No final do ano passado, a Mercedes-Benz trouxe para o Brasil sua linha de vans elétricas da família eSprinter, em versões Truck, Furgão e Furgão Vidrado de 3,5 e 4,25 toneladas, para disputar o aquecido mercado de entregas de última milha no país. Os furgões elétricos atendem à crescente demanda dos transportadores que precisam cumprir regras de ESG (Environmental, Social and Governance ou “ambiental, social e governança”) de seus contratantes. E o mercado brasileiro aparentemente é apetitoso para as fabricantes. Tanto que já estão à venda nas concessionárias nacionais as versões elétricas de Ford Transit, Iveco Daily, Fiat Scudo, Citröen Jumpy e Peugeot Expert, além das chinesas originalmente elétricas, como BYD eT3 e JAC E-JV.
A eSprinter oferece autonomia de 478 quilômetros com base no ciclo europeu WLTP, podendo ser ampliada por conta dos dispositivos de recuperação de energia. A Mercedes-Benz estabeleceu parceria com a WEG – multinacional catarinense fabricante de equipamentos elétricos e eletrônicos e de soluções para recarga veicular –, que fornece os equipamentos necessários e as orientações sobre a melhor estratégia de recarga para cada negócio. A compra do equipamento da WEG é opcional, pois existem clientes que já contam com estrutura de recarga própria. A eSprinter pode ser carregada tanto com corrente alternada (AC) quanto com corrente contínua (DC). O carregador a bordo, que converte a corrente no veículo quando a recarga é feita com corrente alternada, como em uma wallbox, tem potência de 11 kW. Para reduzir o tempo de reabastecimento, o veículo pode ser carregado com até 50 kW em estações rápidas de 10% a 80% em 93 minutos. Assim como a Sprinter a combustão, a variante “verde” pode ser transformada ou mesmo customizada ao gosto do cliente por empresas autorizadas pela Mercedes-Benz, sem alteração na garantia do veículo, de dois anos.
O trem de força da eSprinter traz um motor ativo na frente e outro regenerativo no eixo traseiro. O propulsor principal, síncrono de ímã permanente (PSM) – com 130 quilos –, entrega 150 kW (204 cavalos) de potência e 40,8 kgfm de torque. A combinação dos dois motores traz vantagens em relação às conversões e soluções de carrocerias. A eSprinter tem comprimento de 5,39 metros a 6,69 metros, peso bruto máximo de 4,25 toneladas, capacidade de carga de até 14 metros cúbicos e capacidade para rebocar até 1,5 tonelada. A tecnologia de lítio-ferro-fosfato (LFP) da bateria elimina o uso de cobalto ou níquel.
Impressões ao Dirigir
Nas ruas da metrópole
São Paulo/SP – Na versão furgão, a eSprinter de 3,5 toneladas de Peso Bruto Total avaliada nas ruas da Grande São Paulo pode ser dirigida por motoristas com CNH categoria B. O veículo tem capacidade de carga líquida de pouco menos de mil quilos, graças à tara de 2.500 quilos – uma limitação comum às configurações eletrificadas, já que suas baterias têm peso significativo. O teste foi feito com meia carga, cerca de 500 quilos de cimento em sacos de 50 quilos, distribuídos pelo salão de carga, que conta com revestimento naval de qualidade e vários pontos de ancoragem para amarração da carga. Com essa configuração, a eSprinter teve um consumo médio final de 27 quilowatts a cada cem quilômetros.
Além do silêncio característico dos veículos elétricos, a dinâmica de direção do furgão é bastante satisfatória e o uso de um veículo eletrificado para coletas e entregas urbanas, com viagens curtas que não ultrapassam 250 quilômetros diários, faz sentido do ponto de vista operacional. A eSprinter traz as características de conforto da família Sprinter, com boa posição de dirigir, apoio para o braço direito, volante parecido com os carros de passeio da Mercedes, com vários botões de comando integrados. A suspensão traseira é bem assentada, mesmo com o veículo vazio, graças ao peso das baterias. A eSprinter é equipada com uma série de equipamentos eletrônicos de segurança e estabilidade, que controlam a frenagem, as arrancadas, a estabilidade nas curvas, as retomadas e a distribuição do torque durante os trajetos.
O espaço de carga, o acabamento do salão, as portas de acesso e as demais características do furgão são os mesmos da versão a diesel, com abertura generosa e fácil das portas e capacidade de carga de nove metros cúbicos, no veículo testado. São três modos de direção, o “Normal”, o “Eco” e o “Power”, para diferentes momentos da operação e, como todo carro elétrico, há regeneração da energia nas frenagens e desacelerações. A Mercedes aproveitou essa função para inserir quatro estágios de regeneração, do mais forte ao mais ameno. Isso pode ser muito útil no anda e para do trânsito da cidade grande, fazendo com que a condução possa ser no estilo “one pedal drive” – usa-se apenas o pedal do acelerador, pressionando para acelerar e retirando a pressão para modelar os níveis de frenagem.
A mais recente atualização do MBUX tem tela de 10,2 polegadas, com funcionalidades presentes também nos carros de passeio da marca alemã, incluindo o assistente de voz “Hey Mercedes” e conexão ao celular sem fio. O sistema de frenagem de emergência automática e o controle de cruzeiro adaptativo são de série. Este funciona muito bem, dando a opção de se escolher a distância do carro da frente e usar a função nas vias urbanas com bastante tranquilidade e segurança. Nas subidas ou rampas íngremes, o assistente de partida entra em ação discretamente e bastante confiabilidade. Com todos os comandos e funções de “P” (“parking”), “R” (“reverse”), “N” (“neutral”) e “D” (“driving”) localizados em volta do volante multifuncional, a nova van elétrica da Mercedes tem programa eletrônico de estabilidade adaptativo e assistentes de vento lateral, de partida em rampa e de manutenção de faixa. Para ajudar nas manobras, existem duas câmeras de ré, uma colocada acima da traseira do veículo, que confere uma visão panorâmica.
Por Leo Doca, do “Transporta Brasil”
Fotos: Leo Doca, do “Transporta Brasil”
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