O dólar e as ações de empresas americanas caíram ao redor do mundo com o retorno da guerra comercial de Donald Trump. O presidente dos Estados Unidos voltou a ameaçar aliados e empresas com tarifas contra produtos não fabricados no país.
Trump anunciou taxas de 50% para mercadorias vindas da União Europeia a partir do dia primeiro de junho. O bloco é o maior parceiro comercial dos americanos, com quase US$ 1 trilhão em transações comerciais.
O republicano voltou a repetir o discurso de que os europeus impuseram barreiras comerciais contra os Estados Unidos e apontou que as negociações com o bloco não estão indo “a lugar algum”.
“Não estou buscando um acordo. Já definimos o acordo — é de 50%. Mas, outra vez, não terá tarifas se eles construírem fábricas aqui.”
O secretário do Tesouro, Scott Bessent, reconheceu que a postura do presidente terá um impacto negativo nas tratativas comerciais. No entanto, afirmou que as propostas do bloco europeu apresentadas até aqui não foram positivas e que espera que a decisão de Trump motive os europeus a avançar nas negociações.
Do outro lado do Atlântico, as reações das lideranças dos países-membros da União Europeia foram de cautela.
O chefe do comércio europeu, Maroš Šefčovič, disse que o bloco está pronto para defender os próprios interesses e que as negociações precisam ser pautadas em “respeito mútuo”.
Spoke w @jamiesongreer & @howardlutnick. The EU’s fully engaged, committed to securing a deal that works for both. @EU_Commission remains ready to work in good faith. EU-US trade is unmatched & must be guided by mutual respect, not threats. We stand ready to defend our interests. pic.twitter.com/RfIo5K4aus
— Maroš Šefčovič
(@MarosSefcovic) May 23, 2025
Além da União Europeia, Trump também ameaçou impor uma tarifa de 25% em empresas como Apple, Samsung e outras fabricantes de smartphones, a menos que seus produtos passem a ser fabricados nos EUA.
Trump reforçou que as taxas buscam fazer as empresas levarem suas fábricas aos Estados Unidos. Mas mover as linhas de produção para o território americano iria aumentar o custo do produto aos consumidores domésticos.
Os mercados reagiram mal ao retorno da guerra comercial.
Os três principais índices de Nova York recuaram, em especial a Nasdaq – mercado de tecnologia, que foi puxada pela queda de 3% nas ações da Apple. A Nasdaq e o Dow Jones tiveram sua pior semana em cinco semanas.
Na Europa, o resultado também são ruins, com as bolsas do Reino Unido (FTSE 100), da Alemanha (DAX) e o pan-Europeu Stoxx 600 fechando esta sexta (23) no vermelho.
O índice do dólar americano, que mede a força da moeda dos EUA em relação às seis principais divisas estrangeiras, caiu 0,8%. O índice do dólar registrou sua maior queda em um único dia em um mês e teve sua pior semana em seis semanas. O ouro, um porto seguro em tempos de incerteza, subiu 2%.
* com informações da CNN Internacional
Este conteúdo foi originalmente publicado em Mercados internacionais recuam com nova fase da guerra comercial de Trump no site CNN Brasil.