O que é a Dorsal Mesoatlântica e por que ela intriga os cientistas

As placas tectônicas são responsáveis pela movimentação interna da Terra, um processo natural tão intenso que forma montanhas, vulcões e até provoca terremotos. Esse fenômeno tectônico também é responsável pela maior cadeia de montanhas submarinas da Terra, conhecida como dorsal mesoatlântica.

A dorsal mesoatlântica faz parte do sistema dorsal meso-oceânico, que corresponde a uma rede de montanhas submarinas nos oceanos. Ele também inclui a dorsal do Oceano Índico, a do Pacífico e a da Antártida.

Ou seja, o sistema dorsal meso-oceânico é a cadeia global dessas montanhas submarinas, enquanto a mesoatlântica é apenas uma de suas partes.

O que é a Dorsal Mesoatlântica

A dorsal mesoatlântica é uma cordilheira de montanhas submarinas que se estende ao longo do centro do Oceano Atlântico, de norte a sul — por isso, recebeu esse nome.

Sua extensão é de aproximadamente 16 mil quilômetros, com três quilômetros de altura acima do fundo do mar e trechos que podem atingir até 1.600 quilômetros de largura.


A imagem apresenta uma região da Dorsal Mesoatlântica na Islândia.
A imagem mostra uma área da dorsal mesoatlântica na Islândia; parte do país está localizada exatamente sobre essa cordilheira do Oceano Atlântico • Wikimedia Commons/Bar Harel

Inclusive, é importante destacar que nem todas as montanhas da mesoatlântica são submarinas; algumas emergem acima do nível do mar e formam ilhas em diferentes regiões ao longo do Atlântico.

Por exemplo, o Arquipélago de São Pedro e São Paulo, no Brasil, é um grupo de pequenas ilhas associadas à cordilheira.

Como a  Dorsal Mesoatlântica se formou?

Apesar de ter sido descoberta na década de 1950, a dorsal mesoatlântica já atua nos processos internos da Terra há milhões de anos.

Atualmente, a hipótese mais aceita é que ela tenha se formado entre 150 milhões e 200 milhões de anos atrás, como parte do processo de separação das placas tectônicas que originou os continentes que conhecemos hoje. Antes disso, a Terra estava “configurada” no supercontinente conhecido como Pangeia.

Em resumo, a cordilheira foi formada principalmente devido ao movimento das placas tectônicas em limites divergentes; nessa região, duas placas se afastam uma da outra e permitem que o magma suba do manto para formar novas crostas oceânicas.

Vale ressaltar que essa movimentação não acabou. O processo de afastamento das placas tectônicas é contínuo, e a ciência estima que elas se afastam até dez centímetros por ano. Quando esse afastamento ocorre, o magma sobe para a superfície e provoca a expansão do fundo do mar.

Além disso, esse processo é responsável por formar montanhas submarinas, vulcões e outras estruturas importantes para a dinâmica da Terra.

Expansão do fundo mar e Dorsal Mesoatlântica

Originalmente, os cientistas acreditavam que as cadeias meso-oceânicas funcionavam apenas por ação da gravidade, que movimenta as placas tectônicas. Nesse caso, o material quente que sobe do interior da Terra serviria apenas para preencher o espaço criado entre as placas durante a movimentação.

Em 2021, um estudo publicado na revista científica Nature investigou os processos relacionados à dorsal mesoatlântica e sugeriu uma nova hipótese.

Os pesquisadores afirmam que uma região chamada zona de transição do manto pode ajudar a impulsionar ativamente a expansão do fundo do mar.

“Pela primeira vez, temos evidências de temperaturas mais altas na zona de transição do manto [na dorsal mesoatlântica]. Isso introduz novas evidências para todo o estudo da tectônica de placas”, disse o associado da Universidade Roma Tre e principal autor do estudo, Matthew Agius.

Para chegar a esse resultado, os pesquisadores instalaram sismômetros ao redor da cordilheira mesoatlântica em uma área de mil quilômetros, com o objetivo de detectar as ondas sísmicas associadas a esse processo.

Na época, essa foi considerada a primeira evidência direta de que a subida de material do manto também pode ser responsável pela expansão do fundo oceânico. De qualquer forma, os cientistas destacaram que ainda são necessárias mais medições e estudos para compreender melhor a hipótese.

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