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Boato – Publicações indicam que um estudo da Cleveland Clinic prova que a vacina contra a gripe reduz a expectativa de vida, aumenta o risco de infecção e seria ineficaz.
Análise
Nos últimos meses, mensagens antivacina voltaram a circular nas redes sociais com alegações de que a vacina contra a gripe seria não apenas ineficaz, mas também perigosa.
Neste caso, o conteúdo afirma que um estudo da Cleveland Clinic com mais de 50 mil pessoas teria descoberto uma eficácia negativa da vacina, sugerindo até redução da expectativa de vida.
Com linguagem alarmista, as mensagens viralizaram em grupos de desinformação. Leia algumas das versões da história que circula online:
Versão 1: 13/06/25: vacina da gripe traz redução de expectativa de vida? Estudos começam a questionar o quanto é válido tomar determinadas vacinas. Cuidado, fique esperto!
Versão 2: As vacinas contra a gripe aumentam as chances de contrair a doença e reduzem a expectativa de vida – Dr. John Campbell Um grande estudo da Cleveland Clinic (n=53.402) descobriu uma eficácia da vacina de -26,9% durante a temporada de gripe de 2024–25. Análise ajustada: Vacinados tiveram incidência de gripe significativamente maior do que não vacinados (HR 1,27, p = 0,007)
Versão 3: CLEVELAND CLINIC: Vacina da gripe associada à redução da expectativa de vida? Uma análise recente do banco de dados da Cleveland Clinic trouxe um dado inesperado indivíduos vacinados contra a gripe apresentaram maior risco de infecção por COVID-19 e, em algumas interpretações, até menor expectativa de vida. Como explicar isso? Coincidência? Causalidade? Ou sen alerte sobre o impacto cumulativo das campanhas anuais
Checagem
As versões variam, mas todas utilizam dados mal interpretados e conclusões precipitadas para causar pânico. As mensagens que viralizaram levantam três dúvidas principais: 1) O estudo prova que a vacina contra gripe reduz a expectativa de vida? 2) O estudo da Cleveland Clinic é confiável e definitivo? 3) O conteúdo apresentado reflete o consenso científico sobre a eficácia da vacina?
Estudo prova que a vacina contra gripe reduz a expectativa de vida?
Não. Não há qualquer evidência científica robusta que comprove essa afirmação. O estudo citado nas postagens é um preprint (ou seja, não foi revisado por pares), realizado com funcionários da Cleveland Clinic e, segundo análise do PolitiFact, contém falhas importantes de metodologia, incluindo ausência de controle sobre comportamentos individuais como busca por testagens e exposição ao vírus.
A vacina, de fato, reduz a expectativa de vida?
Também não. A CDC, a OMS e estudos com milhões de pessoas indicam justamente o oposto: a vacina contra a gripe salva vidas, reduz hospitalizações e protege contra casos graves. O conteúdo das postagens distorce dados preliminares e ignora décadas de consenso científico.
O estudo da Cleveland Clinic deve ser interpretado como verdade absoluta?
De forma alguma. Como mostrado por análises do UNMC e da Public Health Collaborative, o estudo é limitado, não foi revisado por pares e não pode ser considerado prova de causalidade. Usá-lo como base para afirmações definitivas é um erro comum em narrativas desinformativas. Além disso, o nome de John Campbell, citado em algumas versões, já foi associado a outras distorções sobre vacinas.
Conclusão
O boato sobre a vacina da gripe reduzir a expectativa de vida se baseia em interpretações incorretas de um estudo preliminar e sem revisão. A ciência segue apontando os benefícios da vacinação contra gripe como forma eficaz de reduzir complicações, internações e mortes.
Fake news
Ps: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo e-mail [email protected] e WhatsApp (link aqui: https://wa.me/556192755610)
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