
Ajuda era prevista pelo premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, mas tinha início incerto. Países europeus e OMS fizeram pressão para pronta retomada de ajuda humanitária em Gaza. Exército israelense mostra tropas em nova operação terrestre em Gaza
A Organização das Nações Unidas (ONU) receberam autorização de Israel para que cerca de 100 caminhões de ajuda humanitária entrem na Faixa de Gaza nesta terça-feira (20), informou um porta-voz do escritório humanitário da ONU.
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“Solicitamos e recebemos aprovação para mais caminhões entrarem hoje, bem mais do que os autorizados ontem”, disse Jens Laerke, porta-voz do escritório humanitário da ONU, durante uma coletiva de imprensa em Genebra. Questionado sobre o número exato, ele respondeu: “cerca de 100”.
Após um bloqueio israelense de 11 semanas, Israel liberou na segunda-feira a entrada de nove caminhões de ajuda humanitária em Gaza pela passagem de Kerem Shalom, embora Laerke tenha dito que apenas cinco deles de fato cruzaram a fronteira.
“O próximo passo é recolhê-los e, em seguida, distribuí-los por meio do sistema já existente — aquele que já se mostrou eficaz”, afirmou Laerke, acrescentando que os caminhões continham alimentos para bebês e produtos nutricionais para crianças.
As taxas de desnutrição em Gaza aumentaram durante o bloqueio israelense e podem crescer exponencialmente se a escassez de alimentos persistir, alertou um responsável de saúde da agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA), durante a mesma coletiva.
“Tenho dados até o final de abril e eles mostram que a desnutrição está em alta”, disse Akihiro Seita, diretor de Saúde da UNRWA. “E a preocupação é que, se a escassez atual de alimentos continuar, o aumento será exponencial, podendo sair do nosso controle.”
Ameaça de sanções a Israel
Os líderes da França, Canadá e Reino Unido pediram a Israel o fim de suas “ações escandalosas” na Faixa de Gaza e prometeram responder com “medidas concretas” caso a ofensiva militar não seja interrompida.
Em uma declaração conjunta, o presidente francês, Emmanuel Macron, e os primeiros-ministros canadense, Mark Carney, e britânico, Keir Starmer, condenam a “odiosa linguagem usada recentemente por membros do governo israelense” e advertem que o deslocamento forçado permanente de civis viola o direito internacional humanitário.
Eles também reforçaram a pressão para que o governo israelense permita a entrada de ajuda humanitária no território. Nesta segunda, pela primeira vez em mais de dois meses, Israel permitiu a entrada de caminhões, mas a ONU considera a quantidade insuficiente.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, o presidente francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer
Leon Neal/Pool via REUTERS
Os três líderes prometem que não ficarão “de braços cruzados” enquanto o governo do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, “continua com essas ações escandalosas”.
“Israel sofreu um atentado atroz em 7 de outubro. Sempre apoiamos o direito de Israel de defender os israelenses contra o terrorismo, mas esta escalada é totalmente desproporcional. Se Israel não puser fim à nova ofensiva militar nem interromper suas restrições à ajuda humanitária, adotaremos outras medidas concretas em resposta”, disseram os líderes, sem informar quais seriam essas ações.
Sobre a conferência prevista para 18 de junho em Nova York sobre a solução de dois Estados, prometem “trabalhar com a Autoridade Palestina, os parceiros regionais, Israel e Estados Unidos para alcançar um consenso sobre as disposições para o futuro de Gaza, baseado no plano árabe”.
“Estamos decididos a reconhecer um Estado palestino como contribuição para a realização de uma solução de dois Estados, e estamos dispostos a trabalhar com outros para tal fim”, acrescentaram os líderes da França, Canadá e Reino Unido.
Israel busca tomar o controle deste território palestino para derrotar o grupo terrorista Hamas, que atacou o solo israelense em 7 de outubro de 2023. O atentado deixou 1.218 mortos e 251 pessoas foram sequestradas, de acordo com uma contagem baseada em dados oficiais israelenses.
Dos reféns levados para Gaza, 57 continuam cativos, embora 34 tenham sido declarados mortos pelo exército israelense.
Segundo o último relatório do ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, a ofensiva israelense já deixou mais de 53.486 mortos no território, número considerado confiável pela ONU.