Voo-2283: FAB assegura que dados da caixa-preta não foram divulgados

Voo-2283: FAB assegura que dados da caixa-preta não foram divulgados

A Força Aérea Brasileira (FAB) disse que nenhum veículo de imprensa teve acesso aos dados da caixa-preta do voo 2283 da Voepass que caiu em Vinhedo (SP), na última sexta-feira (9). A aeronave levava 62 pessoas, entre elas quatro tripulantes. Ninguém sobreviveu. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) disse que áudios, transcrições ou dados dos gravadores de voo seguem preservados e não serão divulgados nesse momento. Em nota, o órgão disse ainda seguir estritamente os protocolos estabelecidos pela legislação e que reiterou o compromisso com a transparência e a seriedade na condução das investigações bem como, pelo respeito à dor dos familiares das vítimas envolvidas no acidente.

Na quarta-feira (14) a TV Globo informou que a caixa-preta do avião da Voepass indicava que a queda do ATR-72 foi repentina. A transcrição, no entanto, não permitiu identificar – até o momento – as causas da tragédia. Na cabine do avião, o copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva teria perguntado ao piloto Danilo Santos Romano o que estava acontecendo. E falou que era preciso “dar potência” para estabilizar a aeronave e impedir a queda – o que não foi possível. Um minuto depois, veio o choque com o solo. Antes, o áudio registra que a tripulação tentou reagir e a gravação é finalizada com gritos. E um estrondo do choque da aeronave com o chão.

Com o aumento das denúncias de irregularidades em aviões da Voepass, a companhia aérea tem registrado muitos cancelamentos de passagens e já suspendeu algumas rotas no país. Imagens de um ATR – diferente do que caiu em Vinhedo – mostram danos em um pneu e na parte externa. Os problemas ocorreram no dia 8 de julho em um avião que saiu de Rio Verde, no interior de Goiás, e pousou em Guarulhos. Ele ficou algumas horas em manutenção e voltou a operar no mesmo dia. Fontes da companhia aérea afirmam que o avião continua voando até hoje sem carenagem no trem de pouso. Um ex-comissário da Voepass relata que esse tipo de problema era comum.

O laboratório da Universidade Federal de Alagoas, que analisa imagens de satélite, identificou que o ATR que caiu em Vinhedo enfrentou forte turbulência. E ficou cerca de oito minutos em uma área de formação de gelo, com temperaturas de quase 40 graus negativos e ventos de até 70 quilômetros por hora. A análise foi feita pelo pesquisador Humberto Barbosa.

Logo após a tragédia, a Anac decretou sigilo em uma auditoria sobre a Voepass iniciada em 2021. O presidente do Sindicato Nacional dos Aeroportuários, Marcelo Tavares, critica a decisão.

O relatório preliminar sobre as causas do acidente aéreo deve ser divulgado em até 30 dias.

Reportagem: Leonardo Gomes

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