Família de brasileiros deixa ‘quase tudo para trás’ e encara 700 km de carro para fugir do furacão Milton


Sidnei Tomazelli e família moram em Tampa, na Flórida. Ele conta que a viagem levou cerca de 12 horas, quase o dobro do que era esperado, por causa do trânsito de pessoas evacuando. Família viajou 700 km para fugir de furacão Milton nos EUA
Arquivo pessoal
Uma família de brasileiros que mora em Tampa, na Flórida, decidiu deixar “quase tudo para trás” e viajou 700 km para fugir do furacão Milton. O fenômeno deve provocar uma enchente “mortal”, segundo a Agência Federal de Gestão de Emergências dos Estados Unidos, com ventos que passam de 200 km/h.
O empresário Sidnei Tomazelli, de Joinville, no Norte de Santa Catarina, saiu de casa na segunda-feira (7) com a esposa, o filho e o cachorro em direção a um hotel na Geórgia.
Por causa do trânsito de pessoas evacuando, a viagem que levaria cerca de seis horas e meia, segundo ele, durou 12 horas.
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Ele conta que a família está segura, nesta quarta-feira (9), mas apreensiva “com o que vai acontecer por lá”. O furacão deve tocar o solo na Flórida no fim desta noite ou na madrugada de quinta (10) pelo horário de Brasília.
“Deixamos van de trabalho, casa, roupas, quase tudo. Só trouxemos duas malas e itens pessoais”, conta.
As duas únicas malas foram enchidas às pressas quando os trabalhos já tinham sido cancelados (Sidnei tem uma empresa de instalação de pisos) e já faltavam água e produtos de higiene nos mercados, além de gasolina nos postos.
O trajeto até o hotel durou 12 horas, de acordo com o empresário.
“O governo liberou todos os pedágios das estradas pra que não houvesse cobrança. A [rodovia] 75 é uma estrada de três vias, mas eles acabaram liberando mais duas vias extras: os dois acostamentos, tanto do lado direito quanto do lado esquerdo”.
Ordens de evacuação
O Centro Nacional de Furacões (NHC, na sigla em inglês) enfatizou que não era certo onde exatamente o centro de Milton atingiria a terra na noite de quarta-feira, pois o trajeto do furacão poderia “oscilar”, mas toda a região de Tampa Bay e pontos ao sul enfrentam grande risco. Ventos de força tropical estavam logo ao largo da costa ao meio-dia, informou o NHC.
“É agora, pessoal. Aqueles que foram atingidos pelo Furacão Helene, isso vai ser um nocaute. Vocês precisam sair, e precisam sair agora”, disse Cathie Perkins, diretora de gerenciamento de emergências do condado de Pinellas, que fica na península que forma Tampa Bay.
As autoridades emitiram ordens de evacuação obrigatória em 11 condados da Flórida, com uma população de cerca de 5,9 milhões de pessoas. As autoridades alertaram que quem ficar para trás terá que se virar sozinho, já que não se espera que os primeiros socorristas arrisquem suas vidas tentando resgates no auge da tempestade. (Leia mais sobre o que se sabe do furacão Milton abaixo).
Para o empresário de Santa Catarina, o sentimento é de impotência.
“Você não tem o que fazer. Você acaba se acostumando com isso porque todos os anos tem, não foi a primeira vez que decidimos sair. Então, você acaba sabendo que é o melhor a se fazer”, afirma Sidnei.
Família de SC deixou a Flórida de carro na segunda-feira (7)
Arquivo pessoal
Veja um resumo do que se sabe:
O furacão Milton se intensificou e voltou à categoria 5 na terça-feira (8), pouco tempo depois de perder força.
Atualmente, a costa oeste da Flórida está em fase de recuperação por causa da passagem do furacão Helene, no fim de setembro. A tempestade provocou dezenas de mortes e deixou estragos.
Por causa das ordens de retirada, congestionamentos foram registrados na região de Tampa. Além disso, quatro em cada 10 postos da região estão sem combustíveis.
O furacão deve chegar à costa central do Golfo da Flórida com ventos de até 270 km/h. O governador Ron DeSantis pediu à população que se prepare para um impacto significativo.
O presidente Joe Biden adiou uma viagem internacional para acompanhar a passagem do furacão.
A prefeita de Tampa, Jane Castor, alertou para risco de morte devido à passagem do fenômeno, principalmente em áreas mais vulneráveis.
Aeroportos em Tampa e Orlando interromperam voos. Grandes parques temáticos fecharam, como os da Disney e da Universal.
Cientistas estão surpresos com a temporada de furacões no Atlântico e a classificaram como “a mais estranha” já vista. Cinco fenômenos do tipo se formaram entre setembro e outubro.
No caso de “Milton”, o fenômeno passou de tempestade tropical a um furacão de categoria 5 em apenas 46 horas. O aumento na intensidade é um dos mais rápidos já registrados.
No México, o furacão provocou estragos pequenos. Não há mortos ou feridos.
Furacão Milton nos EUA
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