Nos Jogos de Paris, Edival Pontes é bronze no taekwondo

Na disputa pelo bronze da categoria até 68 kg, o adversário foi o espanhol Javier Pérez Polo, e a vitória só veio no último round. Edival Ponte, o Netinho, é bronze no taekwondo nos Jogos Olímpicos de Paris
O Brasil chegou a 15 medalha nas Olimpíadas de Paris. Em um cenário muito bonito, Edival Pontes conquistou bronze no taekwondo.
Palácios guardam tesouros, e dentro do Grand Palais, o grande palácio de Paris, Edival Pontes, o Netinho, foi buscar um para carregar no peito. Mas foi preciso conquistar aos poucos, com passos firmes e confiantes.
Para chegar na disputa pelo bronze no taekwondo, o paraibano Netinho de 26 anos precisou esperar e torcer pelo próprio algoz. Derrotado logo na primeira luta pelo jordaniano Zaid Kareem, o brasileiro ainda teria a chance de ir para a repescagem, mas só se o adversário chegasse à final.
“Nos mantivemos concentrados, confiamos muito no jordaniano, no Zaid, que é um fenômeno do taekwondo, que ele ia chegar na final. Graças a Deus, a gente conseguiu”, diz Edival Pontes, medalha de bronze no taekwondo em Paris.
Na repescagem, um reencontro com o turco Hakan Recber, o mesmo que eliminou Netinho logo na estreia dos Jogos de Tóquio em 2021. Mas dessa vez foi diferente. Vitória do brasileiro por 2 a 1.
Na disputa pelo bronze da categoria até 68 kg, o adversário foi o espanhol Javier Pérez Polo, e a vitória também só veio no último round.
“Agradecer a Deus, primeiramente, porque na hora da luta eu pedi muito para me mostrar alguma coisa que eu não estava conseguindo. Estava muito difícil o 0 a 0. Eu falei: ‘Pô pai, me ajuda, me mostra algum caminho aqui que eu consiga fazer o ponto’ e aí eu fiz quatro pontos que eu não sei como’”, conta Edival Pontes.
Essa é a terceira medalha olímpica do taekwondo do Brasil – terceiro bronze, junto com aqueles conquistados pela Natália Falavigna, nos Jogos de Pequim em 2008, e pelo Maicon Andrade, no Rio em 2016. Uma conquista que Netinho dedicou a todos aqueles que estiveram junto com ele e também ao pai, Lodimar, que faleceu em 2020.
“Certeza já chorei bastante ali, mas essa medalha é justamente para ele, foi um guerreiro, meu herói. Então, é especialmente para minha mãe, irmã, namorada, técnicos, amigos”, diz Edival Pontes.
Também representando o Brasil, Maria Clara Pacheco perdeu na segunda luta da noite para a chinesa Luo Zongshi, número um do ranking, e terminou em nono lugar. Ela não teve a mesma chance de disputar uma repescagem, como teve Netinho, que agora vai descansar com o maior tesouro.
Entrevista
Bonner: ‘Edival Pontes é medalha de ouro em simpatia e carisma’
Em Paris, o Jornal Nacional conversou com o medalhista de bronze Edival Pontes.
Karine Alves, repórter: Já caiu a ficha? Porque você chegou a ver de novo o finalzinho ali da luta e sofrendo.
Edival Pontes: Fiquei meio tenso mesmo depois que passou. Depois a gente olha o vídeo e eu fico torcendo para mim mesmo. Mas a ficha não caiu ainda. Eu até brinquei e falei que parece que eu vou acordar e vou estar acordando de manhã para ir competir. Espero que isso não aconteça. A ficha não caiu não.
Repórter: Você teve que encarar a repescagem, o algoz de Tóquio, e venceu no último round. Esse era o roteiro que você imaginava?
Edival Pontes: Não. Nem nos meus melhores sonhos ou piores sonhos. Foi uma loucura. Até porque em Tóquio aconteceu igual. Perdi para o turco e aí eu tinha que torcer para o meu adversário ir para a final. Então, quando eu perdi a primeira luta, eu falei: “Meu Deus, será que eu vou ter que fazer tudo isso de novo?”. Vai passar tudo isso pela minha cabeça. Mas eu fiquei tranquilo, fui para a área de aquecimento, e a gente torceu para o jordaniano. Graças a Deus, dessa vez deu certo.
Repórter: Até porque nos bastidores você contou que o seu dia começou bem mais calmo.
Edival Pontes: Sim, foi. Foi bem tranquilo. Eu estava achando estranho. Quando eu perdi, eu falei: “Pô, meu Deus, o que é que está acontecendo? Eu estou tão tranquilo, não estou nervoso, nem parece que eu estou na Olimpíada”. Será que tem que acontecer isso mesmo? Então, quando jordaniano foi para a final, eu falei: “Ah, agora eu estou entendendo sim. Eu acho que o bronze vai vir aí”. Continuamos na mesma tranquilidade. Graças a Deus, isso rendeu essa medalha de bronze.
Repórter: Edival, por que Netinho?
Edival Pontes: Então, Edival é o nome do meu avô. Só que é uma história um pouco engraçada, porque minha mãe queria neto no meu nome porque é o nome do meu avô, mas meu pai queria o sobrenome da família dele também. Minha mãe: “Não, vai ficar muito grande. Você vai ter que ver o que é que vai acontecer”. E aí não, não importa, não vai ter neto, mas eu vou chamar de João Neto. Então, toda hora que eu estava na rua brincando de bola com os amigos, minha mãe gritava muito alto: “Edival Neto!”. E aí alguns Neto, Neto. E quando eu era muito pequeno ainda, outros “Netinho”. E até hoje ficou.
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