Apesar dos alertas recorrentes do Congresso de que não aceitará qualquer aumento de impostos, o governo insistiu na Medida Provisória com a alta em uma série de taxações. A resposta nesta quinta-feira (12) foi quase que imediata: líderes endureceram a postura diante do caso e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), pretende votar na próxima segunda (16) a urgência do projeto que derruba o aumento do IOF.
Nas redes sociais, Motta disse que o clima na Câmara não é favorável para o aumento de impostos.
Na avaliação do Centrão — fiador de pautas no Parlamento — o recuo parcial do Planalto é insuficiente. O pedido de urgência do projeto pela derrubada da alta do IOF foi apresentado pelo líder da oposição na Câmara, Luciano Zucco (PL-RS), mas contou com o apoio de partidos que têm ministérios no governo Lula, como União Brasil, PP e Republicanos.
Motta tem sido pressionado por colegas a ser menos concessivo com o Planalto. Nesta quinta, num aceno ao Centrão, ele tirou o petista Carlos Zarattini (SP) da relatoria da Lei de Diretrizes Orçamentárias, cargo-chave do orçamento de 2026. Colocou o conterrâneo Gervásio Maia (PB), do PSB, no lugar.
Já em um movimento para também não desagradar ao PT, Zarattini vai ser o relator da Medida Provisória com a recalibragem do IOF e as alternativas de compensação. Seria uma forma de o PT tentar manter algum controle sobre o assunto.
A ideia da Fazenda é arrecadar cerca de R$ 31,4 bilhões até 2026 com a MP – quase R$ 10,5 bilhões ainda neste ano.
“O que está em jogo nessa MP? A questão das instituições financeiras não afeta em nada a vida da população. Equilibra o pagamento de tributos das instituições financeiras. Corrige uma distorção de títulos isentos que está criando problema para a economia do país. Isso não vai afetar os setores”, declarou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Líderes governistas tentam minimizar a reação do Congresso e negociar uma saída, sem entrar num confronto direto com as demais lideranças. A base aliada de Lula não descarta tratar de cortes de benefícios tributários. Ainda assim, afirma que, sem a MP, haverá novos contingenciamentos.
O que causa um desconforto no centrão e na oposição não é só o mérito da política fiscal, mas a maneira como o governo vem lidando com a execução orçamentária e o pagamento de emendas, ainda mais às vésperas de um ano eleitoral.
“A MP não está nem derrotada, nem aprovada. É o diálogo que vai fazer com que a gente aprove e dê consistência àquilo que nós precisamos para dar estabilização econômica e crescimento em 2026”, disse o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).
Em evento em Minas Gerais, o presidente Lula reclamou da quantidade de isenções fiscais concedidas pelo governo, enquanto sofre críticas quando gasta com programas sociais.
“Eu governo para todos os brasileiros, mas eu tenho preferência e obrigação moral, ética e política de gostar, de administrar e cuidar do povo que mais precisa, do povo mais pobre, povo que trabalhador, da classe média. Eu não fui eleito para fazer benefício para rico”.