
A dois meses do fim do mandato, a vereadora Maria Letícia (PV) recuperou as prerrogativas parlamentares. A suspensão de seis meses, estabelecida como punição pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, terminou nesta segunda-feira (28). Depois de ser denunciada por se envolver em um acidente de trânsito supostamente embriagada, a vereadora perdeu o direito ao uso da palavra durante a sessão plenária e perdeu também as funções administrativas na Comissão Executiva da Câmara Municipal.
Em 26 de novembro de 2023, depois de sair de um show na Pedreira Paulo Leminski, Maria Letícia bateu o carro que dirigia em um veículo estacionado na Alameda Augusto Stellfeld, no Centro de Curitiba. Ninguém ficou ferido. Quando a vereadora recuperou os sentidos, os agentes da Setran estavam no local. Segundo a Polícia Militar, ela apresentava sinais de embriaguez, hostilizou os policiais e, como forma de intimidação, teria ameaçado ligar para o secretário de Segurança Pública.
Ela foi levada à Delegacia de Delitos de Trânsito e ficou detida por menos de 24 horas, até ser liberada por uma decisão judicial. Segundo a vereadora, o exame do bafômetro não foi oferecido e ela se recusou a fazer o exame de sangue por usar medicamentos à base de canabidiol. Na época, ele fez um vídeo em que afirmou sofrer de neuromielite óptica, uma doença autoimune, com remédios que têm efeitos similares ao da embriaguez. Já durante o depoimento no Conselho de Ética, a vereadora afirmou que nunca foi informada sobre os riscos dos medicamentos com THC e direção.
Quem assinou o laudo da vereadora foi a médica Susiane do Rocio Brichta, amiga pessoal da vereadora e uma das testemunhas nas oitivas. As duas foram sócias em duas empresas, entre os anos de 2015 e 2019. Além disso, Susiane fez campanha para a amiga durante as eleições municipais de 2016 e doações em dinheiro para a campanha.
Na Justiça, o processo que apurava o caso foi suspenso por dois anos após uma decisão da Vara de Delitos de Trânsito de Curitiba. A medida exigiu que a parlamentar cumprisse uma série de condições impostas pelo Ministério Público, como prestar informações a cada trinta dias e não frequentar estabelecimentos de shows e bares após as nove horas da noite. Depois do prazo, o processo poderá ser extinto.
Já no Legislativo, por 6 a 3 votos, o colegiado julgou que Maria Leticia tentou usar do cargo para obter favorecimento. Apesar disso, o Conselho de Ética entendeu que alguns fatores diminuíram a culpa dela. Assim, ao invés de perder o mandato, ela perdeu todas as prerrogativas regimentais durante seis meses.
Informação: Larissa Biscaia