Laysa Peixoto, 22, que afirma ser a primeira astronauta brasileira a ir para o espaço, fez nova publicação em suas redes sociais neste sábado (14), alegando sobre uma primeira ligação com a Nasa — a agência espacial norte-americana –, em 2021.
A jovem, que excluiu o perfil no LinkedIn na última quarta-feira (11), teve o currículo contestado pela própria agência. A Nasa havia negado qualquer vínculo com ela, afirmando à CNN que Laysa “não é funcionária, líder de pesquisas ou candidata a astronauta”.
Na imagem publicada neste sábado, ela destaca o recebimento da Medalha de Honra ao Mérito do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), entregue por Marcos Pontes e Patrick Miller (do programa programa de ciência The International Astronomical Search Collaboration). De acordo com a imagem, a honra foi concedida pela descoberta do asteroide LpS0003 (2021 PS59).
A imagem também exibe um certificado da International Astronomical Search Collaboration, datado de 2 a 27 de agosto de 2021. O certificado expressa apreço a Laysa Peixoto Sena Lage pela “7ª Edição Caça Asteroides MCTI-30” e em reconhecimento à descoberta provisória do asteroide do cinturão principal 2021 PS59, encontrado com dados fornecidos pelo PAN-STARRS.
Há também uma imagem de uma caixa com medalhas com a inscrição “Caça Asteroides MCTI” e o logotipo do MCTI. Para alegar a descoberta, Laysa site o oficial ssd.jpl.nasa.gov e sugere a pesquisa do termo “2021 PS59”.
Na época, com 18 anos, Laysa era estudante do 2º período de física da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Em comunicado da universidade, é descrito que “o achado recebeu um nome temporário que contém as iniciais da jovem”. O texto diz que a campanha de “caça asteroides” é ligado à Nasa, em parceria com o The International Astronomical Search Collaboration.
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Entenda o caso
A jovem, natural de Contagem (MG), havia afirmado em post em suas redes sociais ter sido selecionada como astronauta de carreira e que integraria o voo inaugural da empresa Titans Space, previsto para 2029. Segundo ela, iria representar o Brasil em uma nova era da exploração espacial, com viagens para estações espaciais privadas e futuras missões tripuladas à Lua e Marte.
Em seu LinkedIn, ela afirmava ter trabalhado na Nasa liderando pesquisas aos 19 anos de idade. Dizia ainda ter sido fellow em Física Teórica e Matemética da Sociedade Max Planck, ter feito curso de Engenharia em Machine Learning, Modelagem e Simulação no Centro de Ciência Computacional do MIT (Massachusetts Institute of Technology) e ter um mestrado em Aplicações de Computadores pela Columbia University.
Veja todas as alegações feitas por Laysa Peixoto.
Sobre a missão tripulada
A agência espacial disse à CNN que “o programa L’Space [citado por ela] é um workshop para estudantes, e não é um estágio da Nasa ou trabalho na agência”. “Seria inapropriado reivindicar a afiliação à Nasa como parte dessa oportunidade”, consta no comunicado.
Quanto à missão da Titans Space, a qual ela participaria, a Nasa responde que “também não é afiliada”. Não há menção à empresa entre as autorizações espaciais da FAA (sigla inglesa para a Administração Federal de Aviação, dos Estados Unidos), o que impede que esse voo seja efetivamente realizado até o momento.
Na quinta-feira (12), após a Nasa ter negado vínculo, ela publicou uma série de vídeos em seus Instagram. “Em nenhum momento da minha declaração, eu cito que a Nasa foi responsável por essa seleção para esse voo de 2029, ou que a Nasa me selecionou como astronauta de carreira. Em nenhum momento, menciono a Nasa nesse sentido”, disse.
Laysa Peixoto também comentou que só mencionou a agência para se referir ao comandante, “que foi selecionado para missão, que é astronauta veterano da Nasa”.
“Quem fez a minha seleção, o programa espacial que faço parte, é um programa privado, com o voo inaugural previsto para 2029”, finalizou. No entanto, ela não menciona as outras atividades de seu currículo as quais foram questionadas.
A CNN também entrou em contato com Laysa Peixoto e com a Titans Space sobre o tema, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem. O espaço segue aberto.
Nasa nega vínculo com jovem que alega ser primeira astronauta brasileira