Veja o que é #FATO ou #FAKE na entrevista de Pablo Marçal para O Assunto


Candidato do PRTB deu entrevista para Natuza Nery. Empresário Pablo Marçal é candidato à Prefeitura de São Paulo pela primeira vez
Fábio Tito/g1
O empresário e coach Pablo Marçal, candidato a prefeito da capital paulista pelo PRTB, foi o quarto entrevistado da série do g1 com os candidatos à Prefeitura de São Paulo, nesta sexta-feira (9).
As entrevistas são realizadas ao vivo pelo podcast O Assunto com transmissão no site, além do YouTube e TikTok.
A equipe do Fato ou Fake checou as principais declarações do candidato. Leia:
“Eu sei que você vai chegar nesse assunto da Cracolândia, [são] 80 mil pessoas na situação de rua, só que o prefeito não assume. Ele nunca assume. Um aumento de 23% em relação ao ano passado. ”
selo fato
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A declaração é #FATO. Veja por quê: Segundos os dados do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (OBPopRua), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a cidade de São Paulo tem um total de 80.369 pessoas vivendo em situação de rua em junho deste ano. Os números representam um aumento de 24% em relação a dezembro de 2023.
Os dados do OBPopRua são extraídos do Cadastro Único (CadÚnico), base de dados do governo federal para recebimento de benefícios sociais, atualizados pelas próprias prefeituras, através dos chamados CRAS (Centros de Referência em Assistência Social).
Já o último Censo da População em Situação de Rua produzido pela Prefeitura de São Paulo é de 2021. O levantamento registrava quase 32 mil pessoas vivendo nessas condições na cidade.
Questionada sobre a pesquisa da UFMG, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social afirmou que a respeita, “porém, considera para suas políticas públicas o Censo População em Situação de Rua produzido pela Prefeitura de São Paulo em 2021, que é de conhecimento público, resultado de um minucioso trabalho de campo feito por mais de 200 profissionais e realizado a cada quatro anos. Já a Universidade em questão, utiliza dados do CadÚnico, que são cumulativos e autodeclaratórios”.
“O próximo ‘Censo da População em Situação de Rua’ está previsto para 2025, no entanto, ainda é necessário definir pontos como a metodologia, o período de entrevistas e apuração das informações, entre outros”, informa a pasta.
“A gente investe R$ 25 bilhões do Orçamento de R$ 111 bi [em educação], e ano que vem vai ser um Orçamento global da prefeitura de R$ 120 bi. A gente investe esses R$ 25 bi e as crianças, 90% delas, não estão aprendendo”.
selo não é bem assim
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#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: A Secretaria Municipal de Educação conta com um Orçamento de R$ 21,87 bilhões para 2024, valor próximo ao citado pelo candidato do PRTB. Já o Orçamento total é de R$ 111,8 bilhões.
O dado sobre o aprendizado citado pelo candidato, no entanto, está superestimado. De acordo com o Índice de Desenvolvimento Básico (Ideb), 61% dos alunos da rede pública municipal não apresentaram aprendizado adequado em português. Em matemática, esse número atinge 85%.
“O [Fernando] Henrique Cardoso, que era acadêmico, fez só 1 ou 2 faculdades federais. O Lula, quase analfabeto, fez quase 20.”
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A declaração é #FAKE: Veja por quê: A gestão Fernando Henrique Cardoso criou seis universidades federais. Duas delas, a Universidade Federal do Tocantins (UFT) e a Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), foram criadas sem vínculos anteriores com outra instituição.
Outras quatro, a Universidade Federal de Itajubá (Unifei), Universidade Federal Rural do Amazonas (UFRA), Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ) e Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), eram institutos federais que foram transformados em universidades.
Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou 14 universidades em seus dois primeiros mandatos. Entre elas, a Universidade Federal da Fronteira do Sul (UFFS), a UFABC (Universidade Federal do ABC) e a Universidade Federal do Pampa (Unipampa).
“A cidade de São Paulo tem 100 mil eventos por ano. Esses 100 mil eventos por ano, a gente pode aumentar isso. Só que do jeito que está o desenho, a gente vai continuar com a cidade travada. A gente tem 15 milhões de turista nesta cidade por ano.”
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A declaração é #FATO. Veja por quê: De acordo com Visite São Paulo, organização sem fins lucrativos, a capital paulista tem mais de 90 mil eventos por ano, um evento a cada 6 minutos. Entre eles, casamentos, festas, eventos corporativos, associativos, sociais e de entretenimento.
Segundo a Secretaria Municipal de Turismo (SMTUR), em 2023 foram realizados 3.364 eventos na cidade, com apoio da prefeitura. De acordo com a União Brasileira de Feiras e Eventos de Negócios (Ubrafe), em 2023 foram 1.286 eventos promovidos em São Paulo, com 6,6 milhões de participantes.
Em relação ao número de turistas, segundo o levantamento da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), a capital paulista é o principal destino turístico do Brasil, variando entre 17 milhões e 30 milhões, dependendo da metodologia. Alguns levantamentos incluem visitantes que chegam e partem no mesmo dia, enquanto outros consideram apenas os que passam pelo menos uma noite na cidade.
Em 1º de agosto, a prefeitura também citou em um texto publicado no site que a cidade recebe mais de 15 milhões de turistas por ano, sendo cerca de 3 milhões de estrangeiros.
“A expectativa de vida delas é de 40 anos. Aqui na zona Oeste é 86 anos de idade.”
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A declaração é #FAKE: Veja por quê: O candidato do PRTB estava se referindo a comunidade das Travinhas, localizada na Vila Andrade, zona Sul de São Paulo. A expectativa de vida nesse distrito é de 70 anos, segundo o Mapa da Desigualdade 2023, organizado pela Rede Nossa São Paulo e o Instituto Cidades Sustentáveis.
Já a zona Oeste é formada por 15 bairros: Alto de Pinheiros, Barra Funda, Butantã, Itaim Bibi, Jaguara, Jaguaré, Jardim Paulista, Lapa, Morumbi, Perdizes, Pinheiros, Raposo Tavares, Rio Pequeno, Vila Leopoldina e Vila Sônia. No total, a expectativa média da região é de 76 anos.
“A cidade hoje está puro esgoto naquilo que a gente chama de rio. Desde 1990 eles não conseguem limpar esse rio.”
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#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: O Rio Pinheiros e demais córregos na cidade de São Paulo não estão completamente poluídos, como afirma o candidato do PRTB. Publicado em março de 2024, o relatório “O Retrato da Qualidade da Água nas Bacias Hidrográficas da Mata Atlântica”, da Fundação SOS Mata Atlântica, aponta que o Índice de Qualidade da Água (IQA) dos rios desse bioma vem apresentando ligeira melhora. Na capital paulista, 20 pontos são monitorados pela instituição e foram classificados em 2023 como péssimos (3), ruins (6), regulares (10) e bom (1).
O último relatório de Qualidade das Águas Interiores de 2022, produzido pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), também indica o aumento progressivo nos níveis médios de oxigênio dissolvido e queda nas concentrações de matéria orgânica no Rio Pinheiros nos últimos cinco anos.
A Cetesb monitora o Rio Pinheiros em quatro pontos. No trecho da Pedreira, na zona sul da capital, houve expressiva melhora do IQA em 2022, atingindo a categoria boa — condição inédita desde 1979, quando se iniciou o monitoramento da Cetesb. Na Ponte do Socorro e Avenida dos Bandeirantes, o índice manteve a qualidade na categoria ruim, enquanto o trecho próximo da foz no Rio Tietê, na estrutura do Retiro, apresentou a qualidade péssima.
“A gente faz todos os alunos da rede pública estudar Bhaskara, ninguém sabe explicar pra que que é isso, isso é pra engenharia e a maior parte dos engenheiros nunca vai usar isso e a gente não tem ninguém questionando isso.”
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#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: O g1 procurou o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) para comentar sobre o uso da fórmula de Bhaskara, o principal instrumento para resolver questões de segundo grau.
Na rede municipal de ensino de São Paulo, segundo a Secretaria de Educação (SME), o conteúdo relacionado às equações do segundo grau, com a aplicação da fórmula de Bhaskara, é introduzido no 9º ano em todos os currículos.
Em nota, o Confea afirmou que quando se envolvem as engenharias, agronomia e geociências, profissões que compõem o Sistema Confea/Crea e Mútua, a matemática é essencial e presente em várias modalidades.
“É claro que a tecnologia e a inovação são hoje ferramentas que auxiliam os profissionais e contribuem para celeridade e maior precisão dos projetos, mas a fórmula de Bhaskara continua sendo a base do cálculo. Sendo assim, fundamental quando falamos, por exemplo, de análise estrutural, trajetória de projéteis, circuitos elétricos, modelagem de sistemas, fundações, cálculo de ondas e até mesmo na agronomia, com modelagem de crescimento de plantas, otimização de colheitas, análise de curvas de resposta, mecanização agrícola. Nestes poucos exemplos, já citamos diversas modalidades da engenharia, como mecânica, civil, elétrica, telecomunicações. Desta forma, respondendo a pergunta inicial, sim, encontramos muito da fórmula de Bhaskara na vida dos profissionais da área tecnológica.”
“Eu não subi liderando grupo nenhum, eu subi 5 horas depois que o grupo subiu. Ninguém ficou perdido, a gente já foi algumas vezes nesse pico e ficou deslocado dois grupos. Eu mesmo pedi para o corpo de bombeiros vir porque eu não consegui me comunicar com o grupo de baixo.”
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#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: Uma “expedição” promovida por Pablo Marçal no Pico dos Marins em Piquete, interior de São Paulo, foi alvo de críticas após mobilizar o Corpo de Bombeiros em uma operação de 9 horas para o resgate de 32 pessoas, em 2022. A subida foi feita com chuva forte e ventania. Ele aparecia em vídeos questionando quem queria abandonar o trajeto e até liderando uma “oração” pela melhora do tempo.
Na época, 18 pessoas chegaram à tarde ao cume e outras 14 pessoas ficaram pelo caminho. De madrugada, o clima no local piorou e os bombeiros foram chamados. Ao Fantástico, Pablo deu uma entrevista na época e falou que o grupo “foi selecionado. Foi o sócio, o executivo ou alguns alunos”. Durante a conversa, Pablo afirmou que aquela noite foi a mais bem dormida daquele ano, mas no Instagram a legenda de um registro de madrugada dizia que “não dava pra dormir”. Em seguida, alegou que não se lembrava de barracas rasgarem com o vento, mas que, na verdade, se recordava de entrar água na barraca. Em outro texto nos stories, ele escreveu: “todas as barracas rasgaram com o vento”.
“Tá todo mundo aí falando: ‘o Pablo é irresponsável’. Eu sou irresponsável com a minha própria vida. Então, cada um que cuida da sua, mas eu não me vejo irresponsável, sendo que eu chamei o Corpo de Bombeiros, porque não precisou. Eu chamei de precaução”, falou Marçal.
O caso ainda é investigado pela Polícia Civil como tentativa de homicídio privilegiado, segundo a Secretaria da Segurança Pública. A Delegacia de Piquete chegou a encaminhar um relatório final ao Ministério e à Justiça, mas foram pedidos complementos na apuração policial.
“Os Estados Unidos da América não estuda geografia.”
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A declaração é #FAKE: Veja por quê: Há o ensino de geografia na educação básica dos Estados Unidos, ao contrário do que alega o candidato Pablo Marçal. O sistema educacional dos Estados Unidos é diferente do Brasil. A grade curricular é muito mais flexível e montada de acordo com as capacidades e habilidades dos alunos. O ensino de geografia não é estruturado, com diretrizes nacionais, como é no Brasil.
“Geografia não é uma disciplina obrigatória, mas isso não significa que não seja ensinada.” afirma a professora Sonia Maria Vanzella Castellar da Faculdade de Educação da USP. Na análise dela “eles tem um documento NRC que orienta algumas áreas à geografia, como cartografia, uso do pensamento espacial, uma coisa que nós incluímos na BNCC (Base Nacional Comum Curricular) que eu ajudei a criar. Você tem estudos sociais que remetem à geografia. A qualidade desse ensino é outro debate. Estou trabalhando com professores dos EUA, eles estão ensinando geografia voltada para mudanças climáticas e cartografia. Eles não são homogêneos, cada estado tem uma organização curricular diferente e forma de fazer essa organização. Muitos estados aplicam STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Ambiente e Sociedade) trazendo problemas reais para trabalhar com os estudantes, desenvolvendo a análises de fenômenos da realidade usando tecnologia, ciência e informações geográficas para desenvolver o raciocínio, criatividade e autonomia pro aluno. Eles estão preocupados em melhorar as metodologias e tem investimento muito grande em pesquisa. A geografia está inserida em contextos interdisciplinares.”
O governo federal não determina quais são as matérias obrigatórias, cada estado tem seu próprio conjunto de matérias, o que faz da educação algo muito particular de cada estado. Além disso, cada estado tem liberdade para legislar diretrizes educacionais obrigatórias e optativas de acordo com seu contexto local e de determinar de que forma essas matérias são ensinadas em sua rede, e quais competências são atribuídas a quais disciplinas. Esse é um grande debate nos Estados Unidos, pois há o temor de que o ensino de geografia mundial esteja sumindo do cotidiano dos estudantes.
Participaram da checagem: Carlos Henrique Dias, Cecília do Lago, Daniel Reis, Giovanna Durães, Letícia Dauer, Lívia Martins, Lucas Ferraz e Mel Trench
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