Em discurso de abertura, presidente da COP29 diz que ‘mundo está a caminho da ruína’


Conferência do clima da Organização das Nações Unidas (ONU) começou nesta segunda-feira (11). Um letreiro da 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, tendo ao fundo a paisagem urbana de Baku, capital do Azerbaijão, em 31 de outubro de 2024.
REUTERS/Aziz Karimov
A 29ª conferência do clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP29, começou nesta segunda-feira (11) em Baku, no Azerbaijão. Em seu discurso de abertura, o presidente da COP e ministro da Ecologia do Azerbaijão, Mukhtar Babaiev, pediu mais comprometimento dos países.
“Estamos a caminho da ruína. E não se trata de problemas futuros. A mudança climática já está aqui. Precisamos muito mais de todos vocês. A COP29 é um momento da verdade para o Acordo de Paris”, disse Babaiev.
📍O Acordo de Paris foi assinado em 2015, durante a COP21. Seu principal objetivo é manter o aquecimento global do planeta bem abaixo de 2°C até o final do século e buscar esforços para limitar esse aumento até 1.5°C.
A grande discussão neste ano é quem vai financiar o combate e a adaptação à crise climática. Em 2009, na COP15 de Copenhague, um acordo estabeleceu que os países industrializados concederiam 100 bilhões de dólares por ano, em ajuda direta ou empréstimos multilaterais.
No entanto, o fundo não está funcionando e cientistas dizem que esses bilhões prometidos não são mais suficientes. Especialistas afiram que é necessária uma quantia pelo menos 10 vezes superior.
O secretário executivo da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas, Simon Stiell, lembrou que o financiamento da luta climática não é “caridade, e sim do interesse de todos, incluindo as nações mais ricas e maiores”.
Stiell defendeu uma reforma no sistema financeiro global e a transformação da cadeia produtiva com investimento na energia verde.
Havia uma expectativa de que os Estados Unidos pudessem encabeçar esse movimento. Mas agora, com a eleição de Donald Trump, o cenário não é muito animador. O republicano já deixou claro que a agenda climática não é prioridade na gestão dele e que vai investir pesado no petróleo. No mandato anterior, ele tirou o país do Acordo de Paris e prometeu o mesmo movimento na nova gestão.
O que esperar da COP29
Mukhtar Babayev discursa na abertura da COP29
Maxim Shemetov/Reuters
O que é a COP?
A COP é a conferência do clima da ONU, um evento que reúne governos do mundo inteiro, diplomatas, cientistas, membros da sociedade civil e diversas entidades privadas com o objetivo de debater e buscar soluções para a crise climática causada pelo homem.
A conferência vem sendo realizada anualmente desde 1995 (exceto em 2020, por causa da pandemia) e o termo COP é uma sigla em inglês que quer dizer “Conferência das Partes”, uma referência às 197 nações que concordaram com um pacto ambiental da ONU no início da década de 1990.
O evento reúne todos os anos os líderes mundiais por dois dias, mas a COP29 não contará com as presenças de diversas autoridades, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente e a vice dos EUA, Joe Biden e Kamala Harris, o presidente Xi Jinping, da China, o primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz e o presidente francês Emmanuel Macron. Um dos poucos que marcam presença é o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer.
O Brasil será representado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, e pela ministra do Meio Ambiente Marina Silva.
“É preocupante que os principais líderes do mundo, como presidentes e primeiros-ministros dos países mais relevantes — China, Estados Unidos, Rússia, Brasil, Alemanha, França, entre outros — não estarão presentes. Esses países, responsáveis por grandes emissões de gases de efeito estufa, precisam participar das discussões sobre financiamento para combater a emergência climática”, ressaltou Carlos Nobre, climatologista e um dos principais especialistas em mudanças climáticas do mundo.
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