Ucrânia avança na batalha em território russo, e Moscou ordena retirada de 11 mil moradores de região de fronteira


Esta é a 1ª vez, desde o início da guerra, que Ucrânia reconhece autoria de ataque em território russo. Na semana passada, soldados ucranianos invadiram uma região do sudoeste da Rússia, perto da fronteira, criando o 1º fronte de batalha fora da Ucrânia. Imagem aérea mostra, segundo Kremlin, tanque ucraniano disparando contra alvo russo na região de Kursk, na Rússia, em 11 de agosto de 2024.
Ministério da Defesa da Rússia via Reuters
A Rússia anunciou nesta segunda-feira (12) a ampliação da área de retirada de civis na região de Kursk, fronteiriça com a Ucrânia e cenário desde 6 de agosto de uma incursão ucraniana sem precedentes que já forçou a fuga de dezenas de milhares de pessoas.
“O centro de comando regional decidiu retirar os habitantes do distrito de Belovski”, afirmou no Telegram o governador regional interino Alexei Smirnov. Segundo dados oficiais, em 1º de janeiro de 2022, quase 15 mil pessoas moravam no distrito.
Zelensky admite invasão à Rússia
No domingo, (11), pela primeira vez desde o início da guerra, a Ucrânia reconheceu formalmente um ataque ao território russo. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que forças fizeram uma ofensiva surpresa na região russa de Kursk, perto da fronteira com a Ucrânia.
Na quarta-feira (7), o Kremlin disse que soldados ucranianos invadiram a fronteira e atacaram militares russos em Kursk. A ofensiva criou uma nova e inesperada frente de batalha entre os dois lados, a primeira fora da Ucrânia, fez o presidente russo, Vladimir Putin, adaptar planos e pode mudar os rumos da guerra.
O governo local de Kursk também acusou a Ucrânia do ataque e declarou estado de emergência na região.
Em um vídeo publicado em suas redes sociais, Zelesnky disse que havia discutido a operação de Kursk com o principal comandante ucraniano, Oleksandr Syrskyi.
“”Hoje, recebi vários relatórios do comandante Syrskyi sobre as linhas de frente e nossas ações para empurrar a guerra para o território do agressor”, disse Zelensky neste domingo. “A Ucrânia está provando que pode de fato restaurar a justiça e garantir a pressão necessária sobre o agressor.”
A declaração rompe com a estratégia que o governo ucraniano vinha adotando desde os primeiros relatos de contra-ataque à Rússia na guerra que já dura dois anos e meio. Kiev nunca se pronunciava sobre supostos ataques ucranianos contra alvos russos.
Helicóptero militar russo sobrevoa região russa de Kursk após invasão da Ucrânia ao local, em 10 de agosto de 2024.
Ministério da Defesa da Rússia via Reuters
Incursão surpresa
Ucrânia realiza incursão em território russo
Em um dos maiores ataques ucranianos contra a Rússia durante a guerra entre os dois países, cerca de 1.000 soldados ucranianos atravessaram a fronteira russa na madrugada de 6 de agosto. Com tanques e veículos blindados, cobertos no ar por drones e artilharia, atravessaram campos e florestas da fronteira em direção ao norte da cidade fronteiriça de Sudzha, o último ponto operacional do transbordo do gás natural russo para a Europa via Ucrânia.
Os soldados ucranianos invadiram a região de Kursk na quarta-feira. Eles conseguiram destruir diversos tanques russos e renderam dezenas de soldados de Moscou, de acordo com o governo local. No mesmo dia, a Rússia afirmou que conseguiu controlar a invsão, mas a batalha continuou.
Neste domingo, os militares dos dois lados entraram no sexto dia de enfrentamentos na região.
A incursão ucraniana, inesperada, fez com que Putin readaptasse planos de guerra de forma emergencial. Desde o início deste ano, a Rússia conseguiu romper com a paralisia que marcou a guerra da Ucrânia ao longo de 2023 e vinha avançado em alguns fronts de batalha na Ucrânia, aproveitando a demora da chegada de mais verbas e equipamentos de guerra do Ocidente para tropas ucranianas.
Nesta quinta-feira (8), Moscou declarou estado de emergência em Kursk, a região atacada, e convocou mais reservistas para a região de fronteira com a Ucrânia. O governo local também fez restrições no espaço aéreo.
O presidente russo, Vladimir Putin, fala por videoconferência com o governador da região de Kursk, atacada pela Ucrânia, Alexei Smirnov, em 8 de agosto de 2024.
Kremlin via Reuters
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