Israel interceptou um navio de ajuda humanitária com destino a Gaza, que transportava Greta Thunberg e outros ativistas, detendo as pessoas a bordo e levando a embarcação para Israel.
A Freedom Flotilla Coalition (FFC) disse anteriormente que o exército israelense havia embarcado no “Madleen”, que tentava entregar ajuda a Gaza.
“Os passageiros devem retornar a seus países de origem”, disse o Ministério das Relações Exteriores de Israel em uma postagem na rede X.
A ativista climática Thunberg, o ator de “Game of Thrones” Liam Cunningham e Rima Hassan – deputada francesa no Parlamento Europeu – estão entre os passageiros do Madleen. O ativista brasileiro Thiago Ávila também estava presente.
O grupo FFC postou uma foto no Telegram na madrugada de segunda-feira, horário local, mostrando membros da tripulação sentados dentro do barco, usando coletes salva-vidas e com as mãos erguidas. Nenhum soldado das Forças de Defesa de Israel aparece na imagem.
Em uma postagem anterior, o FFC afirmou que o navio havia sido “atacado em águas internacionais”.
“Drones cercam o navio e o borrifam com uma substância branca parecida com tinta. As comunicações foram bloqueadas e sons perturbadores estão sendo transmitidos pelo rádio”, informou o FFC no seu canal no Telegram.
Israel já havia prometido repetidamente impedir que o barco de ajuda chegasse a Gaza, descrevendo o navio como um “iate de selfies” que transportava “celebridades”.
“Dei instruções às Forças de Defesa de Israel para garantir que a flotilha ‘Madleen’ não chegue a Gaza”, disse o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, no domingo.
O navio de ajuda humanitária relatou os primeiros sinais de ação militar israelense nas primeiras horas da manhã de segunda-feira.
“Pouco tempo atrás, dois drones israelenses estavam sobre o Madleen da FFC e derramaram ou borrifaram algum tipo de substância química branca no Madleen. Agora, o Madleen parece estar cercado por comandos navais israelenses”, disse à CNN Huwaida Arraf, organizadora da Freedom Flotilla, membro do comitê diretivo e advogada de direitos humanos nos EUA.
Em uma transmissão ao vivo feita do barco e postada pela FFC, a ativista Yasmin Acar mostrou a substância branca no convés, dizendo que ela havia sido jogada na embarcação.
Acar foi ouvida depois dizendo que a substância estava afetando seus olhos. Antes da transmissão ser encerrada, Acar disse que o exército israelense estava se comunicando com a embarcação.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel disse que o grupo “tentou encenar uma provocação midiática cujo único propósito era ganhar publicidade.”
“Existem formas de entregar ajuda à Faixa de Gaza — elas não envolvem selfies no Instagram”, acrescentou.
O “Madleen” faz parte da Freedom Flotilla Coalition, uma organização que faz campanha contra o bloqueio israelense a Gaza e que tenta romper o cerco por meio de barcos.
A tripulação, que divulgou a localização do navio em um rastreador online, começou a se preparar para a possibilidade de interceptação por parte do exército israelense.
Até a noite deste domingo, a embarcação civil com bandeira britânica estava ao norte do Egito, no mar Mediterrâneo, aproximando-se lentamente da costa de Gaza.
“Sabemos que é uma missão muito arriscada e sabemos que experiências anteriores com flotilhas como essa resultaram em ataques, violência e até mesmo mortes”, disse Thunberg à CNN no sábado.