Trump: retorno de homem deportado por engano “não foi decisão minha”

O presidente Donald Trump afirmou que não foi sua decisão trazer Kilmar Abrego Garcia de volta aos Estados Unidos para enfrentar acusações criminais federais, e sim uma decisão do Departamento de Justiça.

“O Departamento de Justiça decidiu fazer dessa forma, e tudo bem”, disse Trump em uma entrevista por telefone a uma emissora americana. “Não foi uma decisão minha.”

Trump também presumiu que será “um caso muito fácil” para os promotores federais.

Ontem, a bordo do Air Force One, Trump se recusou a comentar se a decisão de trazer Abrego Garcia de volta havia partido dele.

Segundo reportagem da CNN, a Casa Branca deu aval à decisão de repatriar Abrego Garcia, de acordo com fontes familiarizadas com o assunto.

Trump disse durante a entrevista que não conversou com o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, sobre o retorno de Abrego Garcia aos EUA.

Impasse entre Trump e o judiciário

Há meses, o governo Trump está em um intenso impasse com o Judiciário em relação a ordens judiciais para que o governo “facilite” o retorno de Abrego Garcia de El Salvador, para onde foi deportado por engano em meados de março, em uma situação que um juiz federal alertou que poderia representar uma “crise incipiente” entre os dois poderes.

A postura e os argumentos jurídicos do governo no caso frustraram consistentemente juristas conservadores e liberais, que alertaram sobre o aparente desrespeito das autoridades aos direitos do devido processo legal, dada sua resposta indiferente à deportação, que vários advogados do governo descreveram como um “erro administrativo” que eles não tinham poder para retificar.

Mas o retorno iminente de Abrego Garcia está longe de ser uma garantia de que ele permanecerá nos EUA a longo prazo.

A decisão do governo de deportá-lo para uma notória megaprisão em El Salvador violou uma ordem judicial de 2019 que determinava que ele não poderia ser deportado para seu país de origem devido ao medo de sofrer violência de gangues. Essa ordem, no entanto, não impediu o governo de transferi-lo para um terceiro país.

Autoridades já haviam dito anteriormente que, se ele fosse devolvido aos EUA, poderiam deportá-lo para outro país ou tentar anular a ordem de 2019. O governo alegou que Abrego Garcia é membro da gangue MS-13, que o governo classificou como uma organização terrorista estrangeira, embora seus advogados tenham contestado essa alegação.

A juíza distrital dos EUA, Paula Xinis, permitiu que um inquérito se desenrolasse para que ela pudesse descobrir o que o governo tem feito para cumprir sua ordem de que as autoridades tragam Abrego Garcia de volta aos EUA.

Mas o caso ficou em segundo plano nas últimas semanas, já que o processo de descoberta se arrastou, na maior parte do tempo, longe dos olhos do público.

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