Pai fala sobre última conversa com filho que morreu em queda de avião em Vinhedo: ‘Ele disse que me amava’


Miguel Antônio Rodrigues Júnior tinha 29 anos e ia para África, onde trabalhava em um parque de animais. Acidente aéreo deixou 62 mortos. Miguel Rodrigues Júnior pelos amigos: ‘Era humilde, alegre e gostava de pescar’
Reprodução/Arquivo pessoal
O paranaense Miguel Rodrigues Júnior, de 29 anos, uma das 62 vítimas do avião da Voepass que caiu em Vinhedo, em São Paulo, conversou com o pai pela última vez na quinta-feira (8), dia anterior ao acidente. Durante o convite para comer uma pizza, que não foi possível, se despediu da forma que sempre fazia.
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“Ele me disse: ‘Eu te amo, pai. Não se esqueça disso. Eu te amo, pai’. Foram as últimas palavras. Ele tinha me chamado para comer uma pizza, mas eu tinha chegado do serviço e perguntei se haveria problemas em não ir. Ele disse que não, e avisou que voltaria para casa no dia seguinte de avião. Foi a nossa última conversa”, falou o pai, Miguel Rodrigues, ao g1.
Caçula da família, Miguel nasceu em Realeza, no oeste do Paraná, mas mudou cedo com os pais e duas irmãs para Cascavel. Estava casado há 8 anos e morava em Moçambique na África, onde trabalhava em um parque cuidando de animais.
“Era um excelente funcionário. Todo mundo gostava dele. Assim que soube do acidente, a direção do parque fez uma homenagem pra ele. Na sexta-feira, quando o avião caiu, eu estava no trabalho e um amigo perguntou se eu sabia o que tinha acontecido. Na hora foi aquele choque normal pela dimensão da tragédia, e aí fui encaixando as coisas, que o avião tinha saído de Cascavel e iria para São Paulo. E era o avião que meu filho estava”, afirmou Miguel Rodrigues.
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Amigos de farda
Miguel esteve no Exército por sete anos em Cascavel (PR)
Reprodução/Leandro Marcelewicz
Antes de morar na África, Miguel ficou por sete anos no Exército, de onde saiu como cabo. Na 15ª Brigada de Infantaria Mecanizada, em Cascavel, fez vários amigos e era conhecido por ser alegre.
“Ele era uma pessoa humilde, cheio de brincadeiras, sempre pensava em como fazer pro pessoal dar risadas. Gostava de pescar, acampar, sabia cozinhar. Também era um grande atleta. Foi um dos melhores nas modalidades de arremesso de peso e dardo nas competições. Era um cara cheio de alegre e estava sempre sorrindo”, contou Leandro Marcelewicz, que trabalhou com Miguel no Exército.
A família do paranaense ainda aguarda pela liberação do corpo pelo Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo para marcar o velório e sepultamento.
Investigação
Estavam a bordo 58 passageiros e 4 tripulantes, segundo a Voepass Linhas Aéreas, antiga Passaredo, companhia aérea dona da aeronave. Ninguém sobreviveu.
A Aeronáutica apura as causas da queda da aeronave. A Polícia Federal e a Polícia Civil também investigam separadamente as causas e responsabilidades pelo acidente.
A companhia aérea afirmou, em nota, que o avião que caiu estava apto a voar e sem restrições.
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