Em entrevista exclusiva ao CNN Money, Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central (BC), abordou os desafios econômicos enfrentados pelo atual governo e apresentou sua visão sobre o caminho para o desenvolvimento do país.
Meirelles enfatizou que “o melhor programa social que existe é o emprego”. Segundo ele, mesmo o salário mínimo supera significativamente os benefícios sociais como o Bolsa Família.
Para alcançar esse objetivo, o ex-ministro defendeu a necessidade de equilíbrio fiscal e uma tributação razoável que permita às empresas investir e contratar.
“Esse é o caminho do desenvolvimento: você controla a parte fiscal, coloca a tributação em um nível que não seja exagerado – sendo que no Brasil você já tem uma tributação muito alta – e faz reformas estruturais para o país crescer”, afirmou Meirelles nesta segunda-feira (9).
Críticas à expansão do gasto público
O economista criticou a linha de pensamento que defende a expansão do gasto público como meio de induzir o crescimento.
Meirelles argumentou que essa abordagem não leva a um crescimento sustentável, pois os investimentos empresariais requerem planejamento de longo prazo e não respondem imediatamente a estímulos de curto prazo.
Sobre o novo arcabouço fiscal, Meirelles expressou preocupações quanto à dependência de pressupostos que podem não se concretizar, como a aprovação de todas as medidas de aumento de receita.
Em alternativa à elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o governo propôs elevar a taxação sobre a receita das bets e retirar a isenção tributária para investimentos em Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs).
Reforma administrativa e produtividade
Como solução para os desafios econômicos atuais, Meirelles propôs duas vias principais: o equilíbrio fiscal e o aumento da produtividade. Ele defendeu uma reforma administrativa “forte e estrutural” como caminho para tornar o estado mais eficiente e gerar saldo.
“Não há outro caminho no Brasil que não seja duas vias: o equilíbrio fiscal. É necessário equilibrar. E esse equilíbrio, para ser sustentável, tem que ancorar basicamente numa diminuição estrutural das despesas. E com uma reforma administrativa bem feita, etc. para de fato atingir esse objetivo”, indicou o ex-ministro da Fazenda.
“Uma mudança estrutural, uma reforma administrativa forte e, depois, uma agenda de aumento de produtividade, com reforma tributária eficiente, investimentos específicos em logística, tem uma série de coisas para fazer com que a produtividade aumente, inclusive com um aperfeiçoamento maior da reforma trabalhista”, ponderou.
Meirelles concluiu afirmando que estas medidas, juntamente com um aperfeiçoamento da reforma municipalista, podem levar ao aumento da produtividade do país e, consequentemente, ao crescimento econômico sustentável.
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