Teresina 172 anos: revitalizar o Centro é fundamental para preservar a história da capital e garantir o futuro da região


Para o aniversário da capital, o g1 conversou com o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Piauí (CAU/PI) e representantes de coletivos culturais que apontam soluções para os problemas do Centro da cidade. Teresina 172 anos: revitalizar o Centro é fundamental para preservar a história da capital e garantir o futuro da região
Pedro Lima/g1 Piauí
Teresina completa 172 anos nesta sexta-feira (15) e, neste ano, o tema da reportagem especial de aniversário do g1 para a capital é a revitalização do Centro da capital, local que abriga o Marco Zero e as primeiras construções da primeira cidade planejada do Brasil.
Hoje, a história de Teresina e o futuro do Centro estão ameaçados devido à desocupação e ao abandono de imóveis, muitas vezes entregues à degradação e ao vandalismo, além da diminuição da circulação de pessoas, provocada pela saída de moradores, crise no transporte público e enfraquecimento do comercio e serviços na região.
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Teresina 172 anos: revitalizar o Centro é fundamental para preservar a história da capital e garantir o futuro da região
Pedro Lima/g1 Piauí
“São várias questões que aconteceram. O próprio plano diretor de um tempo pra cá impediu que se fizesse residências no Centro. Só com uma ação como essa você acaba esvaziando o movimento de pessoas e isso gera também como consequência a insegurança, porque à noite ele se esvazia”, explicou o conselheiro Paulo Eleutério, do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Piauí (CAU/PI).
Para o arquiteto e urbanista, a falta de uma população residencial na região é um dos principais motivos que prejudicam as atividades econômicas. Além do desenvolvimento do comércio e de serviços em outras regiões, possibilitando à população que não precise se deslocar para o Centro.
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Isso, somado às questões da diminuição da oferta de transporte público para a região, que contribui ainda mais para o esvaziamento, e a sensação de insegurança devido às ruas vazias, sem muitas pessoas circulando, com a presença, muitas vezes, apenas de pessoas em situação de rua e usuários de drogas.
Paulo Eleutério afirma que para resolver a situação é necessário que a região tenha mais moradia. “A moradia em si vai pedir novos supermercados, por exemplo, porque as pessoas vão à noite depois da chegada do trabalho; vai pedir novas escolas também, tanto públicas como privadas”, explicou.
Cine Rex foi tombado em 1995 como patrimônio histórico e paisagístico em Teresina.
Pedro Lima/g1 Piauí
O conselheiro defende também a revitalização dos prédios públicos, de patrimônio histórico. “Isso dá uma nova vida ao local e um empoderamento, vamos dizer assim, das pessoas que possam viver na região”, disse.
“E isso não deve ser só pontual. Quando você revitaliza tem que pensar em todos os agentes envolvidos e em uma cadeia econômica que possa vir a sustentar essa revitalização. Acho que a gente pode voltar a ter um centro revitalizado e funcionando de manhã, de tarde e de noite”, completou.
Coletivos culturais lutam para revitalização
Centro Cultural do Centro (CCC), em Teresina
Arquivo pessoal/Sérgio Matos
Os coletivos culturais tomaram as primeiras iniciativas para que a população volte a circular pelo Centro, principalmente no horário da noite. O coletivo Salve Rainha, por exemplo, foi um dos primeiros a ocupar locais públicos para realização de eventos multiculturais.
O surgimento de bares que realizam eventos culturais, nas Ruas Lisandro Nogueira e 24 de Janeiro, também contribuem para a circulação de pessoas na região. Mais recentemente, coletivos como o Cultura na Faixa e o Centro Cultural do Centro (CCC) também têm lutado pela revitalização.
O produtor cultural Herbert Corujão produz, atualmente, o “Reggaezindowntown”, que ocorre todas as sextas-feiras no Cultura Na Faixa. “É um projeto de música que busca a revitalização do Centro através da cultura do reggae, além de interlocuções com outros temas sócio-políticos”, explicou.
“Estamos dando a nossa contribuição, que é levar as pessoas. Oferecemos a segurança do estabelecimento, mas temos lutado para sensibilizar as autoridades para a questão da segurança no Centro e não apenas isso, de iluminação também, dos prédios abandonados”, completou.
Cultura e história
Funcionando em um casarão centenário que estava em situação de abandono até julho de 2022, o Centro Cultural do Centro (CCC) luta, desde janeiro de 2023, quando realizou o primeiro evento, contra o estigma de desocupação e insegurança da região.
Idealizador do centro, o músico violinista Sérgio Matos contou que, aos poucos, projetos como o Coletivo Instrumental CCC, a Quinta Reggae e o Baile Black têm conquistado público. “Mas já entendemos que será um processo lento e difícil, que precisa ser realizado coletivamente”, disse.
Para ele, a falta da sensação de segurança é uma questão fundamental que impede o publico de chegar até a região. “O principal fator que vai transformar o centro é a oferta de transporte urbano noturno”, afirmou.
Sérgio afirmou que também é necessária assistência social para os dependentes químicos e profissionais do sexo, além de estímulo a moradia, crédito facilitado para empreendimentos culturais e para reforma dos imóveis.
“São ações que dependem do poder público, por mais que a iniciativa privada faça sua parte. Não podemos desistir do centro, não é descartável, é a memória da cidade que está em jogo”, declarou.
Teresina 172 anos: revitalizar o Centro é fundamental para preservar a história da capital e garantir o futuro da região
Pedro Lima/g1 Piauí
Teresina 172 anos: revitalizar o Centro é fundamental para preservar a história da capital e garantir o futuro da região
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