Fumaça de queimadas persiste pelo 4º dia consecutivo em Manaus: ‘situação tende a se agravar’, alerta especialista


Desde o sábado, Manaus tem sofrido com a forte “neblina”, alcançando níveis de poluição do ar considerada “muito ruim” em algumas zonas da capital. Manaus entra em estado de mobilização após fumaça encobrir céu pelo 3º dia consecutivo
Após Manaus registrar dias seguidos com o céu encoberto por fumaça, o ambientalista Erivaldo Cavalcanti alertou ao g1 que a “situação tende a se agravar” nos próximos dias devido ações da natureza e também por queimadas causadas pelos homens. A capital do Amazonas amanheceu pela quarta vez seguida com uma densa camada de fumaça encobrindo o céu, nesta terça-feira (13).
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Desde o sábado (10), Manaus tem sofrido com a forte “neblina”, alcançando níveis de poluição do ar considerada “muito ruim” em algumas zonas da capital. Ao g1, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) informou que o fenômeno tem sido causado pelas queimadas registradas no sul do Amazonas.
Em entrevista, o ambientalista explicou que o período de seca que se inicia, influencia no grande número de focos de incêndio na região. Com isso, a cidade acaba sendo tomada pela fumaça por dias seguidos.
“É mais um ano que se repete essa situação de a gente ter essa toxicidade das fumaças tanto na área urbana ,como rural ,nessa época do ano. Eu penso que a situação tende a se agravar. Se a gente hoje for nos aplicativos que respondem essa questão relacionada à qualidade do ar, de ontem para hoje já se agravou e o motivo de ter começado mais cedo tem a ver também com a questão da seca. Os indicadores nos levam a entender que nós vamos ter uma seca mais grave e, por consequente, também vamos ter focos de incêndio múltiplos”, afirmou Cavalcanti.
Além do período de seca, Cavalcanti apontou também outro fator que influencia no alto número de focos de calor que influenciam na fumaça que pode ser vista e sentida em Manaus. A ação humana no desmatamento e queimadas na região.
“A questão é humana também. De um lado se faz incêndio para se avançar sobre a floresta. Do outro lado, nós temos também esses incêndios que são gerados por conta das mudanças climáticas que já estamos, naquilo que se chama o ponto sem retorno. Hoje a gente não tem mais como criar ações para que a gente tenha um clima como nós tínhamos em décadas passadas”, explicou.
Imagem de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram parte do Amazonas encoberto por fumaça nesta segunda-feira (12).
Reprodução/Inpe
Para o especialista, é necessário que haja uma fiscalização e maior atuação possível por parte dos órgãos de fiscalização para diminuir o número de queimadas e, consequentemente, amenizar os impactos causados à população.
“A maneira que tem de se controlar isso é com uma fiscalização efetiva. É verdade que a questão climática nesse período do ano. Ela também ajuda a nós termos focos de incêndios naturais, mas historicamente se vê que a maioria desses focos, eles são provocados, são ações humanas, é isso que a gente tem visto”, disse.
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Riscos à saúde
De acordo com a pneumologista e broncoscopista, Bianca Fidelix, a exposição à fumaça das queimadas pode ter graves efeitos sobre a saúde, especialmente em populações vulneráveis, como crianças, idosos, gestantes e pessoas com condições respiratórias pré-existentes, como asma, bronquite crônica e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).
“Para proteger a saúde, é essencial adotar medidas preventivas. Primeiramente, evitar ao máximo sair de casa, especialmente nos dias em que a qualidade do ar estiver visivelmente comprometida, com forte odor de fumaça ou baixa visibilidade. Dentro de casa, manter portas e janelas fechadas e, se necessário, usar panos úmidos nos batentes das portas e janelas para ajudar a selar o ambiente contra a entrada de fumaça”, explicou.
Segundo Fidelix, os poluentes causados pelas queimadas são conhecidos por causar uma série de problemas de saúde, desde irritações respiratórias até complicações mais graves, como doenças cardiovasculares e respiratórias crônicas.
No entanto, sintomas como falta de ar, chiado no peito, sensação de aperto ou dor no peito podem ser sinais de que a fumaça está afetando os pulmões. Irritações persistentes nos olhos, nariz e garganta, que não melhoram mesmo em ambientes fechados, também são um sinal de alerta.
“Os sintomas que indicam a necessidade de procurar um especialista variam, mas todos merecem atenção. Se houver o agravamento de condições respiratórias já existentes, como crises mais frequentes de asma, aumento da tosse ou uma piora na capacidade de respirar normalmente, é importante procurar atendimento médico”, alertou a especialista.
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Manaus entra em estado de mobilização
Manaus entrou em estado de mobilização após a densa camada de fumaça encobrir o céu da capital pelo terceiro dia consecutivo, na terça-feira (12). A mudança de “status” permite fazer alterações na estrutura de atenção interna da prefeitura, como a criação de um Comitê de Combate às queimadas, conforme explicou David Almeida, em entrevista.
Para atender o estado de mobilização, o prefeito de Manaus informou que, além da criação de um Comitê de Combate às queimadas, também serão feitas publicações diárias de boletins informativos, campanhas de conscientização em locais públicos e fiscalização da Guarda Municipal Ambiental.
Também foram anunciadas medidas de enfrentamento, como a orientação de não utilização de fogo no preparo do solo, evitar a queima dos excessos de produção e indicar meios alternativos no preparo da produção rural.
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