O que é o ‘sextortion’, crime de extorsão com uso de conteúdo íntimo da vítima


Delegado da PF aponta sinais de alerta e medidas de segurança. Em Americana (SP), polícia deteve suspeito de ameaçar divulgar nudes de vítimas e exigir automutilação delas.
Entenda o que é o “sextortion”, crime que envolve extorsão com uso de conteúdo sexual
O crime de “sextortion” tem sido mais recorrente e se atentar a sinais de alerta e adotar medidas de segurança são ações que podem ser adotadas contra essa prática. As informações são do delegado da Polícia Federal (PF) de Piracicaba, Rodrigo Perin.
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Nesta terça-feira (13), a PF deteve em Americana (SP) um suspeito de exigir que adolescentes se mutilassem para não divulgar fotos íntimas delas. Segundo os investigadores, ele também foi flagrado armazenando arquivos contendo material de abuso sexual infantil, mas foi liberado pela Justiça após o Ministério Público Federal solicitar tratamento psiquiátrico para ele.
A seguir, a partir de informações do delegado Rodrigo Perin, entenda o que é o “sextortion”, quais são os sinais de alerta para auxiliar a vítima e quais medidas de segurança podem ser adotadas para evitar essa prática:
Materiais apreendidos durante a ação da PF em Americana
Wesley Almeida
g1: O que é o “sextortion”?
Rodrigo Perin: Esse delito passou a ter uma incidência maior, a gente começou a ver nos últimos tempos. De uma forma simples, podemos falar que esse crime de sextortion é o seguinte: seria a utilização de informações, fotos, vídeos de teor sexual para constranger a vítima a fazer algo mediante ameaça de divulgação desse conteúdo.
Então, a pessoa tem uma foto, liga para a vítima e fala: “olha, eu tenho uma foto sua, se você não fizer isso, se você não fizer aquilo, eu vou publicar essa tua foto aqui”. Então, é uma forma de constranger a pessoa a fazer aquilo que o chantageador está pedindo.
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g1: Geralmente, o criminoso exige dinheiro?
Rodrigo Perin: Eu não tenho como te afirmar que normalmente é questão financeira. Pode ser financeira, pode não ser financeira.
Nesse caso que foi constatado hoje, pelo menos até agora, não tem informações até o presente momento se pediu ou não dinheiro, ou se foi somente para satisfazer o desejo do suposto autor do delito.
HDs e celular apreendidos pela PF em suposto caso de “sextortion”
Wesley Almeida
g1: A família deve se atentar a quais sinais de alerta da vítima?
Principalmente, mudança comportamental. Então, nesse caso aqui, foi constatado que a menina se automutilava. Ela chegava, inclusive, a escrever o nickname do suposto autor [do crime].
Então, o pai ou a mãe, na hora que está juntamente com a adolescente, criança, pode verificar, falando: “escuta aqui, o que é essa lesão aqui? O que você fez esse machucado? O que são esses cortes?”. Então o pai tem que ficar atento a isso. E a mudança de comportamento ajuda.
E monitorar constantemente as redes sociais dos filhos. “Ah, meu filho tem direito à liberdade dele, tem direito à privacidade dele”. Tudo bem, mas a gente precisa ficar atento, porque se a gente começar a querer preservar sempre a privacidade da criança ou do adolescente, a gente pode estar facilitando que essa criança ou adolescente seja vítima de um delito.
E esses delitos a gente sabe que, muitas vezes, acabam abalando o próprio psicológico da criança e traumatizando pelo resto da vida.
Viatura da PF chega na delegacia em Piracicaba após ação em suposto caso de “sextortion”
TV Metropolitana
g1: A polícia garante o sigilo da vítima que denunciar esse tipo de crime?
Rodrigo Perin: Aqui na Polícia Federal, por exemplo, a gente tem diversos canais. O canal que é mais utilizado aqui para comunicação de delito e é mantido o sigilo, porque a pessoa não precisa identificar mesmo, é o Comunica PF.
Então, se ela jogar ali na internet Comunica PF, ela consegue registrar a ocorrência de algum crime e sempre mantendo o sigilo, mantendo o anonimato. Se a pessoa veio pedir socorro, a gente precisa ir atrás. E, principalmente, nesses crimes sexuais, que a gente sabe que tem o maior receio, porque, muitas vezes, a vítima não é ouvida com o cuidado necessário e ela acaba tendo vergonha daquela situação que ela acabou passando.
Esses crimes a gente tem que tomar mais cuidado mesmo. E, lógico, os crimes sexuais, via de regra, são apurados pela Polícia Civil, mas quando envolve rede mundial de computadores e tem internacionalidade, acaba vindo para a Polícia Federal. Então, a gente precisa resguardar que os denunciantes tenham o sigilo adequado.
Mas, também, se a pessoa quiser se identificar, não tem problema algum.
Delegacia da Polícia Federal em Piracicaba (SP)
Jorge Talmon/EPTV
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