EUA não fizeram oferta de anistia para que Maduro deixe o poder na Venezuela, diz Departamento de Estado americano


Uma reportagem do “The Wall Street Journal” deste domingo (11) afirma que os EUA querem oferecer anistia e garantias de que não perseguirá Maduro caso ele aceite reconhecer a vitória que a oposição alega ter tido nas eleições venezuelanas. Imprensa americana afirma que governo dos EUA tenta negociar saída de Maduro do poder na Venezuela
Os Estados Unidos não fizeram uma oferta de anistia para que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, deixe o poder, disse o porta-voz Departamento de Estado americano, Vedant Patel, nesta segunda-feira (12).
“Não fizemos nenhuma oferta de anistia a Maduro nem a outros desde a eleição”, declarou Patel.
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A afirmação ocorre após o jornal americano “The Wall Street Journal” afirmar que os EUA estariam negociando anistia para que Maduro deixe a presidência venezuelana. Ainda segundo a reportagem, a oferta de anistia dos EUA incluiria garantias de que o país não perseguirá Maduro caso ele aceite reconhecer a vitória da oposição nas eleições venezuelanas de 28 de julho.
Há um impasse na Venezuela desde que o país foi às urnas. O resultado divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), alinhado a aliado de Maduro, é contestado pela oposição e pela comunidade internacional. Segundo o CNE, Maduro foi reeleito com 52% dos votos, mas as atas eleitorais –documentos que registram os votos e os resultados em cada local de votação do país e que comprovariam o resultado– não foram divulgadas. O órgão alega que o seu sistema foi hackeado.
A oposição e a comunidade internacional questionam os números divulgados pelo CNE. Segundo a oposição, o seu candidato, Edmundo González, venceu as eleições com 67% dos votos e apresenta como prova um site criado pelos próprios opositores com mais de 80% das atas digitalizadas, às quais o grupo teve acesso por meio de representantes que compareceram à grande maioria dos locais de votação.
Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro
REUTERS/Maxwell Briceno
Na semana passada, uma contagem independente das atas eleitorais feita pela agência de notícias Associated Press (AP) com base nessas atas indicou que o candidato oposicionista venceu o pleito, realizado na semana passada, com uma diferença de 500 mil votos.
Os Estados Unidos acusam Maduro de conspirar com aliados para levar cocaína aos EUA e, em 2020, ofereceram uma recompensa de US$ 15 milhões (cerca de R$ 82,5 milhões) por informações que facilitassem a prisão do presidente venezuelano. Caso a negociação para Maduro deixar o poder seja bem-sucedida, Washington cancelaria a recompensa, diz o “The Wall Street Journal”.
Na semana passada, a oposição venezuelana também se disse disposta a dar garantias de proteção ao presidente venezuelano caso ele aceite fazer uma transição gradual de poder.
Maduro descartou a possibilidade de negociação e pediu que a líder oposicionista María Corina Machado se entregasse à Justiça. A opositora está em um esconderijo em Caracas desde o fim do pleito.
Ainda de acordo com as fontes ouvidas pelo jornal norte-americano, os EUA já haviam feito uma oferta de anistia a Maduro em negociações secretas realizadas no ano passado em Doha, no Catar.
Duas semanas
As eleições da Venezuela completaram duas semanas neste domingo, e a Justiça eleitoral ainda não apresentou as atas de votação para justificar o resultado.
Diversos países, incluindo Brasil e Estados Unidos, vêm cobrando de Caracas a divulgação das atas. No sábado (10), a Suprema Corte da Venezuela iniciou uma auditoria das eleições e afirmou que o resultado será “inapelável”.
O Brasil, no entanto, já afirmou que não reconhecerá o resultado declarado pela Justiça venezuelana sem a divulgação das atas.
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