Aumento da idade para se aposentar acende discussão na China


Nas redes sociais do país, os mais jovens reclamam que estão sendo prejudicados. Depois de décadas da política do filho único, a China se encontra numa encruzilhada: em 2024 deixou de ser o país mais populoso do mundo, perdendo o posto para a Índia, o que vai provocar uma diminuição da oferta de mão de obra. Paralelamente, o perfil demográfico mudou muito: a taxa de pessoas acima dos 65 anos passou de 7%, em 1971, para 28% em 2019. Mesmo para um regime ditatorial que não tolera manifestações, uma discussão vem ganhando força no Weibo, a rede social chinesa equivalente ao X: o aumento da idade mínima para a aposentadoria, como mostrou reportagem do jornal americano “Financial Times”.
Atualmente os chineses se aposentam cedo: as trabalhadoras braçais, aos 50 anos; mulheres em cargos administrativos, aos 55; e os homens, aos 60
Alice Cheung para Pixabay
Hoje em dia, os chineses se aposentam relativamente cedo: as trabalhadoras braçais, aos 50 anos; mulheres em cargos administrativos, aos 55; e os homens, aos 60. Esses patamares foram criados quando a expectativa de vida era bem menor – atualmente está em torno de 80 anos.
De acordo com o Center for Strategic and International Studies, um think-tank norte-americano afiliado à Universidade de Georgetown, a proporção de pessoas acima dos 65 anos em comparação com aquelas na faixa entre 15 e 64 anos é de 21% e chegará a 52% em 2050. Alterar a idade da aposentadoria poderá deter o encolhimento do número de trabalhadores e a pressão sobre o sistema de pensões. Há ainda o fator da desigualdade: servidores públicos e os que são empregados nas áreas urbanas têm pensões bem superiores às de imigrantes que vão para a cidade ou moradores do campo.
O governo chinês promete lidar com o assunto de forma flexível, criando um aumento gradual da idade para a aposentadoria e permitindo que a adesão seja voluntária. Trata-se de um golpe para os mais jovens, que se deparam com a perspectiva de uma trajetória profissional estendida numa economia que luta para se recuperar da crise imobiliária que começou em 2022. A gritaria foi geral depois de rumores de que os nascidos após 1990 só poderiam se aposentar com 65 anos.
Quem tem menos de 30 reclama que, quando nasceu, o partido comunista dizia que havia gente demais no país; cresceu ouvindo que havia poucos velhos; e agora é avisado que é novo demais para se aposentar. Até o grupo que está na meia-idade se ressente com os benefícios colhidos pelas gerações anteriores e que não serão tão generosos na sua hora de sair de cena.
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