Para incentivar leitura, pais dão ‘voucher’ para filhos comprarem obras na Feira do Livro em Ribeirão Preto, SP


Adultos afirmam que encontraram nos livros forma de equilibrar tempo de telas e incentivar a imaginação das crianças. Pais incentivam a leitura e dão ‘voucher’ para os filhos comprarem obras na Feira do Livro em Ribeirão Preto
Ana Beatriz Fogaça/1
Como forma de incentivar a leitura, pais tem apostado em ‘vouchers’ na 23ª edição da Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto (SP) (FIL) e deixam os filhos livres para escolherem obras que gostariam de comprar.
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Além de fortalecer o hábito da leitura, a iniciativa busca diminuir o acesso das crianças a telas, sejam elas em celulares, tablets ou televisões.
Segunda maior feira do livro do Brasil, a FIL é um universo repleto de opções para despertar o interesse dos mais jovens pelos livros.
A gestora de recursos humanos Aline Tercioti e o engenheiro agrônomo Daniel Pedroso são pais da Ana Julia, de 6 anos, e Guilherme, de 9, e frequentam a feira todo ano. O objetivo, segundo eles, é proporcionar o encontro das crianças com a literatura.
“A gente dá um voucher para cada um escolher um livro. Ele gosta de mangá e ela está entre diários e a literatura infantil. A gente vê a juventude pegando um livro, é emocionante porque hoje a tecnologia é um grande concorrente”.
Aline Tercioti e Daniel Pedroso incentivam o hábito da leitura na vida dos filhos Guilherme e Ana Julia
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A disputa entre livros e telas
O professor Adriano Egídio levou a filha Lara, de 12 anos, para mais uma edição da Feira do Livro em Ribeirão.
Ele conta que a menina ainda passa boa parte do tempo no celular, mas tem insistido para que ela leia mais e vem colhendo resultados.
“A maior parte dos presente de aniversário que ela pediu agora foram livros. Um mês atrás, ela leu uns três livros em um tapa só. Voltou no celular, mas estou trabalhando a mente para voltar a ler, a gente tem uma luta diária com o celular na sala de aula”.
Lara confessa que não tem se animado muito para ler, mas quer continuar o hábito e revelou que o mundo da leitura parece ‘muito divertido’.
O professor Adriano Egídio levou a filha de 12 anos, Lara Coutinho, na 23ª Feira Internacional do Livro em Ribeirão Preto, SP
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Hábito criado na infância
A assistente social Daniela Souza conta que a filha Valentina, de 10 anos, gosta de ler desde pequena. Mas diz que, conforme a filha cresce, as telas tem ganhado espaço.
“Ela sempre gostou, agora está mais velha e fica mais propensa pro celular, mas a gente está sempre insistindo, sempre pega um livro na biblioteca. Ela gosta de ler”.
A secretária Cláudia Albuquerque aproveitou que a filha Lorena, de 7 anos, se interessa por gibis e usa isso para diminuir o tempo no celular.
Segundo a mãe, como a bateria do aparelho da menina dura pouco, quando o aparelho desliga, ela deixa sem carregar e a filha passa até quatro dias mergulhada nas histórias em quadrinho.
Para a Rita de Fitas, professora aposentada e escritora independente de literatura infantil, a falta de contato com os livros limitam a mente das crianças e alerta que é preciso cuidado com informações rápidas e prontas, que chegam com a tecnologia.
“Por conta de ter tudo automaticamente pronto, eles não pensam e não entram mais nesse universo que tudo pode na imaginação, essa é uma preocupação que eu tenho. Eu vejo muitas escolas na feira do livro, muitos pais com filhos também, acho isso extramemente importante”.
Cláudia Albuquerque levou a filha Lorena, de 7 anos, para ouvir história da escritora Rita de Fitas em Ribeirão Preto, SP
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Exemplo dos pais
Rita diz que, apesar de os livros serem destinados às crianças, são os pais, como responsáveis pela leitura dessas obras, que precisam gostar e se interessar pelas histórias.
Contato físico com as páginas desde a infância e exemplo dentro de casa cumprem papel fundamental no desenvolvimento do hábito.
“Às vezes, os adultos se preocupam em levar um livro para criança muito pequena, de berço mesmo e ela fica manuseando, estraga, mas é importante que a criança toque no livro, porque isso vai fazer parte deste repertório na vida dela, vai criar afeto, vínculo. Adultos também são exemplos. Adulto lendo em casa, criança pega o livro e lê também”.
É esse amor pelos livros que Daniel Pedroso e Aline querem passar para os filhos. Para eles, a Feira do Livro é apenas um dos incentivos que Ana Júlia e Guilherme recebem.
“O incentivo à leitura é muito importante, nós somos criados com livros e a gente queria passar esse amor pelos livros pra eles. A ideia é todo ano estar aqui na feira e também levando em bibliotecas, livrarias, esse tipo de coisa”, diz o pai.
A Rosemeire Aparecida é avó da Manuela e da Sofia e compartilha a paixão pelos livros na Feira do Livro em Ribeirão Preto, SP
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Passar o amor pelos livros de geração em geração também faz parte da família de Rosemeire Aparecida, avó de Manuela e Sofia.
Ela lembra que, assim como ela, a filha sempre gostou de ler, e fazer com que as netas descubram o mundo da literatura é uma satisfação imensa.
Depois que virou mãe, a técnica de enfermagem Adriana Almeida compartilha a paixão pela leitura com os filhos e, desta vez, levou a mais nova, Ana Valentina, de 6 anos, para a feira.
“Ela gosta muito de contos de fada, está aprendendo a ler. Por isso, estou ajudando-a a escolher livros mais fáceis. Estou incentivando, porque ela conhece já as palavras e a alfabetização fica mais fácil lendo”.
A técnica de enfermagem Adriana Almeida escolhendo um livro com a filha Ana Valentina em Ribeirão Preto, SP
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*Sob a supervisão de Flávia Santucci.
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