Um brasileiro que vive no Irã disse à CNN ter sido acordado pelos intensos ataques sem precedentes de Israel lançados na noite de quinta-feira (12) — madrugada de sexta-feira (13), no horário local.
O brasileiro, que vive há mais de uma década na capital Teerã e pediu para falar sob a condição de anonimato, relatou estar dormindo em casa com a família quando, por volta de 3:30 da manhã, acordou com o barulho dos primeiros ataques.
“Escutamos alguns estrondos parecidos com trovões e levantamos. Estávamos tentando acordar para poder processar o que realmente estava acontecendo e vieram outros estrondos… é um ataque!”, contou.
Ele disse ter corrido para pegar a bolsa de primeiros socorros por precaução.
“Aí fomos ver as notícias nas TVs, redes sociais. Demorou cerca de 10 minutos até os primeiros vídeos aparecerem”, completou.
O brasileiro disse que, pelos registros que estão circulando em aplicativos de mensagem, pôde ver que prédios nas proximidades de sua casa foram atingidos pelos ataques.
Apesar de não estar esperando os ataques, ele disse sempre manter “uma mochila ou bolsa de emergência” para o caso das autoridades determinarem a retirada imediata do local.
Pelas estimativas do Itamaraty, cerca de 150 brasileiros vivem atualmente no Irã e as autoridades mantêm contato por meio de um grupo de WhatsApp.
O brasileiro relatou que, logo após os primeiros bombardeios, a Embaixada do Brasil em Teerã orientou que todos ficassem em casa enquanto verificavam o que estava acontecendo.
Após a confirmação de que se tratavam de ataques de Israel, a orientação para permanecer em casa foi reforçada e os brasileiros foram informados que o espaço aéreo do país está fechado e os voos foram cancelados.

Os ataques de Israel
A ofensiva anunciada por Israel visa o programa nuclear iraniano e importantes lideranças militares.
O comandante-chefe da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã (IRGC, na sigla em inglês), general Hossein Salami, foi morto nos bombardeios.
Ele estava entre as figuras mais poderosas e influentes do país. O IRGC supervisiona o desenvolvimento de mísseis balísticos e reprime a dissidência no país.
O major-general Mohammad Bagheri, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas do Irã (oficial militar de mais alta patente do país), também foi morto pelos ataques israelenses, informou a TV estatal iraniana IRINN.
Segundo o premiê israelense Benjamin Netanyahu, os ataques vão continuar por “muitos dias”.
Netanyahu declarou que a operação atingiu a principal instalação de enriquecimento do Irã em Natanz, além de cientistas nucleares e o que ele chamou de “o coração do programa de mísseis balísticos do Irã”.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou que não houve envolvimento ou assistência dos EUA nos ataques. “Esta noite, Israel tomou medidas unilaterais contra o Irã. Não estamos envolvidos em ataques contra o Irã e nossa principal prioridade é proteger as forças americanas na região”, afirmou.
Israel declarou estado de emergência em preparação para uma potencial retaliação do Irã, fechando escolas, proibindo aglomerações e desaconselhando trabalhos não essenciais.
Hospitais israelenses receberam ordens para interromper atividades ambulatoriais e não urgentes e se mudarem para áreas protegidas, e o Exército está convocando “dezenas de milhares” de soldados.
Retaliação Iraniana
O Irã lançou mais de 100 drones em direção ao território israelense, informou o exército israelense nesta sexta-feira (13).
“Todos os sistemas de defesa [aérea] estão operando para interceptar as ameaças. Este é um evento diferente do que vivenciamos até agora, e prevemos momentos difíceis. Devemos demonstrar resiliência e paciência”, disse a porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF), Effie Defrin.
As IDF abateram os drones do Irã, segundo um oficial militar.
“As Forças de Defesa de Israel começaram a interceptar drones disparados do Irã, fora do território israelense”, disse um oficial das IDF à CNN.
O Ministério das Relações Exteriores, havia dito anteriormente que tem o direito de retaliar Israel, acusando Washington de auxiliar o ataque noturno, apesar dos EUA negarem.
O Irã “não hesitará em defender a nação”, disse a pasta, afirmando também que os ataques israelenses não poderiam ter ocorrido sem a assistência americana que, segundo ele, eram responsáveis pelas consequências das ações de Israel.
“Tais atos de agressão do regime sionista contra o Irã não poderiam ter ocorrido sem a coordenação e autorização dos Estados Unidos. Consequentemente, o governo americano, como principal apoiador do regime, também é responsável pelas consequências perigosas dessa escalada imprudente”, afirma o comunicado.
O porta-voz das Forças Armadas do Irã, Abolfazl Shekarchi, alertou sobre a reação e que os EUA e Israel “vão pagar caro”.
“A República Islâmica do Irã certamente retaliará, e o inimigo pagará um preço alto”, disse Shekarchi à agência de notícias estatal iraniana IRNA. Israel e os EUA “pagarão caro e sofrerão um duro golpe”, afirmou.