Fux questiona por que Mauro Cid prestou tantos depoimentos no caso

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux questionou o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid, sobre a quantidade de depoimentos feitos durante sua delação premiada no processo que apura suposto plano de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Em interrogatório, Mauro Cid respondeu que fez um grande relato num primeiro momento e, depois, foi chamado pela Polícia Federal (PF) para fazer complementações.

Mais cedo, questionado sobre o mesmo assunto pelo ministro Alexandre de Moraes, Cid negou ter sofrido qualquer pressão para assinar o acordo de delação e afirmou que seus sucessivos depoimentos se deram para resolver dúvidas da PF, como identificar situações e determinadas pessoas, mas não para relatar fatos novos.

Essa não é a primeira vez que Fux questiona o número de depoimentos de Cid na delação. Durante sessão da Primeira Turma do STF que recebeu a denúncia contra o núcleo 1 da suposta trama golpista, Fux disse ver a situação com “ressalvas” e afirmou que avaliaria o número de delações em momento oportuno.

“Vejo com muita reserva nove delações de um mesmo colaborador, cada hora acrescentando uma novidade. Mas me reservo a analisar ilegalidade ou ineficácia dessa delação no momento específico”, disse o ministro à época.

Fux foi o único ministro da Primeira Turma, para além do relator Moraes, a pedir para acompanhar os interrogatórios. Os outros ministros não estão presentes e receberão um relatório sobre os depoimentos.

O STF começou a realizar, nesta segunda (9), os interrogatórios dos réus do chamado “núcleo crucial” da ação penal que apura uma tentativa de golpe de Estado após a eleição de 2022. Mauro Cid é o primeiro a ser ouvido.

Ao todo ainda serão ouvidos oito réus, são eles:

  • Alexandre Ramagem, deputado e ex-chefe da Abin;
  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
  • Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do GSI;
  • Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
  • e Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e vice de Bolsonaro na eleição em 2022.
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