O primeiro bloco do debate da TV Bandeirantes para a Prefeitura de São Paulo entre Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) foi marcado por
O encontro nesta segunda-feira (14) foi o primeiro do segundo turno em que os dois candidatos estiveram presentes.
De acordo com as regras assinadas por representantes dos partidos, inicialmente, os candidatos tiveram dois minutos para responder a uma mesma questão feita pela produção do debate.
Posteriormente, Nunes e Boulos se enfrentaram diretamente. Eles tiveram 12 minutos para conduzir o tempo da maneira que acharem melhor.
Veja como foi o primeiro bloco do debate:
Concessão energética
O primeiro questionamento do debate foi sobre a questão energética, que deixou uma grande parte da população sem abastecimento após um forte temporal na sexta-feira (11). Os candidatos deveriam falar sobre sua proposta para o tema.
Boulos foi o primeiro a responder. E afirmou que haviam dois grandes culpados pelo problema: a Enel, responsável pela concessão do sistema elétrico na cidade, e Ricardo Nunes.
“Esse apagão tem dois grandes responsáveis: a Enel, que é uma empresa que presta um serviço horroroso, e que eu como prefeito de São Paulo a partir de 1º de janeiro vou trabalhar pra tirar ela daqui. E o Ricardo Nunes. Porque não fez o básico, o elementar, a lição de casa. Poda de árvore na cidade de São Paulo, manejo arbóreo, e olha que a gente teve um apagão há menos de um ano”, disse Boulos.
“Tava ali, tava avisado, e nada foi feito de lá pra cá. Na verdade, a cidade hoje tá refém dessas duas incompetências: da Enel e do prefeito”, prosseguiu.
Segundo o candidato do PSOL, ele trabalhará com as tecnologias disponíveis para melhorar o setor e os serviços em que a prefeitura é responsável como a poda de árvores.
“O que eu vou fazer como prefeito de São Paulo vai ser, antes de tudo, não trabalhar apenas na véspera de eleição, que é um problema que a gente tá tendo com Ricardo Nunes. Ficou três anos sem trabalhar, não tem planejamento, as coisas ficam acumuladas, quando vem um temporal, e um temporal que durou menos de uma hora gente, imagine se tivesse durado mais”, disse Boulos.
Nunes
Em sua vez, Nunes disse que as mudanças climáticas estão impactando o mundo e que sua gestão tem uma secretaria específica para tratar a questão.
Segundo o prefeito, a culpa pelos transtornos causados é da Enel e que o governo federal, responsável pela fiscalização e a concessão, “não fez nada”.
“É inaceitável o que essa empresa Enel tem feito com a cidade de São Paulo. É inaceitável que o governo federal, que é que detém a concessão, regulação e fiscalização não tenha feito nada, e isso desde novembro do ano passado”, declarou Nunes.
Ainda de acordo com o mandatário, ele entrou com três ações judiciais contra a Enel.
“Fui até Brasília, ao ministro de Minas e Energia [Alexandre Silveira] pedir a rescisão do contrato. Fui até o Tribunal de Contas da União, com o presidente do Tribunal, ministro Bruno, pedindo a rescisão do contrato. Tive várias reuniões com o presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica, o Sandoval. Infelizmente não houve nenhuma ação, e a Enel continua aqui atrapalhando a nossa cidade. Nós não podemos permitir a Enel mais em São Paulo”, finalizou Nunes.
Confronto direto
No confronto direto, a Enel voltou a ser alvo. Abrindo os questionamentos, Nunes questionou Boulos porque ele não fez nada para mudar a lei, que é de responsabilidade do governo federal.
Em sua resposta, Boulos disse a fiscalização Enel é de responsabilidade da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), e que o presidente da organização foi feita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), aliado de Nunes. Posteriormente, Boulos questionou o prefeito de quem é a responsabilidade pela poda e manejo de árvore.
Nunes começou a ler o contrato da Enel e disse que o presidente da República é responsável por intervir na concessão da empresa.
Boulos disse que Nunes fugiu da pergunta e que está falando com as pessoas que perderam tudo em casa como se ele não fosse responsável pela prefeitura.
E voltou a questionar Nunes: de quem é a responsabilidade do manejo e poda de árvores?
O prefeito disse que responsabilidade é da prefeitura e que o número de agentes foi dobrado desde a administração de Fernando Haddad (PT).
E que as árvores que estão próximas de fios elétricos é da própria Enel e afirmou que Boulos “se quer sabe das responsabilidades” e que ele não será prefeito.
Semáforos
O candidato do PSOL disse que o prefeito não para de mentir e questionou a população.
E voltou a questionar Nunes, perguntando de quem é responsabilidade dos semáforos.
Nunes disse que são 6 mil podas esperando pelo serviço da Enel. E que 109 árvores estão caídas porque a empresa não fez o desligamento da energia.
Ainda de acordo com o prefeito, todos os semáforos que estão sem funcionamento, que são 57, é por culpa da Enel, pela falta de energia para ligá-los.
Rompimento com a Enel
Em sua volta a fala, Boulos disse que irá tirar a Enel da cidade e disse que é necessário ter um prefeito que “compra a briga por você”, para romper com a empresa.
E fez uma nova pergunta para o atual mandatário da cidade: “O que você fez de lá para cá para que a cidade pudesse estar melhor preparada?”, em referência ao apagão do fim do ano passado.
Por sua vez, Nunes disse que foi até o Tribunal de Contas da União (TCU) pedir a retirada da Enel da cidade, em Brasília, e que fez um apelo ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), para pautar um projeto que permite os municípios a fiscalizarem as concessionárias.
Como deputado federal, Boulos disse que fez mais que Nunes como prefeito, que teria a caneta da cidade. De acordo com o parlamentar, ele pediu uma CPI para fiscalizar a Enel e que o MDB — partido de Nunes — não apoio a questão.
“Quando acabou o apagão no fim do ano passado, em novembro, você não conseguiu em 11 meses botar uma licitação para mudança da poda, não conseguiu fazer isso”, disse Boulos.
E disse que em São Paulo mais pessoas ficaram sem energia do que na Flórida, nos Estados Unidos, com o furacão Milton na última semana.
O prefeito disse que dobraram o número de equipes de poda e varrição na cidade. E voltou a questionar porque o ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, disse na sexta-feira (11) que iria renovar o contrato da Enel.
Boulos trouxe números da cidade: os agentes da CET são 1.380 e com Bruno Covas, até 2021, eram 1.560. E que são 7.600 pedidos para poda abertos. E que o orçamento para o setor era de 0.27% do orçamento, mesmo depois do apagão de 2023.
Creches
Em um novo questionamento, Boulos disse que rachadinha era crime, independente de quem fizesse. E disse que Nunes fez a “rachadinha das creches” e que a Polícia Federal o acusa de receber um cheque em suas contas.
Segundo Nunes, Boulos “está com dor de cotovelo” porque não há mais fila para vagas de creche na cidade. E sobre acusação, isso se fala a tanto tempo e que o Ministério Público concluiu que “não existe nada de errado da minha parte”. “Não existe uma denúncia contra mim”, prosseguiu o prefeito.
“Não sabe o que é trabalhar”
O prefeito disse que o candidato do PSOL “não sabe o que é trabalhar”.
Boulos afirmou que Nunes não pode falar de trabalho devido ao que aconteceu na cidade nos últimos dias e afirmou que tem orgulho em ser professor e que os seus salários são honrosos.
Ainda desafiou o prefeito a abrir o sigilo bancário para a população paulistana “saber se ele é limpo”.
Nunes disse que é ridículo e que o candidato do PSOL tem alta rejeição e “não vai ganhar nada”.
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Este conteúdo foi originalmente publicado em Primeiro bloco de debate entre Nunes e Boulos é marcado por discussões sobre a falta de energia em SP no site CNN Brasil.