O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou taxar Apple, Samsung e outras empresas de tecnologia em 25% caso a produção dos aparelhos não seja feita em solo americano.
A medida, divulgada nesta sexta-feira (23), ajudou a derrubar mercados e aumentou o grau de incerteza no cenário internacional.
Os efeitos também podem chegar ao bolso dos brasileiros — para melhor ou pior.
Segundo Arthur Igreja, especialista em tecnologia e inovação, caso a Apple ceda à pressão de Trump e transfira as fábricas para os EUA, o custo de produção deve aumentar e, consequentemente, o preço de venda no mercado internacional tende a acompanhar esse encarecimento.
Neste cenário, com maior custo para importar, maior o preço ao consumidor que compra no Brasil.
À CNN Internacional, Dan Ives, chefe global de pesquisa de tecnologia da empresa de serviços financeiros Wedbush Securities, afirmou que fabricar um iPhone nos EUA deve fazer o preço no país aumentar em mais de três vezes — passando de atuais US$ 1 mil para cerca de US$ 3,5 mil.
O salto é reflexo do alto custo para replicar em solo americano o ecossistema complexo de produção que há décadas se estabeleceu na Ásia, com diferentes peças sendo produzidas em diferentes países.
Além da alta do custo de produção, Igreja cita o efeito cascata na medida diante dos encargos tributários no Brasil, desde o importador até chegar ao consumidor final.
“Se ocorre qualquer mudança na base de cálculo, ocorre não um efeito linear, mas exponencial, especialmente considerando que o Brasil já tem o iPhone mais caro do mundo”, diz.
Copo meio cheio
Porém, também há possibilidade de um cenário mais otimista aos brasileiros. Caso a Apple banque suas fábricas na Ásia e Trump cumpra a ameaça de taxar em 25%, a tendência natural seria a dona do iPhone buscar novos mercados, e com isso a tendência é de queda de preços.
Igreja compara esse quadro hipotético ao que já ocorre com montadoras de carros elétricos chinesas, que não têm acesso ao mercado norte-americano e buscam expandir suas operações para outras regiões.
“Poderia ter um incentivo maior para buscar alguma redução de preço eventual no Brasil, justamente para conquistar mercados emergentes”, explica o especialista.
O cenário, porém, segue incerto diante do histórico de Trump no recuo de ameaças, como as tarifas de 145% aos produtos importados da China.
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