‘Amor, fica calma que é a polícia’, disse viúvo de mulher morta na Avenida Brasil por disparo de policial


Corpo da cozinheira Elaine Esteves Pereira é velado no Cemitério Parque da Paz, em São Gonçalo. Corpo da cozinheira Elaine Esteves Pereira, 39 anos, morta por um tiro da polícia na Av.Brasil é velado na manhã desta segunda-feira (12) no Cemitério Parque da Paz, em São Gonçalo,
Rafael Nascimento / g1
O corpo da cozinheira Elaine Esteves Pereira, 39 anos, morta por um policial civil após o carro que ela estava com o marido bater na traseira de uma viatura de Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) na Avenida Brasil, era velado, na manhã desta segunda-feira (12), no Cemitério Parque da Paz, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
Abalado, o viúvo Carlos André conta que o casal estava sendo perseguido por outro carro e lembra que chegou a ficar aliviado ao avistar o carro da polícia.
“Eu achei que quando chegou ali a gente estava a salvo desse veículo que estava colidindo com a gente. Falei: ‘Amor, fica calma que é a polícia’. Achei que a polícia era a nossa salvadora, mas o que aconteceu foi uma tragédia maior”, lamentou o viúvo, que lembrou que assim que os disparos pararam a esposa reclamou que estava passando mal.
Mulher é baleada após carro de casal bater em veículo da polícia
A mulher ainda conseguiu abrir a porta do carro, se soltar do cinto, mas, segundo o marido, começou a desfalecer no local.
“Ela conseguiu soltar o cinto, abrir a porta, e foi desfalecendo ali no canteiro, ali no barranco”, lembra o marido, que na hora achou que a mulher houvesse desmaiado.
Carlos André e a esposa Elaine Esteves Pereira, morta por um tiro de um policial civil na Avenida Brasil
Reprodução
Perseguição
A morte foi na altura de Barros Filho, na Zona Norte do Rio. Elaine e o marido haviam saído de uma festa. No caminho pela Estrada da Água Branca, um homem em outro carro parou ao lado e pediu que encostassem porque o casal teria batido no carro dele.
Carlos André afirma que nem ele nem a mulher perceberam o acidente e que ficaram com medo de parar, às 3h da manhã, e resolveram acelerar.
O outro carro foi atrás e, segundo Carlos André, chegou a bater na traseira deles de propósito. Ao tentar fugir, o marido de Elaine disse ter perdido o controle em uma curva ao chegar na Avenida Brasil, Foi quando bateu no comboio da DH.
Em nota, a Polícia Civil afirma que o carro estava “em fuga” e citou a proximidade com a comunidade de Parada de Lucas. Segundo a polícia, os tiros foram dados para “interromper a investida repentina e violenta” (veja a íntegra da nota no fim da reportagem).
Carro onde estava mulher que foi baleada na Avenida Brasil
Reprodução
O que diz a Polícia Civil
Caso é investigado pela Polícia Civil. Veja abaixo a nota:
“A Delegacia de Homicídios da Capital – DHC, informa que, durante os trabalhos ordinários realizados pelo Grupo Especial de Local de Crimes-GELC, nesta madrugada do dia 11/08/2024, por volta das 03h30min, a equipe de policiais foi surpreendida por uma colisão, na qual um veículo em fuga atingiu uma das viaturas do comboio policial, na Avenida Brasil, próximo ao Trevo das Margaridas, nesta cidade, ao lado de um dos acessos da comunidade de Parada de Lucas.
Os policiais efetuaram disparos de arma de fogo para interromper a investida repentina e violenta do veículo contra o comboio.
Após estabilização da situação, os agentes constataram que uma pessoa do sexo feminino teria sido alvejada. Imediatamente, acionaram o socorro médico, porém a mesma não resistiu aos ferimentos e veio a óbito ainda na localidade.
Apurou-se que o veículo que colidiu com a viatura da polícia estava em fuga, tendo em vista que se envolvera, momentos antes, numa outra colisão de trânsito.
Todos os envolvidos na ocorrência foram conduzidos para a Delegacia de Homicídios, e a CGPol, de imediato, acionada para conduzir as investigações.
A perícia de local foi realizada por uma equipe de peritos do ICCE/Sede.”
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