Biden e Netanyahu conversam por telefone, enquanto Israel promete retaliação ‘letal’ contra o Irã

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, conversaram por telefone nesta quarta-feira (9), em meio à escalada do conflito no Oriente Médio. Enquanto isso, a Defesa de Israel prometeu que um ataque contra o Irã “letal, preciso e surpreendente”.
A conversa de 30 minutos foi a primeira entre Biden e Netanyahu desde agosto. No radar estava a crise entre Israel e o Irã, além do conflito envolvendo o grupo extremista libanês Hezbollah. Por outro lado, os Estados Unidos ainda insistem em um cessar-fogo na Faixa de Gaza.
A ligação foi “direta e muito produtiva”, segundo a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre. Ela reconheceu que os dois líderes têm discordâncias, mas disse que ambos discutem as diferenças abertamente.
O Oriente Médio e a comunidade internacional aguardam com suspense a resposta de Israel ao ataque com mísseis iranianos da semana passada. A ação do Irã foi uma retaliação à escalada militar israelense no Líbano.
Após descrever o ataque de mísseis como um fracasso, Gallant disse em um vídeo divulgado por seu gabinete, após o término da ligação entre Biden e Netanyahu:
“Quem nos atacar será ferido e pagará um preço. Nosso ataque será letal, preciso e, acima de tudo, surpreendente. Eles não entenderão o que aconteceu e como aconteceu, mas verão os resultados”, afirmou.
Netanyahu prometeu que o inimigo de longa data, o Irã, pagará pelo ataque com mísseis, enquanto Teerã afirmou que qualquer retaliação será respondida com vasta destruição, alimentando temores de uma guerra mais ampla na região produtora de petróleo, que poderia envolver os Estados Unidos.
Os Estados Unidos declararam que apoiam Israel em suas ações contra alvos apoiados pelo Irã, como Hezbollah e Hamas, mas têm tentado, sem sucesso, conter o aumento do conflito, mediar um cessar-fogo em Gaza e persuadir Israel a reduzir os ataques com foguetes em áreas residenciais, que já mataram milhares de pessoas.
As relações entre Biden e Netanyahu têm sido tensas, especialmente devido à forma como o líder israelense tem lidado com a guerra em Gaza e o conflito com o Hezbollah. Israel declarou que continuará suas operações militares até que os israelenses estejam seguros.
No livro “War” (Guerra), que será lançado na próxima semana, o jornalista Bob Woodward relata que Biden acusava regularmente Netanyahu de não ter estratégia e gritou “Bibi, que p**** é essa?” em julho, após ataques israelenses próximos a Beirute e no Irã.
Ao ser questionado sobre o livro, um oficial dos EUA familiarizado com as interações passadas entre os dois líderes disse que Biden tem usado uma linguagem direta, sem filtros e por vezes colorida, tanto com Netanyahu quanto sobre ele, enquanto está no cargo.
A ligação de quarta-feira foi “positiva, e agradecemos o apoio dos EUA”, disse o embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, aos repórteres.
“E, como dissemos antes, Israel retaliará pelo ataque… Escolheremos os locais. Será doloroso para o regime iraniano”, disse Danon.
Gallant cancelou uma visita ao Pentágono na quarta-feira, informou o Departamento de Defesa dos EUA. Gallant afirmou em um comunicado que adiou a visita a pedido de Netanyahu, até que o primeiro-ministro conversasse com Biden.
As tensões aumentaram nas últimas semanas, com os oficiais dos EUA sendo repetidamente pegos de surpresa pelas ações de Israel, segundo uma fonte familiarizada com o assunto. Isso incluiu o assassinato do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, e a explosão de pagers e walkie-talkies usados por membros do Hezbollah no Líbano, algo que Israel nem confirmou nem negou.
Israel também tem sido lento em compartilhar detalhes de seus planos para retaliar o ataque com mísseis balísticos do Irã, segundo a mesma fonte.
Na última sexta-feira, Biden afirmou que pensaria em alternativas a atacar campos petrolíferos iranianos, caso estivesse no lugar de Israel, acrescentando que acreditava que Israel ainda não havia decidido como responder ao Irã. Na semana passada, ele também disse que não apoiaria Israel em um ataque aos sites nucleares iranianos.
Questão eleitoral
Biden tem sido alvo de duras críticas de parceiros internacionais, bem como de membros de seu próprio Partido Democrata, por sua incapacidade de usar sua influência, incluindo o papel dos EUA como principal fornecedor de armas de Israel, para conter os ataques de Netanyahu.
Por extensão, Kamala Harris, vice-presidente de Biden e candidata democrata à presidência nas eleições de 5 de novembro, tem sido desafiada a defender a política da administração durante a campanha. Harris participou da ligação com Biden e Netanyahu, segundo uma fonte familiarizada com o assunto.
Alguns eleitores árabe-americanos em Michigan estão apoiando a candidata independente Jill Stein, um movimento que pode custar a Harris o estado decisivo e talvez a Casa Branca em uma disputa com o ex-presidente republicano Donald Trump, que, segundo as pesquisas, está em empate técnico com Harris.
Harris está atrás de Trump em Michigan, com 47% dos eleitores contra 50% para o republicano, segundo uma pesquisa da Universidade de Quinnipiac divulgada na quarta-feira. Na pesquisa de 18 de setembro, Harris tinha 50% dos votos e Trump 45%.
Israel e, em particular, Netanyahu, têm enfrentado ampla condenação devido às quase 42 mil mortes de palestinos na guerra de Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde palestino, governado pelo Hamas em Gaza, e às mais de 2 mil mortes no Líbano.
Israel afirma que está se defendendo após militantes do Hamas atacarem o sul de Israel em 7 de outubro de 2023, matando 1.200 pessoas e sequestrando 250, segundo números israelenses, além de ataques de outros militantes, incluindo o Hezbollah, que apoiam o Hamas.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.