De romaria e prece, paz nos desaventos: conheça as histórias de quem faz a peregrinação de agradecimento à Nossa Senhora da Abadia


Celebrada pelos católicos no dia 15 de agosto, Nossa Senhora de Abadia mobiliza devotos anualmente no Triângulo Mineiro. Romeiros peregrinos Romaria Nossa Senhora da Abadia BR-365
Reprodução/TV Integração
A celebração de Nossa Senhora da Abadia surgiu há quase mil anos, pela Igreja Católica em Portugal. A imagem de Maria como a “Mãe Abadia”, contudo, encontrou um grande número de devotos no Triângulo Mineiro e atrai multidões de fiéis todos os anos para a basílica em Romaria.
O g1 conversou com alguns destes devotos para entender as motivações para realizar a peregrinação todos anos.
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Para uma amiga
Me disseram, porém, que viesse aqui, para pedir de romaria e prece paz nos desaventos, cantaram Renato Teixeira e Elis Regina, nos anos 80. Apesar de mais de quarenta anos do lançamento da canção, as palavras ainda são contemporâneas para quem sai de Uberlândia caminhando os quase 90 km até Romaria.
É o caso de Edvaldo Alves Vitor, de 51 anos, morador do Bairro Planalto. Ele contou que começou a fazer a caminhada da fé para acompanhar um amigo, cuja ex-esposa teve uma sepse generalizada e perdeu as mãos. O marido prometeu que, se ela melhorasse, faria a peregrinação, mas não conseguiu.
“Eu fui com ele, só que quando chegou em Santa Fé, ele desistiu. Como eu estava só acompanhando ele, resolvi voltar com ele. Quando chegamos na casa da mulher dele, ex-mulher agora, eu senti que ela ficou muito triste por ele não ter chegado, então prometi que no próximo ano pagaria essa promessa para ela”, disse.
Segundo Edivaldo, a amiga melhorou e, hoje, a amizade se tornou mais forte.
“Quando disse que iria, ela arregalou os olhos e perguntou se eu faria a caminhada mesmo, e eu disse que sim, que quando eu chegasse nos pés da Nossa Abadia, tiraria foto e mandaria para ela.”
Ele realizou a promessa em 2016 e, desde então, faz a romaria todos os anos. Ele contou que, a cada ano, vai com um novo propósito.
Além de peregrinação a pé, Edvaldo também já fez algumas de bicicleta.
Acervo pessoal/Reprodução
“Em 2018, fiz uma promessa e sai lá do meu comércio. Em 2019, fui de novo. Aí, quando foi 2020 e veio a pandemia, eu fiz outra promessa de que se saíssemos ilesos, sem preocupação e sem sequela nenhuma, iria de novo. Graças a Nossa Senhora de Abadia, nenhum de nós pegou”.
Por isso, Edvaldo fez o caminho novamente em 2022, quando os romeiros puderam voltar após a crise sanitária da Covid-19. E desta vez carregando uma cruz.
Edvaldo Alves Vitor quando fez a peregrinação carregando uma cruz.
Arquivo pessoal
Edivaldo estará novamente na Basílica, em Romaria, nesta quinta-feira (15).
“Todos os pedidos que eu fiz para Abadia, eu tenho alcançado. Então eu tenho muito respeito. Estarei sentado lá de frente ao altar dela desde às 3 da manhã porque é muito gratificante vê-la.”
Para o pai
Para Luiz Ricardo Martins, de 58 anos, e residente do Morada da Colina a ida por três vezes para Romaria foi motivada por uma graça alcançada. O pai do construtor sofreu um infarto e, para que ele se recuperasse, Luiz Ricardo prometeu fazer a caminhada da fé.
“Meu pai tinha problemas de coração e fiz a promessa para que reestabelecesse a saúde. Nesses três anos que fui, ele teve uma recuperação muito boa”, afirmou ele.
Romeiros peregrinos Romaria Nossa Senhora da Abadia BR-365
Reprodução/TV Integração
Luiz Ricardo relatou que fazer a peregrinação, por si só, já é uma graça recebida.
“No caminho eu me conheci e conheci minha fé. Você vê pessoas em situações muito mais difíceis que a sua, tem toda essa fé e caminha buscando ela.”
Para autoconhecimento
Bia Faria, de 31 anos, também de Uberlândia, contou que fez a caminhada da fé pela primeira vez por curiosidade, também acompanhada de uma amiga. Ela é romeira desde 2018 e, hoje, também tem por motivação pelas graças recebidas.
“A primeira vez que fui para Romaria foi a partir de um convite de uma amiga próxima, mas naquele momento fui mais pela companhia e curiosidade do caminho. Queria ver se eu conseguia completar um percurso de 90 km mesmo sem fazer atividade física”.
Bia durante a romaria, na BR-365
Acervo pessoal/Reprodução
Ela se surpreendeu com o que vivenciou no processo. Ela explicou que, no caminho, renova a própria fé.
“Sinto o amor e caridade vivos nas pessoas, agradeço por coisas inimagináveis, preencho vazios e reconheço falhas, e mais do que nunca entendo que a oração tem muito poder e alimenta minha esperança por dias e situações melhores.”
Bia disse, ainda, que a dor física não chega perto da gratidão que carrega pelas graças recebidas e aprendizados. Algumas experiências, contudo, a marcaram mais que outras.
“Em 2019, um cachorro me acompanhou durante toda a madrugada na romaria, me marcou muito porque ele apareceu ‘do nada’ e senti como uma proteção para a noite, ele andava na minha frente como se estivesse abrindo caminho”.
Bia com o cachorro em 2019 durante a romaria
Acervo pessoal/Reprodução
“Acho que a maioria das pessoas não compreendem experiências como essa, por as vezes não fazer sentido mesmo. Respeito e rezo para que, de alguma outra forma, as pessoas encontrem a plenitude que eu encontro nessa caminhada.
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