, porque ele adotava como filhos, que são grandes médicos, advogados. É um aconchego, não só material, como espiritual, também”, finalizou Carlos Humberto.
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Trabalho em favor da humanidade
Para o presidente da Aliança Municipal Espírita, Nereu Alves, Divaldo Franco deixa como legado o trabalho em favor da humanidade.
“Nós acreditamos que Chico Xavier desempenhou o trabalho dele e, agora, Divaldo também completou a sua tarefa. Foram 98 anos nessa atual encarnação de trabalho em favor da humanidade. E nós com certeza acreditamos que todo esse trabalho em nome do Cristo, o Cristo está à frente e com certeza o Cristo não vai nos deixar órfãos e nós temos essa doutrina espírita para nos favorecer”.
Legado de Divaldo Franco
Divaldo Franco em entrevista em 2017
TV Bahia
Natural de Feira de Santana, cidade a cerca de 100 km de Salvador, ele dedicou mais de 70 anos ao espiritismo. Colheu os frutos de todo esse trabalho ao se consagrar como uma das vozes mais respeitadas na área.
Sua trajetória começou a ganhar destaque em 1952, quando fundou a Mansão do Caminho, localizada no Bairro de Pau da Lima, em Salvador. A entidade acolhe e educa milhares de crianças que antes viviam em condições de miséria extrema. Apesar de não deixar filhos biológicos, ele era reconhecido como pai de cerca de 685 pessoas que acolheu e instruiu ao longo dos anos na entidade espírita.
Na década de 1960, Divaldo iniciou a construção de escolas, oficinas profissionalizantes e atendimento médico, transformando a entidade em um grande complexo educacional. Até hoje, o espaço atende crianças, jovens e famílias inteiras de baixa renda, com atividades diversas, ensino fundamental e médio, cursos profissionalizantes e atendimento de saúde.
Todo o trabalho é mantido com a venda dos livros mediúnicos e das gravações de palestras, seminários, entrevistas e mensagens do próprio Divaldo. O médium é autor de mais de 250 livros, muitos deles psicografados a partir de histórias de diversos espíritos.
Ao longo da vida, Divaldo Franco participou de conferências em diversos países e fundou, em 1998, o evento “Você e a Paz”, de caráter ecumênico, que passou a reunir multidões para ouvir mensagens de união entre diferentes religiões.
Ele não deixou filhos biológicos, mas era reconhecido como pai por mais de 600 pessoas acolhidas pela Mansão do Caminho. 
Até 2018, o médium espírita já havia realizado mais de 22 mil conferências em 71 países e publicado 280 livros. 
Morre Divaldo Franco, aos 98 anos
Mansão do Caminho
Divaldo Franco durante conferência espírita no Center Convention em Uberlândia
Arquivo pessoal
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